Ide e Pregai

O Documentário é um resumo da história das Assembléias de Deus no Brasil a começar pela chegada dos missionários e pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren, em Belém do Pará.

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O Espelho dos Mártires

O Documentário relata em detalhe o modo de vida e as persiguições que sofreram os cristão primitivos e como foram martirizados os Apóstolos de Cristo.

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Filme ´180`: 33 minutos que mudarão sua opinião sobre o aborto

O Ministério Living Waters, dos Estados Unidos, produziu recentemente um documentário impactante e fantástico sobre o aborto. O filme traz como título ‘180’ e instiga as pessoas a mudarem de opinião sobre o aborto e outras questões bíblicas.

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E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

>> quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


Foto: João Cruzué
João 8:32

João Cruzué

O diálogo de Jesus com alguns fariseus no templo de Jerusalém, no capítulo 8 de São João, é muito muito esclarecedor. É possível perceber ali que o Espírito que havia em Jesus não comungava com o espírito dos fariseus, pois aquele diálogo foi muito difícil. Durante a conversa, alguns deles creram, mas Jesus olhou para os outros e disse: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Jesus não estava falando com publicanos, nem com samaritanos, nem a gregos. Ele proferira essa palavra para, nada mais nada menos, a elite politico-religiosa de Israel. Foram palavras duras, brandidas contra três pontos: pecado, escravidão e cegueira espiritual.

Fariseus eram homens doutos, nascidos em berço religioso. Ouviam a palavra de Deus desde bebezinhos e a maioria deles tivera grandes rabinos como mestres. E mesmo assim, há um diagnóstico estarrecedor, pois  Jesus de vez em quando chamava alguns deles de filhos do diabo. E era assim, porque tinham um desejo homicida em seus corações.

Quão distanciados de Deus estavam aqueles fariseus. Jesus falou sem reservas que eles eram escravos do pecado, mentirosos, filhos do diabo. Infere-se também no diálogo ríspido que aqueles fariseus eram o grupo que mais resistência oferecia ao ministério do Cristo, e por isso, naturalmente, o diagnóstico estava certo: Se eles faziam oposição cerrada, somente o diabo poderia estar por detrás disso.

A maior prova  aconteceu mais tarde, quando um jovem fariseu chamado Saulo de Tarso fazia ferrenha perseguição aos cristãos para matá-los. Saulo pensava que agradava a Deus, porém, desgraçadamente, não via que seu coração estava sendo manipulado pelo diabo. No encontro que teve com a presença misericordiosa de Deus, literalmente caiu do cavalo, assim como caem os endemoniados.

Os fariseus eram religiosos que pertenciam também a um partido político. No tempo de Jesus eram minoria em um Sinédrio governado por um outro grupo religioso - os saduceus.

Fico imaginando a partir de que momento aqueles fariseus, entendidos em teologia, se tornaram filhos do diabo. Onde foi que erraram e se desviaram? Resposta: Não foi da noite para o dia.

Envolvidos em conchavos e acordos políticos foram descendo de degrau em degrau, de mentira em mentira, de prevaricação em prevaricação, até perderem a presença de Deus. Eles se tornaram assim instrumentos à disposição do diabo. Eram exatamente eles, as pessoas que o diabo manipulava para tentar, ofender com palavras duras: endemoniado e bastardo. E não apenas isso, como também para matá-lo. É só ler o capítulo 08 de João para perceber isto.

Religiosos que deixaram a dedicação ao Ministério (contra a vontade de Deus) para se imiscuirem em outras atividades, políticas por exemplo.  Puseram os interesses pessoais adiante de Deus e enganavam-se a si mesmos na vã suposição de estavam servindo a Deus. Estavam servindo ao diabo e não se apercebiam disso. Cegos.

Não é muito diferente de líderes religiosos de nossa época. Quando os vejo andando com tanta desenvoltura nos meios políticos, sendo bajulados aqui e ali,  eu me pergunto: estarão andando sob a vontade de quem?  Fico assombrado com a quantidade de pastores que estão deixando a frente do curral das ovelhas em busca de emoções menos nobres, seguindo o interesse político de de seus chefes. 

O projeto de  evangelismo da Igreja, não vai bem. Não tenho visto entusiasmo. A vontade do Espírito Santo ainda não mudou. Jesus disse no mesmo capítulo, v. 47, uma receita infalível: Quem é de Deus ouve as palavras de Deus. E os que lhe não lhe dão ouvidos só podem ser:  homens desviados.

Dependendo do momento, é quase imperceptível notar a diferença entre a vontade de Deus, a nossa vontade e a vontade do diabo. Não há como descobrir no "cara ou coroa". Não está escrito na testa, mas no caráter. Algumas coisas dão para perceber: A liderança que estiver sempre na contramão da palavra de Deus. Isto  é um mau sinal.

A Igreja Evangélica de nossos  dias está muito interessada em fazer política secular. Costurando muitos acordos. Fazendo muitos planos. Procurando os pastores mais populares para cooptá-los a ser candidatos a uma vaga promissora, mas  em uma função menor, de um reino corrupto bem menor ainda.

Era dessa mesma forma, que agiam os fariseus e saduceus do início da era cristã. Eles navegam com os pés em dois barcos. Na Igreja e no mundo. E foi assim que eles trocaram a vontade de Deus por interesses pessoais. E com o tempo, passaram a servir o maligno. Foram bem menos resistentes que Jesus diante das insinuantes propostas do diabo na tentação no deserto.

Líderes religiosos escravizados. O pecado trouxe os grilhões de uma corrente cuja ponta estava nas mãos do diabo. Pensavam que poderiam servir a dois senhores ao mesmo tempo, mas tendo  perdido a consciência pura também perderam a visão. Achavam-se livres, mas eram cativos. Caíram quando procuravam estabelecer uma terceira via. Um caminho: nem muito estreito e nem muito largo. Racionalizaram o santo com o profano e "inventaram" a Igreja com um tempero mundano. Que Deus nos guarde.

Foi diante deste contexto que Jesus profetizou em João 8; 32: E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."

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Reflexões sobre profecias humanas

Por Isaltino Gomes Coelho Filho

Em um dos meus pastorados, assumi pregar uma série de sermões sobre Cristo no Apocalipse. Não analisaria o livro, mas veria os retratos de Cristo. Dispondo de cerca de 30 comentários sobre o Apocalipse e algumas versões bíblicas, julguei ter material suficiente. E tinha. O bastante para me confundir e me deixar perplexo com a facilidade com que as pessoas fazem “profecias”.

Preparei a primeira mensagem, “O cartão de visitas do Cristo glorificado” (1.4-6), e fui para a mensagem no texto de 1.7. O tema seria “Ele vem!”. Um dos livros que usei, embora superficialmente, foi o comentário de Champlin sobre o Novo Testamento. O comentarista remete os leitores a um artigo no volume 1 (o comentário do Apocalipse está no 6): “A tradição profética e a nossa era”. E afirma sobre o artigo: “Que a história julgue a veracidade do que é dito aqui. Que o leitor consulte, mas não condene antes do tempo!” (p. 374). Meu exemplar da obra de Champlin está datado de 4.2.1980. Passados 32 anos, a história julgou seu artigo. Pinço trechos de sua obra, sem os comentar. Como ele pediu, que o leitor julgue. Nada tenho contra o autor, mas é para vermos o risco de declarações humanas feitas como se fossem oráculos do Senhor. As citações são do artigo “A tradição profética e a nossa era”, às páginas 180-184 do volume 1 de O Novo Testamento interpretado versículo por versículo.

(1) “Nossos filhos, se não nós, veremos Israel nacionalmente convertido a Cristo. Dentro dos próximos 35 anos Israel tornar-se-á a poderosa nação cristã ‘missionária’, a mais fanática de todas, substituindo certas nações que agora arcam com a responsabilidade missionária”.

(2) “Ezequiel 38 e 39 descrevem a posição da Rússia nos últimos dias (...). Tudo começará com a invasão russa nas terras dos combatentes árabes e judeus (pois esse conflito prosseguirá interminavelmente) e isso provocará o início da Terceira Guerra Mundial (...). Isso terá lugar em algum ponto perto do fim do século XX”.

(3) Sobre o anticristo: “Cremos que esse homem já vive, a confiar nas declarações de certos místicos contemporâneos, que se sabe possuírem poderes preditivos (...). É perfeitamente possível, conforme já foi predito por alguns deles, que o anticristo tenha nascido a 5 de fevereiro de 1962. Notemos que esse ‘ano’ é igual a 666 numericamente considerado, pois se adicionarmos 1+9+6+2 = 18, ou seja, três vezes seis (...). No começo da década de 1990 esperamos vê-lo”.

(4) Sobre a Terceira Guerra Mundial: “Grande terremoto atingirá Israel dando a seus inimigos árabes uma vantagem momentânea do que resultará a invasão das terras de Israel. Perdas imensas terão lugar, em ambos os lados, e isso continuará até cerca de 1988 (...). Por volta do ano 2000, as forças comunistas terão sido isoladas no Oriente Médio”.

(5) “Em meio a esse pior de todos os holocaustos, subitamente se tornará visível no firmamento o sinal do Filho do homem, uma grande cruz luminosa. Jesus será visto corporalmente entre os soldados israelenses, que estarão lutando pela sobrevivência da própria nação, quando estiverem quase perdendo a esperança de que isso será possível. As notícias de que Jesus está conosco se propagarão como um incêndio por todo o Israel. Os homens serão convocados para a vitória. Israel proclamar-se-á uma nação cristã; e tendo sobrevivido tornar-se-á a mais poderosa nação cristã da época”.

(6) Sobre cataclismos: “A geologia revela-nos que por muitas vezes, na história do globo terrestre, seus pólos magnéticos subitamente mudaram de posição, provocando imensos dilúvios destruidores (...). Alguns cientistas predizem que isto pode estar próximo. Isso pode ter algo a ver com a derrubada do anticristo e pode estar associado ao segundo advento de Cristo” (o itálico é meu).

No volume 2, no comentário sobre Lucas 21.9 (p. 202): “A Terceira e a Quarta Guerras Mundiais, que esperamos para antes de 2025 – a terceira virá antes do fim do nosso século XX – serão guerras atômicas”.

Champlin não está só. Muitos devem se lembrar das precipitações sobre o alinhamento dos planetas, em 1982. Lawrence Olson lançou um livro intitulado O alinhamento dos planetas. Meu exemplar é da quinta edição, mas outras foram tiradas. Quanto argumento vazio, mal alinhavado, sem sentido algum! Tudo para provar que Jesus poderia voltar em 1982! E o que dizer de A agonia do grande planeta Terra, de Lindsey, que vendeu uma edição em três meses! Quanta impropriedade, quanta exegese a fórceps, com passagens sacadas do contexto, e fatos históricos mal interpretados! O Mercado Comum Europeu era dado como o Império Romano Redivivo assim que chegasse a dez nações, cumprindo profecias de Daniel e Apocalipse (p. 88). Já são 25 nações. Jean- Jacques Servan Schreiber é insinuado como o “fuehrer do futuro”. Na obra Evangélicos em crise, Paulo Romeiro transcreve pregação de Valnice Coelho marcando a volta de Cristo para 2007 (p. 182). Passaram-se cinco anos, Cristo não voltou e ela, convenientemente, se calou. Impressiona a empáfia com que pregadores fazem afirmações deste tipo. Errando, não se desculpam! E ainda são levados a sério!

Não quero ridicularizar Champlin, Olson, Lindsey e Valnice. Seus adeptos farão vistas grossas a seus erros e me criticarão por “tocar nos ungidos do Senhor”. Cegueira mental e espiritual é terrível! Mas o leitor que tem bom senso pode avaliar seus escritos. Não desprezo tais pregadores. Mantenho comigo a obra de Champlin, consulto-a em alguns textos e ele me elucida porque nem só de equívocos vive uma pessoa. Mas não me calo com a falta de seriedade no que se chama de “profecia” e na pompa egomaníaca com que seus autores as proferem. É incrível: há quem os justifique! Talvez por causa de uma citação de Demóstenes, registrada no livro de Lindsey: “Cremos em qualquer coisa que quisermos”. Deve ter sido por isto que ele escreveu A agonia...

O Antigo Testamento nos dá o fio de prumo para analisarmos os chamados “profetas” de hoje. Diz Deuteronômio 18.21-22: “E, se disseres no teu coração: Como conheceremos qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás”. Se não se cumprir, a profecia não é de Deus. Simples, não é? Mas não é tudo. Se o profeta falar, o que ele disser se cumprir e ele se valer disto para desviar o povo da Palavra, deve ser rejeitado. Diz Deuteronômio 13.1-5: “Se levantar no meio de vós profeta, ou sonhador de sonhos, e vos anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o sinal ou prodígio de que vos houver falado, e ele disser: Vamos após outros deuses que nunca conhecestes, e sirvamo-los, não ouvireis as palavras daquele profeta, ou daquele sonhador; porquanto o Senhor vosso Deus vos está provando, para saber se amais o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Após o Senhor vosso Deus andareis, e a ele temereis; os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis; a ele servireis, e a ele vos apegareis. E aquele profeta, ou aquele sonhador, morrerá, pois falou rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito e vos resgatou da casa da servidão, para vos desviar do caminho em que o Senhor vosso Deus vos ordenou que andásseis; assim exterminareis o mal do meio vós”. Não quero o apedrejamento desses profetas. Só mostro que em vez de ouvi- -los devemos rejeitá-los. O padrão é a Palavra de Deus. Se a temos como autoritativa e revelação completa, fiquemos com ela. Ela basta.

Passou da hora de dar um basta em revelações, profecias, visões, sonhos e interpretações particulares que avultam em nosso meio. Rejeitemos a megalomania de pregadores que se dizem “canal especial de Deus para esta geração”. Diz Jeremias 23.28: “O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor”. Por fim, guardemos Isaías 8.20: “A Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva”. Firmemo-nos na suficiência das Escrituras e afirmemos um princípio hermenêutico: quando a Bíblia é explícita, somos explícitos e falamos. Quando ela se cala, nós não inventamos e nos calamos. Que cessem as comichões nos ouvidos e voltemos ao apego às Escrituras. Elas são a verdade. Sobriedade no ensino bíblico nunca fez mal a alguém.

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Revisitando Eclesiastes - capítulo 3

Leitura anterior: Revisitando Eclesiastes - capítulo 2

O capítulo 3 de Eclesiastes começa com os "tempos" de Salomão, "tudo tem o seu tempo determinado" (v. 1), numa sucessão de estações, fases, épocas e situações cotidianas, corriqueiras e comuns a todos os seres humanos, que ocorrem a todos, sejam elas negativas ou positivas, como o "tempo de chorar e tempo de rir" (v. 4), que são episódios efêmeros, ou seja, que apesar de afetarem a todos indistintamente, eles passam, o que Salomão aproveita para contrastar com a "eternidade no coração do homem" do v. 11 (no estudo do capítulo 2, já adiantamos um pouco da análise de Eclesiastes 3:11).


Entendemos que essa relação de "tempo para tudo" dos vv. 1-8 se relaciona, necessariamente, com (mais uma vez) a questão do trabalho dos vv. 9-10. 
De novo, o Pregador pergunta: "Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?" (v. 9, repetindo 1:3 e 2:24). 
O trabalho é visto como algo que Deus impôs aos homens (v. 10), para que se cansassem e se preocupassem, como conseqüência da queda de Adão. Talvez, se não houvesse o pecado original, estaríamos todos ainda nos deliciando com o dolce far niente do Éden. 
Viveríamos apenas para a adorar a Deus e desfrutar da Sua Presença. E é nesse contexto que me parece que podemos ler a "eternidade no coração do homem", "do princípio até ao fim" (v. 11) como um lembrete de que ainda existe uma conexão entre a dureza da vida que levamos "debaixo do sol" (v. 16) e a eternidade
Esta conexão é, de novo, a providência divina, que permite ao "homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho" (v. 13). A vida, o trabalho, sem Deus, é um mero "tanto faz". 
Para quem crê em Deus há sempre a esperança de que esta monotonia seja invadida pelo Seu renovo a cada manhã (Lamentações 3:22-23). 
Aqui eu ouso interpretar o v. 15 desta maneira, como algo que Deus busca no passado não para condenar o homem, mas para ajudá-lo, libertá-lo, e aliviar as dores do seu presente com a promessa de um futuro. 
O v. 15 é fruto de várias controvérsias quanto à melhor tradução de sua parte final, a de que "Deus fará renovar-se o que se passou" (Almeida Revista e Atualizada). 
Na Bíblia Anotada por Charles C. Ryrie (da Mundo Cristão), que adota esta versão, ele comenta que "o sentido deste versículo é este: Deus ordenou o ciclo contínuo de acontecimentos da vida; o mesmo pensamento encontra-se no versículo 1". 
Outras versões portuguesas assim a traduzem (com as respectivas explicações, quando houver):
- "Deus pede conta do que passou" (Almeida Revista e Corrigida)
- "Deus procura o que desapareceu" (Bíblia de Jerusalém, que explica: "lit.: "o que é caçado, o que fugiu", isto é, o passado)
- "Deus vai no encalço daquilo que foge" (Bíblia do Peregrino, que explica: "A visão cíclica parece responder a essa objeção: como o sol, o vento e a água têm seus ciclos (1,3-6), assim os acontecimentos retornam perpetuamente. Isso parece difícil ao homem, mas Deus "vai no encalço daquilo que foge" para fazê-lo voltar)
- "Deus investigará o passado" (NVI)
- "Deus vai em busca do que passou" (Tradução Ecumênica)
A razão para esta multiplicidade de traduções é que as duas palavras hebraicas (בּקשׁ - bâqash – e רדף - râdaph) permitem essas diferentes interpretações. 
Por bâqash, originalmente, se entende um processo de busca interior mediante oração e adoração, e por râdaph se pode entender "perseguir algo ou alguém" ou "fazer fugir". 
Há outras variantes que também podem ser aplicadas nessa tradução. Para mim, a versão Almeida Revista e Atualizada é a que melhor explica o contexto todo, de um permanente e alternado ciclo renovador das situações da vida. 
Nós vemos apenas uma ínfima parte, enquanto Deus vê o todo. "Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido" (1 Coríntios 13:12). 
Assim, os tempos humanos são uma pálida perturbação da eternidade. 
Nem tudo é dor, há também alívio e alegria; nem tudo é morte, há também vida, e Deus está no comando de tudo isso. 
Há tempo, inclusive, para a investigação e o julgamento dos pecados do homem, e aqui o Pregador começa a compará-lo com os animais (vv. 18-21). 

Comentando Eclesiastes 3:9-15, Martinho Lutero faz uma interessante correlação com a oração do Pai-Nosso:
Tudo está exclusivamente nas mãos de Deus, o qual não quer que nós, no que tange ao futuro, tenhamos um mínimo de poder ou direito, nem tenhamos por um momento sequer certeza e segurança a esse respeito.
Deus condenou o atrevimento em relação ao futuro e o desprezo por ele em diversas ocasiões, como em Pv 27.1: "Não te glories do dia de amanhã, porque não sabemos o que pode acontecer ainda hoje".
Por isso também não nos mandou pedir mais no Pai-Nosso do que nos seja dado o pão de cada dia hoje. Isso para que vivamos e ajamos com temor e saibamos que, em momento algum, podemos estar seguros quer da vida, quer de nossos bens, mas esperemos e tomemos tudo de suas mãos, como procede uma fé genuína.
Salomão dedicou quase todo o seu livro de Eclesiastes a tal ensinamento. Mostra o quanto é vão todo o intento e a audácia das pessoas, e que não é nada mais do que fadiga e infelicidade, quando Deus não é incluído, para que o temamos e nos demos por satisfeitos com o presente e nele nos alegremos. Pois Deus é inimigo do atrevimento seguro de si e incrédulo, que dele se esquece.
(Bíblia Sagrada com Reflexões de Lutero, pág. 622)

Por fim, neste trecho há também uma grande controvérsia entre aqueles que defendem a imortalidade da alma do crente e do ímpio (a imensa maioria das correntes teológicas), e os que defendem a aniquilação das almas dos ímpios e o sono da alma do crente enquanto aguarda o juízo final (como defendem os adventistas). 
O problema é a palavra hebraica רוּח (rûach), que pode ser traduzida por fôlego e também por alma ou espírito. Para quem quiser se aprofundar no tema, eu recomendo uma análise bastante interessante dessas duas posições neste capítulo de Eclesiastes, que está no portal e-cristianismo:

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O Evangelho de Paulo

Por Cornelis Venema


A pregação do Evangelho feita por Paulo, parte da convicção de que Jesus de Nazaré é o Messias prometido e o Filho que Deus enviou a este mundo “na consumação dos tempos” para cumprir Suas promessas ao Seu povo, Israel (2ª Coríntios 1:18-22; 6:2; Gálatas 4:4). A grande mensagem da pregação de Paulo é o “mistério” do Evangelho de Jesus Cristo (Colossenses 1:26; Romanos 16:26; 2ª Timóteo 1:10). Ainda que previamente oculto, esse mistério foi agora confiado a Paulo e aos demais apóstolos como “despenseiros dos mistérios de Deus” (1ª Coríntios 4:1; Efésios 3:22-ss).

Essa convicção paulina ajuda a esclarecer a relação entre seu ensino a respeito da salvação e o ensino de Jesus Cristo nos Evangelhos. Como Cristo enfatizou a vinda do reino de Deus, o qual introduz as bênçãos da “era vindoura” nesta “era”, assim também Paulo enfatiza a vinda de Jesus Cristo como Aquele por quem as bênçãos de Deus são agora concedidas ao Seu povo. O ensino de Jesus nos Evangelhos é similar à abertura musical que anuncia o tema de todo o Novo Testamento: o reino de Deus “é chegado”. A pregação de Paulo desenvolve esse tema oferecendo uma explanação abrangente das bênçãos salvíficas do reino.

Mas, como explica Paulo a salvação que Cristo traz? Que realizou Cristo por Sua morte e ressurreição, que provê redenção para aqueles que Lhe pertencem?

Paulo resume sua resposta a essa questão em 1ª Coríntios 15:3-4: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” Esse sumário é semelhante a outros nas epístolas de Paulo (veja 1ª Coríntios 2:2 e Gálatas 6:14). Nessas passagens, Paulo declara que o Evangelho que ele prega, está focado na morte redentora e na ressurreição de Jesus Cristo.

Nas epístolas de Paulo, diversos temas bíblicos são usados para designar os distintos aspectos da salvação que Cristo obteve para os crentes. Os temas principais, que Paulo usa para descrever a obra redentora de Cristo, incluem: primeiro, “sacrifício para” ou “expiação da” culpa do pecado do homem; segundo, “propiciação” para aplacar a ira de Deus contra suas criaturas pecadoras; terceiro, “reconciliação” ou paz com Deus; quarto, “redenção” da maldição e da condenação da Lei; e quinto, “vitória” sobre o pecado, sobre a morte e sobre todos os poderes que se opõem ao reino de Deus.

O fato de que Paulo entendeu a morte de Cristo como um sacrifício pelo pecado é inquestionável. Em 1ª Coríntios 15:3, Paulo declara que Cristo morreu “por nossos pecados”. Em outra passagem, ele diz que Deus enviou o Seu próprio Filho “em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado” (Romanos 8:3). Paulo, ademais, ensina que a morte de Cristo foi uma propiciação da ira de Deus. Em Sua santidade, Deus, em relação ao pecado, somente o pode odiar. Porém, o maravilhoso do Evangelho é que Deus amorosamente propiciou Sua ira através da morte de Seu próprio Filho (Romanos 3:25; 5:9-10; 2ª Coríntios 5:21). A obra vicária de Cristo é, ainda, uma obra de reconciliação. Por Sua morte, Cristo removeu todo impedimento à paz do pecador com Deus.

Essa obra de reconciliação inclui aspectos em relação a Deus e ao homem. Não somente remove o obstáculo da ira de Deus (Romanos 5:9-10), mas também intima o pecador a “reconciliar-se” com Deus (2ª Coríntios 5:20). O tema da redenção também figura proeminentemente no entendimento de Paulo quanto ao sacrifício de Cristo. A ideia bíblica de redenção enfatiza o pagamento de um preço que assegura a libertação do pecador da servidão (1ª Timóteo 2:5-6). Em uma das mais claras afirmações do sacrifício de Cristo como uma obra redentora, o apóstolo Paulo declara que “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar” (Gálatas 3:13). Finalmente, uma característica pouco vista da obra redentora de Cristo é a vitória que conquista sobre o poder do pecado, da morte e, ainda, de toda forma de oposição ao governo reinante de Deus (1ª Coríntios 15:54-57). Por Sua morte e ressurreição, Cristo desarmou os poderes que se opõem ao reino de Deus (Colossenses 2:13-15).

Indubitavelmente, a mensagem central da pregação de Paulo é a de que Deus se tem introduzido na história na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, cuja morte sacrificial e ressurreição, trouxe a salvação. Entretanto, o Evangelho conforme Paulo inclui, também, a aplicação da salvação em Cristo aos crentes que são unidos a Ele pelo ministério de Seu Espírito. Ainda que Paulo não articule explicitamente uma ordem de salvação (ordo salutes), os rudimentos de tal ordem estão evidentes em suas epístolas (veja Romanos 8:30; 1ª Coríntios 1:30 e 6:11).

A maneira mais inclusiva pela qual Paulo descreve a aplicação da salvação é em termos da união do crente com Cristo. Quando os crentes são unidos a Cristo através do ministério do Seu Espírito, eles vêm a participar, totalmente, de todos os benefícios de Sua obra vicária a favor deles (Romanos 8:2,11; 1ª Coríntios 6:11; Efésios 4:30).

Para o propósito de nossa breve sinopse, três benefícios da união com Cristo são de particular importância para o entendimento de Paulo na aplicação da salvação: justificação gratuita, santificação pelo Espírito e glorificação.

Justificação gratuita. Observamos em nossa introdução que, em alguns círculos, se tem tornado popular opor-se a ênfases de Paulo sobre a união com Cristo aos seus ensinos sobre justificação forense. Este é, entretanto, um profundo engano. A Reforma estava certamente correta em afirmar que a principal característica dos ensinos de Paulo era a doutrina da justificação pela graça somente, através da fé somente. Ademais, contrário às mais recentes reivindicações dos autores da “nova perspectiva”, Paulo vê claramente a justificação como um tema “soteriológico”. Justificação não responde simplesmente à questão de se os gentios, bem como os judeus, pertencem à aliança do povo de Deus, como muitos dos ditos autores mantêm. A justificação responde, primariamente, a questão de como qualquer pecador, judeu ou gentio, pode encontrar aceitação em Deus, a despeito do seu pecado e culpa.

De acordo com Paulo, justificação é um ato gracioso de Deus pelo qual Ele perdoa os pecados dos crentes e os declara justos, na base da imputação da justiça de Cristo (Romanos 4:1-5; 5:15-17; 10:3; 2ª Coríntios 5:21; Filipenses 3:9). Ainda que todos pecaram, Cristo foi posto à morte pelos pecados do Seu povo e ressuscitado para sua justificação (Romanos 4:25). À parte de qualquer “obra” cumprida em obediência à Lei, Deus justifica aquele que recebe a Cristo pela fé (Romanos 3:28; Gálatas 2:16). Esse benefício da justificação é, totalmente, uma bênção escatológica da salvação, a qual declara que “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).

Santificação pelo Espírito. Todo aquele que está unido a Cristo é morada do Seu Espírito vivificador (Romanos 8:4-11). Os crentes não somente são declarados justos na justificação gratuita, mas estão também sendo renovados segundo a imagem de Cristo (2ª Coríntios 3:17-18). O poder e o domínio do pecado são desfeitos. Através de sua união com Cristo, em Sua morte e ressurreição, os crentes devem, agora, se considerar mortos para o pecado e vivos para a justiça (Romanos 6:12-14). O novo status que os crentes desfrutam, (justificação), é sempre acompanhado por uma vida renovada de obediência a qual é neles realizada pelo Espírito de Cristo (santificação).

Glorificação. Ainda que seja costumeiro pensar-se na glorificação como a futura consumação da salvação do crente, Paulo fala sobre a glorificação como uma realidade presente e futura (Romanos 8:18-ss, 30). Devido à íntima união dos crentes com Cristo, a glorificação de Cristo em Sua ressurreição e ascensão é, de igual maneira, a glorificação dos crentes. Já, agora, os crentes estão sentados com Cristo nos lugares celestiais (Efésios 2:6). Resta, porém, a expectação da glorificação ainda futura dos crentes (2ª Tessalonicenses 1:10). Enquanto vivam neste mundo, os crentes, ansiosos, esperam pelo dia em que seus “corpos de humilhação” serão transformados para serem à semelhança do corpo glorioso de Cristo (Filipenses 3:21).

O Evangelho, de acordo com Paulo, pode ser sumarizado como a gloriosa mensagem de Deus quanto ao cumprimento de Suas promessas de salvação para o Seu povo em Cristo. A mensagem central da pregação de Paulo é a salvação através do Cristo crucificado e ressurreto. Cristo tem provido um sacrifício pelos pecados do Seu povo, que responde a cada aspecto de sua condição pecadora. Através da fé e união com Cristo, os crentes desfrutam de todos os benefícios dessa obra sacrificial. Nas extraordinárias palavras de 2ª Coríntios 5:17, “se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” Aqueles que estão em Cristo desfrutam um novo status diante de Deus, de livre aceitação, a despeito de sua indignidade como pecadores. Eles, ademais, experimentam a graça de uma nova vida de obediência à “lei de Cristo” pela instrumentalização do Espírito Santo. E conhecem a graça da presente e da futura glorificação, quando as “primícias” da salvação em Cristo aparecerem na ceifa escatológica da completa participação na vitória da ressurreição de Cristo.

Fonte: Teologando

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O papado — dos primórdios ao Renascimento

>> quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Desde uma perspectiva protestante, o papado não é uma instituição de origem divina, mas resultou de um longo e complexo processo histórico. As Escrituras não dão apoio a essa instituição como uma ordenança de Cristo à sua igreja. É verdade que o Senhor proferiu a Pedro as bem conhecidas palavras: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 16.18). Todavia, isto está muito longe de declarar que Pedro seria o chefe universal da igreja (o primado de Pedro) e que a sua autoridade seria transmitida aos seus sucessores (sucessão apostólica). As primeiras gerações de cristãos não entenderam as palavras de Cristo dessa maneira. Tanto é que em todo o Novo Testamento não se vê noção de que Pedro tenha ocupado uma função especial de liderança na igreja primitiva. No chamado “Concílio de Jerusalém”, narrado no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos, isso não aconteceu, e o próprio Pedro não reivindica essa posição em suas duas epístolas. Antes, ele se apresenta como apóstolo de Jesus Cristo e como um presbítero entre outros (1 Pe 1.1; 5.1).

Mais difícil ainda é estabelecer uma relação inequívoca entre Pedro e os bispos de Roma. Os historiadores não vêem uma base absolutamente segura para afirmar que Pedro tenha estado em Roma, quanto mais para admitir que ele tenha sido o primeiro bispo daquela igreja. Ademais, é um fato bem estabelecido que não houve episcopado monárquico no primeiro século. As igrejas eram governadas por colegiados de bispos ou presbíteros (ver At 20.17, 28; Tt 1.5, 7).

Ao mesmo tempo, não se pode deixar de reconhecer que ainda na igreja antiga os bispos de Roma alcançaram grande preeminência, que em muitas ocasiões o papado prestou serviços crucialmente relevantes à igreja e à sociedade e que muitos papas foram homens de grande piedade, integridade moral, saber teológico e habilidade administrativa. Ao longo dos séculos, muitos dos principais eventos da história da igreja nas áreas da teologia, organização eclesiástica e relações entre a igreja e a sociedade tiveram conexão com a instituição papal. Originalmente, a palavra grega papas ou a latina papa foi aplicada a altos oficiais eclesiásticos de todos os tipos, especialmente aos bispos. A partir de meados do quinto século passou a ser aplicada quase que exclusivamente aos bispos de Roma. Foram múltiplos e complexos os fatores que levaram ao reconhecimento de que esses bispos detinham autoridade suprema sobre a igreja ocidental. 
Em primeiro lugar, há que se destacar a importância crescente da igreja local de Roma desde o primeiro século. O livro de Atos dos Apóstolos termina com a chegada de Paulo a Roma. O apóstolo aos gentios escreveu a principal de suas epístolas a essa igreja e no segundo século surgiu uma tradição insistente de que tanto Paulo como Pedro, os dois apóstolos mais destacados, haviam sido martirizados naquela cidade. Além disso, já numa época remota, a igreja de Roma tornou-se a maior, a mais rica e a mais respeitada de toda a cristandade ocidental. Outro fator que contribuiu para a ascendência da igreja romana e do seu líder foi a própria centralidade e importância da capital do Império Romano. Ao contrário da região oriental, em que várias igrejas (Alexandria, Jerusalém, Antioquia e Constantinopla) competiam pela supremacia em virtude de sua antigüidade e conexões apostólicas, no Ocidente a igreja de Roma, desde o início, foi praticamente a líder inconteste. Outrossim, a partir de Constantino, muitos imperadores romanos fizeram generosas concessões àquela igreja, buscaram o conselho dos seus bispos e promulgaram leis que ampliaram a autoridade deles. 
Outro elemento importante é que desde cedo a igreja romana e os seus líderes reivindicaram, direta ou indiretamente, certas prerrogativas especiais. No final do primeiro século (ano 96), o bispo Clemente enviou em nome da igreja de Roma uma carta à igreja de Corinto para aconselhá-la e exortá-la quanto a alguns problemas que esta vinha enfrentando. Um século depois, o bispo Vítor (189-198) exerceu considerável influência na fixação de uma data comum para a Páscoa, algo muito importante face à centralidade da liturgia na vida da igreja. As consultas entre outros bispos e Roma também datam de uma época antiga, embora a primeira decretal oficial (carta normativa de um bispo de Roma em resposta formal à consulta de outro bispo) só tenha surgido em 385, com o papa Sirício. Por volta de 255, o bispo Estêvão utilizou a passagem de Mateus 16.18 para defender as suas idéias numa disputa com Cipriano de Cartago. E Dâmaso I (366-84) tentou oferecer uma definição formal da superioridade do bispo romano sobre todos os demais.
Essas raízes da supremacia eclesiástica romana foram alimentadas pelas atividades capazes de muitos papas. No quinto século destaca-se sobremaneira a figura de Leão I (440-61), considerado por muitos “o primeiro papa”. Leão exerceu um papel estratégico na defesa de Roma contra as invasões bárbaras e escreveu um importante documento teológico sobre a pessoa de Cristo (o Tomo), que teve influência decisiva nas resoluções do Concílio de Calcedônia (451). Além disso, ele defendeu explicitamente a autoridade papal, articulando mais plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma como sucessores de Pedro. Seu sucessor Gelásio I (492-96) expôs a célebre teoria das duas espadas: dos dois poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual — representado pelo papa — tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito.
O apogeu do papado antigo ocorreu no pontificado do notável Gregório I ou Gregório Magno (590-604), o primeiro monge a ocupar o trono papal. Sua lista de realizações é impressionante. Ele supervisionou as defesas romanas contra os ataques dos lombardos, realizou complicadas negociações com o imperador bizantino, saneou as finanças da igreja e reorganizou os limites e responsabilidades das dioceses ocidentais. Ele foi também um dedicado estudioso das Escrituras. Suas exposições bíblicas, especialmente um comentário do livro de Jó, foram muito lidas em toda a Idade Média. Seus escritos sobre os deveres dos bispos deram forte ênfase ao cuidado pastoral como uma atividade prioritária. Ele reformou a liturgia, regularizou as celebrações do calendário cristão e promoveu a música sacra (“canto gregoriano”). Finalmente, Gregório foi um grande promotor de missões, enviando missionários para vários centros estratégicos do norte e do oeste da Europa e expandindo a área de jurisdição do papado.
Um momento especialmente significativo na evolução do papado ocorreu no Natal do ano 800, quando o papa Leão III coroou Carlos Magno como sacro imperador romano. A essa altura, a complexa associação dos elementos citados (e outros mais) havia criado uma situação na qual o bispo romano era amplamente considerado o principal personagem eclesiástico do Ocidente, bem como o representante do cristianismo ocidental perante o Oriente. Algumas décadas antes, o pai de Carlos Magno havia cedido à igreja os amplos territórios do centro e norte da Itália, que vieram a constituir os estados pontifícios. Isso fez dos papas governantes seculares como os demais soberanos europeus. Por vários séculos, os papas teriam um relacionamento estreito e muitas vezes altamente conflitivo com esses soberanos. Mas a sua autoridade como líderes máximos da igreja ocidental não seria questionada.
O papado teve também seus períodos sombrios, marcados por imoralidade e corrupção. Um desses períodos foi entre o final do século IX e o início do século XI, quando a instituição papal foi controlada por poderosas famílias italianas. A história revela que um terço dos papas dessa época morreu de forma violenta: João VIII (872-882) foi espancado até a morte por seu próprio séquito; Estêvão VI (885-891) foi estrangulado; Leão V (903-904) foi assassinado por seu sucessor, Sérgio III (904-911); João X (914-928) morreu asfixiado; e Estêvão VIII (928-931) foi horrivelmente mutilado, para não citar outros fatos deploráveis. Parte desse período é tradicionalmente conhecida pelos historiadores como “pornocracia”, numa referência a certas práticas que predominavam na corte papal.
A partir de meados do século XI, surgiram vários papas reformadores, que procuraram moralizar a administração da igreja, lutando contra diversos males que a assolavam. O mais notável foi Hildebrando ou Gregório VII (1073-1085), que notabilizou-se por sua luta contra a simonia, ou seja, o comércio de cargos eclesiásticos, e ficou célebre por sua confrontação com o imperador alemão Henrique IV. Ele escolheu como lema do seu pontificado o texto de Jeremias 48.10: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”. Todavia, o ápice do poder papal ocorreu no pontificado de Inocêncio III (1198-1216), considerado o papa mais poderoso de todos os tempos, aquele que, mais do que qualquer outro, concretizou o ideal da “cristandade”, ou seja, uma sociedade plenamente integrada sob a autoridade dos reis e especialmente dos papas. Ele foi o primeiro a usar o título “vigário de Cristo”, ou seja, o papa era não somente o representante de Pedro, mas do próprio Senhor. Seus sucessores continuaram por algum tempo a fazer ousadas reivindicações de autoridade sobre toda a sociedade, sem contudo transformá-las em realidade como o fizera Inocêncio.
Novo período de declínio e desmoralização do papado ocorreu no século XIV e início do século XV. Primeiro, os papas moraram na cidade de Avinhão, ao sul da França, por mais de setenta anos (1305-1378), colocando-se sob a influência dos reis franceses. Esse período ficou conhecido como “o cativeiro babilônico da igreja”. Em seguida, por outros quarenta anos (1378-1417), houve dois e, finalmente, três papas simultâneos (em Roma, Avinhão e Pisa), no que ficou conhecido como “o grande cisma”. Essa situação embaraçosa foi sanada por vários concílios reformadores, especialmente o de Constança, que reivindicaram autoridade igual ou mesmo superior à dos papas. Em reação, estes reafirmaram ainda mais enfaticamente a sua autoridade suprema sobre a igreja.
O final do século XV e início do XVI testemunhou o pontificado dos chamados “papas do Renascimento”, os quais, ao contrário de muitos de seus predecessores ou sucessores, tiveram escassas preocupações espirituais e pastorais. Como papa Alexandre VI (1492-1503), o espanhol Rodrigo Borja dedicou-se prioritariamente a promover as artes e a embelezar a cidade de Roma; Júlio II (1503-1513) foi um papa guerreiro, comandando pessoalmente o seu exército; e Leão X (1513-1521) teria dito ao ser eleito: “Agora que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo”. Foi ele quem despertou a indignação do monge agostiniano Martinho Lutero ao autorizar a venda de indulgências para concluir as obras da Catedral de São Pedro. O resultado dessa indignação é conhecido de todos.

Alderi S. Matos 

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A maior de todas as “heresias” protestantes

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Por Sinclair Ferguson


Comecemos com uma pergunta de prova de história da igreja. O cardeal Roberto Belarmino (1542-1621) não foi uma figura para se desconsiderar. Ele era o teólogo pessoal do Papa Clemente VIII e uma das figuras mais capazes no movimento de Contra-Reforma no Catolicismo Romano do século dezesseis. Em uma ocasião, ele escreveu: “A maior de todas as heresias protestantes é ______________.” Complete, explique e discuta a afirmação de Berlarmino.



Como você responderia? Qual a maior de todas as heresias protestantes? Talvez a justificação pela fé? Talvez o Sola Scriptura, ou uma das palavras de ordem da Reforma?


Tais resposta fazem sentido lógico. Mas nenhuma delas completam a frase de Belarmino. O que ele escreveu foi: “A maior de todas as heresias protestantes é a certeza.”



Um momento de reflexão explica o motivo. Se a justificação não é apenas pela fé, apenas por Cristo, apenas pela graça — se a fé precisa ser completada por obras; se a obra de Cristo é de alguma maneira repetida; se a graça não é gratuita e soberana, então alguma coisa sempre precisa ser feita, ser “adicionada” para que a justificação final seja nossa. Este é exatamente o problema. Se a justificação final é dependente de algo que temos de completar, não é possível desfrutar da certeza de salvação. Pois então, teologicamente, a justificação final é contingente e incerta, e é impossível para qualquer um (à parte de uma revelação especial, concedida por Roma) ter certeza da salvação. Mas se Cristo fez tudo, se a justificação é pela graça, sem obras contributivas; é recebida pelas mãos vazias da fé — então a certeza, mesmo “certeza completa” é possível para todo crente.



Não me admira que Belarmino tenha pensado que a plena, gratuita e irrestrita graça era perigosa! Não me admira que os Reformadores tenham amado a carta aos Hebreus!



Eis o motivo. Conforme o autor de Hebreus pausa para respirar no clímax de sua exposição da obra de Cristo (Hebreus 10:18), ele continua seu argumento com um “pois” ao estilo de Paulo (Hebreus 10:19). Ele, então, nos urge a aproximarmo-nos “em plena certeza de fé” (Hebreus 10:22). Nós não precisamos reler toda a carta para ver o poder lógico de seu “pois”. Cristo é nosso Sumo Sacerdote; nossos corações foram purificados de uma má consciência assim como nossos corpos foram lavados com água pura (v.22).



Cristo se tornou de uma vez por todas o sacrifício por nossos pecados, e foi ressurreto e vindicado no poder de uma vida indestrutível como nosso sacerdote representativo. Pela fé nele, somos justos diante do trono de Deus como ele é justo. Por sermos justificados em sua justiça, sua justificação singular é nossa! E nós podemos perder essa justificação tanto quanto ele pode cair do céu. Assim, nossa justificação não precisa ser completada nada mais do que a justificação de Cristo precisa!



Com isso em vista, o autor diz: “com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10:14). A razão pela qual podemos ficar de pé diante de Deus em plena certeza é porque agora experimentamos nossos corações “purificados de má consciência” os corpos “lavados com água pura” (Hebreus 10:22).



“Ah,” replicou a Roma do Cardeal Berlamino, “ensine isso e aqueles que creem nisso viverão em licença e antinomismo.” Mas ouça, então, à lógica de Hebreus. Desfrutar desta certeza leva a quatro coisas: Primeiro, uma firme fidelidade à nossa confissão de fé apenas em Jesus Cristo como nossa esperança (v.23); segundo, uma cuidadosa consideração de como podemos encorajar uns aos outros ao “amor e às boas obras” (v.24); terceiro, uma comunhão contínua com outros cristãos em adoração e todo aspecto de nossa amizade (v.25a); quarto, uma vida na qual exortamos uns aos outros para nos mantermos olhando para Cristo e sendo fieis a ele, conforme o tempo de sua volta se aproxima (25b).



Esta é a boa árvore que produz bons frutos, não o contrário. Nós não somos salvos pelas obras; somos salvos para as obras. De fato, nós somos o trabalho de Deus trabalhando (Efésios 2:9-10)! Assim, ao invés de levar a uma vida de indiferenças moral e espiritual, a obra definitiva de Jesus Cristo e a plena certeza da fé que ela produz, fornece aos crentes o mais poderoso ímpeto para viver para a glória e o prazer de Deus. Ademais, tal plena certeza é arraigada no fato de que o próprio Deus fez tudo isso por nós. Ele revelou seu coração a nós em Cristo. O Pai não requer a morte de Cristo para persuadi-lo a nos amar. Cristo morreu porque o Pai nos ama (João 3:16). Ele não está à espreita atrás de seu Filho com um intento sinistro desejando nos fazer mal se não fosse pelo sacrifício que seu Filho fez! Não, mil vezes não! — o próprio Pai nos ama no amor do Filho e no amor do Espírito.



Aqueles que desfrutam de tal certeza não vão aos santos ou a Maria. Aqueles que olham apenas para Jesus não precisam olhar para nenhum outro lugar. Nele nós desfrutamos a pena certeza da salvação. A maior de todas as heresias? Se for uma heresia, deixe-me desfrutar da mais bendita de todas as “heresias”! Pois ela é a verdade e a graça do próprio Deus!

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Por Sinclair Ferguson. Extraído do site ligonier.org. © Ligonier Ministries. Original: What is the Greatest of All Protestant “Heresies”?


Tradução: Alan Cristie



Fonte: Editora Fiel 

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A igreja da moda

Por Renato Vargens
 
Outro dia passei de carro juntamente com minha esposa em frente uma escola na agradável e pacata cidade de Niterói. Lembro que na ocasião fiquei impressionado com a quantidade de automóveis parados em frente ao educandário. No mesmo instante, tomado por perplexidade, emiti um comentário dizendo: "Quanta gente! Essa escola está abolutamente lotada!" Mal terminei de falar, minha esposa replicou dizendo: "Essa é a escola da moda. Eles nem são tão bons assim, o ensino não é dos melhores e os professores nem são tão qualificados, mas é a escola da moda."

Pois é,  não sei se você já percebeu mais entre as igrejas é assim também. Por incrivel que pareça existem igrejas que se transformaram em Igrejas da moda e como tais estão absurdamente lotadas, todavia, o fato de estarem repletas de pessoas não significa necessariamente que sejam saudáveis.  Na verdade,  ouso afirmar que algumas igrejas da moda, além de possuírem um púlpito fraco, possuem uma Escola Bíblica deficiente, cujos pastores e professores são desprovidos de bom conteúdo teológico.

Bom, isso não importa não é mesmo? O que vale é que o povo está sendo "abençoado" não é verdade? Lamento lhe contrariar, mas importa e muito, até porque o fato de ser membro de uma igreja saudável não significa necessáriamente fazer parte da igreja da moda.

Isto posto, gostaria de elencar algumas diferenças entre uma igreja saudável e uma igreja da moda:

Uma igreja saudável vive para glória de Deus; uma igreja da moda vive para o engrandecimento do seu próprio nome.

Uma igreja saudável adora; uma igreja da moda promove entretenimento.

Uma igreja saudável prega a Palavra; uma igreja da moda anuncia conceitos de autoajuda.

Uma igreja saudável prega Cristo e a necessidade de arrependimento e conversão; uma igreja da moda prega como ser próspero.

Uma igreja saudável prega o evangelho; uma igreja da moda prega o que dá certo.

Uma igreja saudável prega, vive e ama as Escrituras; uma igreja da moda relativiza a Palavra do Senhor.

Uma igreja saudável vive em comunhão; uma igreja da moda promove ajuntamento descompromissado.

Uma igreja saudável estuda as Escrituras; uma igreja da moda defende as idéiasda psicanálise.

Uma igreja saudável jamais negocia a verdade; uma igreja da moda desconhece a verdade.

Uma igreja saudável é centrada no evangelho; uma igreja  da moda é personalista.

Uma igreja da saudável permanece; uma igreja da moda esmore.

Uma Igreja saudável persiste, uma igreja da moda desiste.

Uma igreja saudável é; uma igreja da moda deixa de ser.

Pense nisso!

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