Respostas a Argumentos Usados em Favor da Ordenação de Mulheres
>> terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Oferecemos aqui respostas aos argumentos geralmente empregados em favor da ordenação de mulheres para o ministério pastoral.
1. Deus não criou originalmente o homem e a mulher iguais? Qual a base, pois, para impedir que a mulher seja ordenada?
Resposta: De
fato, lemos em Gênesis 1 que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e
semelhança. Entretanto, lemos no relato mais detalhado de Gênesis 2 que
Deus lhes atribuiu papéis diferentes, dando ao homem o papel de liderar
e cuidar da mulher e à mulher o papel de ser sua ajudadora, em
submissão. Esta diferenciação é percebida por Paulo na ordem em que
foram criados (primeiro o homem e depois a mulher, 1Tm 2.13), na forma
como foram criados (a mulher foi criada do homem, 1Co 11.8) e no
propósito para o que foram criados (a mulher foi criada por causa do
homem, 1Co 11.9). A igualdade da criação, portanto, não anula a
diferenciação de funções estabelecida na própria criação.
2. A subordinação
feminina não é parte da maldição por causa da queda? E Cristo não
aboliu a maldição do pecado? Por que, então, as mulheres cristãs não
podem exercer o ministério em igualdade com os homens?
Resposta: Sem
dúvida um dos castigos impostos por Deus à mulher foi o agravamento da
sua condição de submissão. Entretanto, a subordinação feminina tem
origem antes da queda, ainda na própria criação. O homem não foi feito
da mulher, mas a mulher foi feita do homem. O homem não foi criado por
causa da mulher, mas sim a mulher por causa do homem (1Co 11.8-9).
Quanto à obra de Cristo, lembremos que seus efeitos não são total e
exaustivamente aplicados por Deus aqui e agora. Por exemplo, mesmo que
Cristo já tenha vencido o pecado e a morte, ainda pecamos e morremos.
Outros efeitos da maldição impostos por Deus após a queda ainda
continuam, como a morte, o sofrimento no trabalho e o parto penoso das
mulheres. Além do mais, desde que os diferentes papéis do homem e da
mulher já haviam sido determinados na criação, antes da queda, segue-se
que continuam válidos. O que o Cristianismo faz é reformar esta relação
de submissão para que a mesma seja exercida em amor mútuo e reflita
assim mais exatamente a relação entre Cristo e a Igreja.
3. Há abundantes
provas na Bíblia de que as mulheres desempenharam papéis cruciais,
ocupando funções de destaque e sendo instrumento de bênção para o povo
de Deus. Isto não prova que elas, hoje, podem ser ordenadas e exercer
liderança?
Resposta: Estas
provas demonstram apenas a tremenda importância do ministério feminino,
mas não a existência do ministério feminino ordenado. Nenhuma destas
mulheres era apóstola, pastora, presbítera ou diaconisa. Jesus não
chamou nenhuma mulher para ser apóstola. As qualificações dos pastores
em 1Timóteo 3 e Tito 1 deixam claro que era função a ser exercida por
homens cristãos. O fato de que as mulheres sempre foram extremamente
ativas e exerceram muitas e diferentes atividades e serviços na Igreja
Cristã não traz como corolário que elas tenham sido, ou tenham que ser,
ordenadas para tal.
4. Há evidência
na Bíblia de que Hulda, Débora, Priscila e Febe eram líderes e exerciam
autoridade. Isto não é prova bíblica suficiente para ordenação de
mulheres?
Resposta: Há dois
pontos a se ter em mente quanto ao ministério destas mulheres: (1) O
fato de que a Bíblia descreve como Deus usou determinadas pessoas em
épocas específicas para propósitos especiais não faz disto uma norma.
Lembremos da utilíssima distinção entre o descritivo e o normativo na
Bíblia. Deus usou o falso profeta Balaão (Nm 22.35). O desobediente rei
Saul também profetizou em várias ocasiões (1Sm 10.10; 19.23), bem como
os mensageiros que enviou a Samuel (1Sm 19.20,21). A descrição destes
casos não estabelece uma norma a ser seguida pelas igrejas na ordenação
de oficiais. O fato de que Deus transmitiu sua mensagem através de uma
mulher não faz dela um oficial da Igreja. Há outros requisitos no Novo
Testamento para o oficialato conforme lemos nas especificações
explícitas que temos em 1Timóteo 3 e Tito 1.
(2) Os profetas de
Israel não recebiam um ofício mediante imposição de mãos para exercer
uma autoridade eclesiástica oficial. Os reis e sacerdotes, ao contrário,
eram “ordenados” para aquelas funções e as exerciam com autoridade. Não
há sacerdotisas “ordenadas” em Israel, pelo menos nas épocas onde
prevalecia o culto verdadeiro. Hulda foi uma profetiza em Israel,
recebendo consultas em sua casa (2Re 22.13-15). A mesma coisa pode ser
dita de Débora, que foi juíza em Israel numa época em que não havia reis
e nem o sacerdócio funcionava, quando todos faziam o que parecia bem
aos seus olhos. Seu ministério foi uma denúncia da fraqueza e falta de
coragem dos homens daquela época (Jz 4.4-9; compare com Is 3.12). Sobre
Priscila, sua liderança parece evidente, porém menos evidente é se ela
era pastora ou presbítera. Quanto à Febe, ver a pergunta sobre ela mais
adiante.
5. Podemos
afirmar que o patriarcado, conforme o encontramos na Bíblia,
especialmente no Antigo Testamento, é uma instituição nociva e perversa
que denigre, inferioriza e humilha a mulher?
Resposta: O
patriarcado, como o encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo
Testamento, não é simplesmente uma afirmação da masculinidade, não é
jamais sinônimo de domínio macho ou um sistema de valores no qual o
homem trata a mulher com descaso, desvalorizando-a e super
valorizando-se. Muito menos sinônimo de exploração e domínio, como
afirma o feminismo. Patriarcado é o sistema no qual os pais cuidam de
suas famílias. A imagem do pai no Velho Testamento não é primariamente
daquele que exerce autoridade e poder, mas do amor adotivo, dos laços
pactuais de bondade e compaixão. Somente nas Escrituras hebraicas
podemos encontrar um Deus Pai Todo-Poderoso e Todo-Bondoso. Os
patriarcas refletem a paternidade de Deus, ainda que muito pobremente. O
Deus dos Hebreus não é como os deuses masculinos irresponsáveis das
culturas pagãs das cercanias de Israel, porque ele jamais abandona os
filhos que gera, antes, deles cuida. Os patriarcas seguem o exemplo de
Deus. Naquela cultura ensinava-se ao homem judeu que ele não era
simplesmente um animal, agressivo, assertivo e violento, mas pai, cuja
agressividade deveria ser transformada pela responsabilidade, que
haveria de manifestar a gentileza e o cuidado pelos filhos e a expressão
da completa masculinidade, que haveria de se unir com o ser feminino e o
mundo feminino da família, ainda que mantivesse a separação necessária
para o exercício da autoridade. O machismo é uma versão deturpada de
alguns aspectos do patriarcado, e oprime as mulheres. Devemos lutar
contra o machismo, e não deixar de reconhecer a verdade sobre o
patriarcado.
6. Febe não era
uma diaconisa, conforme Romanos 16.1-2? Isto não prova que as mulheres
podem exercer autoridade eclesiástica na Igreja?
Resposta: Temos de considerar os seguintes aspectos.
(1) Não é claro se Febe
era realmente uma diaconisa. Muito embora no original grego Paulo
empregue o termo “diácono” para se referir a ela, lembremos que este
termo no Novo Testamento nem sempre significa o ofício de diácono. Pode
ser traduzido como servo, ministro, etc. Portanto, nossa tradução
“Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de
Cencréia” é perfeitamente possível e não é uma tradução preconceituosa.
(2) Mesmo que houvesse
diaconisas na Igreja apostólica, é certo que elas não exerceriam
qualquer autoridade sobre as igrejas e sobre os homens – a presidência
era dos presbíteros, cf. 1Tm 5.17; o trabalho delas seria provavelmente
com outras mulheres (Tt 2.3-4) e relacionado com assistência aos pobres.
É interessante que a primeira referência que existe na história da
Igreja sobre o trabalho de mulheres, diz assim: “A mulher deve servir às
mulheres” (Didascalia Apostolorum). Isto queria dizer que elas
instruíam as outras que iam se batizar, ajudavam no enterro de mulheres,
cuidavam das pobres e doentes. Não há qualquer indício de que tais
mulheres eram ordenadas para o exercício da autoridade eclesiástica.
7. O que fazer
quando mulheres possuem visão pastoral, liderança, habilidades para o
ensino ou capacidade administrativa, dons de evangelismo ou profecia?
Resposta: Que
exerçam estas habilidades e dons dentro das possibilidades existentes
nas Igrejas. Elas não precisam ser ordenadas para desenvolver seus
ministérios e manifestar seus dons.
8. A resistência
em ordenar mulheres hoje não decorre da reafirmação através dos séculos
da inferioridade da mulher, feita por importantes teólogos e líderes da
Igreja?
Resposta: A
Igreja deve andar pelo ensino das Escrituras Sagradas. Se teólogos e
líderes antigos defenderam idéias erradas sobre a inferioridade da
mulher, cabe à Igreja corrigi-las à luz das Escrituras, que mostram que
Deus criou o homem e a mulher iguais. Porém, corrigir os erros dos
antigos neste ponto não significa ordenar mulheres, pois aí estaríamos
cometendo um outro erro. Certamente as mulheres não são e nunca foram
inferiores aos homens, mas daí a abolirmos os papéis distintos que lhes
foram determinados por Deus na criação vai uma grande distância.
9. Existe algum texto na Bíblia que diga claramente “é proibido que as mulheres sejam ordenadas ao ministério”?
Resposta: Nenhuma
das passagens usadas contra a ordenação feminina diz explicitamente que
mulheres não podem ser ordenadas ao ministério. Entretanto, todas elas
impõem restrições ao ministério feminino, e exigem que as mulheres
cristãs estejam submissas à liderança cristã masculina. Essas restrições
têm a ver primariamente com o ensino por parte de mulheres nas igrejas.
Já que o governo das igrejas e o ensino público oficial nas mesmas são
funções de presbíteros e pastores (cf. 1Tm 3.2,4-5; 5.17; Tt 1.9),
infere-se que tais funções não fazem parte do chamado cristão das
mulheres. Ainda, se o argumento do silêncio for usado, ele se vira
contra a ordenação feminina, pois não há texto algum que diga que as
mulheres devem ser ordenadas ao ministério da Palavra e ao governo
eclesiástico, enquanto que as Escrituras atribuem ao homem cristão o
exercício da autoridade eclesiástica e na família.
10. Se as mulheres
recebem os mesmos dons espirituais que os homens, não é uma prova de que
Deus deseja que elas sejam ordenadas ao ministério?
Resposta: Não. As
condições para o oficialato na Igreja apostólica estão prescritas em
1Timóteo e Tito 1. Percebe-se que o dom do ensino é apenas um dos
requisitos. Há outros, como por exemplo, governar a própria casa e ser
marido de uma só mulher, que não podem ser preenchidos por mulheres
cristãs, por mais dons que tenham.
11. O ensino de Paulo
sobre as mulheres na Igreja se aplica hoje? Não estava ele influenciado
pela cultura daquela época, que era muito diferente da nossa?
Resposta: É
necessário fazer a distinção entre o princípio teológico supra cultural e
a expressão cultural deste princípio. Há coisas no ensino de Paulo que
são claramente culturais, como a determinação para o uso do véu em
1Coríntios 11. Porém, enquanto que o uso do véu é claramente um costume
cultural, ao mesmo tempo expressa um princípio que não está condicionado
a nenhuma cultura em particular, que é o da diferença funcional entre o
homem e a mulher. O que Paulo está defendendo naquela passagem é a
vigência desta diferença no culto público — o véu é apenas a forma pela
qual isto ocorreria normalmente em cidades gregas do século I. Notemos
ainda que Paulo defende a participação diferenciada da mulher no culto
usando argumentos permanentes, que transcendem cultura, tempo e
sociedade, como a distribuição ou economia da Trindade (1Co 11.3) e o
modo pelo qual Deus criou o homem (1Co 11.8-9).
12. Paulo escreveu
suas cartas para atender a problemas locais e específicos. Como podemos
aplicar hoje o que Paulo escreveu, se a situação e o contexto são
diferentes?
Resposta: Quase
todos os livros do Novo Testamento foram escritos em resposta a uma
situação específica de uma ou mais comunidades cristãs do século I, e
nem por isto os que querem a ordenação feminina defendem que nada do
Novo Testamento se aplica às igrejas cristãs de hoje. A carta aos
Gálatas, por exemplo, onde Paulo expõe a doutrina da justificação pela
fé somente, foi escrita para combater o legalismo dos judaizantes que
procuravam minar as igrejas gentílicas da Galácia, em meados do século
I. Ousaríamos dizer que o ensino de Paulo sobre a justificação pela fé
não tem mais relevância para as igrejas do final do século XX, por ter
sido exposto em reação a uma heresia que afligia igrejas locais no
século I? O ponto é que existem princípios e verdades permanentes que
foram expressos para atender a questões locais, culturais e passageiras.
Passam as circunstâncias históricas, mas o princípio teológico
permanece. Assim, o comportamento inadequado das mulheres das igrejas de
Corinto e de Éfeso, às quais Paulo escreveu determinando que ficassem
caladas na Igreja, foi um momento histórico definido, mas osprincípios
aplicados por Paulo para resolver os problemas causados por estas
atitudes permanecem válidos. Ou seja, o ensino de que as mulheres devem
estar submissas à liderança masculina nas igrejas e na família, sem
ocupar posições de liderança e governo, é o princípio permanente e
válido para todas as épocas e culturas.
13. Onde está na Bíblia que somente homens podem ser pastores, presbíteros e diáconos?
Resposta: Os
textos mais explícitos da Bíblia são Atos 6.1-7; 1Timóteo 2.11-15;
1Coríntios 14.34-36 e 1Coríntios 11. 2-16. Algumas destas passagens
foram analisadas com mais profundidade em outra parte deste caderno.
Além disto, a relação intrínseca entre a família e a Igreja mostra que
aquele que é cabeça na família (Efésios 5.21-33) também deve exercer a
liderança na Igreja.
14. Onde está na Bíblia que os homens devem ser o cabeça da família?
Resposta: Há
diversas passagens no Novo Testamento onde se trata dos papéis do homem e
da mulher na família: Efésios 5.21-33; Colossenses 3.18-19; 1 Pedro
3.1-7; Tito 2.5. Em todos eles, a liderança da família é atribuída ao
homem.
15. Os argumentos
usados hoje para defender a submissão da mulher não são os mesmos usados
no século passado por muitos cristãos para defender a escravidão?
Resposta: O fato
de que no passado a Bíblia foi usada de forma errada para defender a
escravidão não significa que a defesa da subordinação feminina seja
igualmente feita de forma errada. Não devemos pensar que a relação entre
o homem e a mulher na família e na igreja está no mesmo pé de igualdade
que a escravidão. Primeiro, os papéis distintos do homem e da mulher
estão enraizados na própria criação, enquanto que a escravidão não está.
Segundo, o fato de que Paulo faz recomendações aos escravos cristãos
para que sejam bons escravos não significa que ele aprovava a
escravidão. Na verdade, as recomendações que ele dá aos cristãos que
eram donos de escravos já traziam embutidas a idéia da dissolução do
sistema de escravidão (Fm 16; Ef 6.9; Cl 4.1; 1Tm 6.1-2).
16. Havia uma mulher
chamada Júnias que Paulo considera como apóstola, em Romanos 16.7. Se
havia apóstolas, por que não pastoras, presbíteras e diaconisas?
Resposta: A
passagem diz o seguinte: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e
companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e
estavam em Cristo antes de mim” (Rm 16.7). Não é tão simples assim
deduzir que Júnias era uma apóstola. Há várias questões relacionadas com
a interpretação deste texto. Júnias é um nome masculino ou feminino?
Existe muita disputa sobre isto, embora a evidência aponte para um nome
masculino. Outra coisa, a expressão “notável entre os apóstolos”
significa que Júnias era um dos apóstolos, já antes de Paulo, e um
apóstolo notável, ou apenas que os apóstolos, antes de Paulo, tinham
Júnias em alta conta? A última possibilidade é a mais provável. Em
última análise, só podemos afirmar com certeza, a partir de Romanos
16.7, que, quem quer que tenha sido, Júnias era uma pessoa tida em alta
conta por Paulo, e que ajudou o apóstolo em seu ministério. Não se pode
afirmar com segurança que era uma mulher, nem que era uma “apóstola”, e
muito menos uma como os Doze ou Paulo. A passagem não serve como
evidência bíblica para a ordenação feminina no período apostólico. E
essa conclusão está em harmonia com o fato de que Jesus não escolheu
mulheres para serem apóstolos. Não há nenhuma referência indisputável a
uma “apóstola” no Novo Testamento.
17. O Novo
Testamento diz que, em Cristo, não há homem nem mulher, todos são iguais
diante de Deus (Gl 3.28). Proibir as mulheres de serem oficiais da
Igreja não é fazer uma distinção baseada em sexo?
Resposta: Não se
pode discordar de que o Evangelho é o poder de Deus para abolir as
injustiças, o preconceito, a opressão, o racismo, a discriminação
social, bem como a exploração machista. E nem se pode discordar de que
Cristo veio nos resgatar da maldição imposta pela queda. A pergunta é se
Paulo está falando da abolição da subordinação feminina e de igualdade
de funções nesta passagem. Está o apóstolo dizendo que as mulheres podem
exercer os mesmos cargos e funções que os homens na Igreja, já que são
todos aceitos sem distinção por Deus através de Cristo, pela fé?
Entendemos que a resposta é não. Gálatas 3.28 não está ensinando a
igualdade para o exercício de funções, mas a unidade de todos os
cristãos em Cristo. Veja a análise desta passagem acima.
18. O conceito da
submissão feminina ensinado na Bíblia não acarreta inevitavelmente o
conceito de que o homem é melhor e superior à mulher?
Resposta:
Infelizmente muitos têm chegado a esta conclusão, mas ela certamente é
equivocada. O ensino bíblico é que Deus criou homem e mulher iguais
porém com diferentes atribuições e funções. A Bíblia ensina que Deus tem
autoridade sobre Cristo, Cristo tem autoridade sobre o homem, e o homem
tem autoridade sobre a mulher. É uma cadeia hierárquica que começa na
Trindade e continua na igreja e na família. Podemos inferir (guardadas
as devidas proporções) que, da mesma forma como a subordinação de Cristo
ao Pai não o torna inferior — como afirma a fé reformada em sua
doutrina da Trindade — a subordinação da mulher ao homem não a torna
inferior. Assim como Pai e Filho, que são iguais em poder, honra e
glória, desempenham papéis diferentes na economia da salvação (o Filho
submete-se ao Pai), homem e mulher se complementam no exercício de
diferentes funções, sem que nisto haja qualquer desvalorização ou
inferiorização da mulher. Em várias ocasiões o Novo Testamento determina
que os crentes se sujeitem às autoridades civis (Rm 13.1-5; 1 Pe
2.13-17). Em nenhum momento, entretanto, este mandamento implica que os
crentes são inferiores ou têm menos valor que os governantes.
Igualmente, os filhos não são inferiores aos seus pais, simplesmente
porque devem submeter-se à liderança deles (Ef 6.1). O conceito de
subordinação de uns a outros tem a ver apenas com a maneira pela qual
Deus estruturou e ordenou a sociedade, a família e a igreja.
19. Em 1Timóteo 3.11,
ao descrever as qualificações do diácono, Paulo se refere às mulheres:
“Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas
respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. Este
versículo não prova que havia diaconisas nas igrejas apostólicas?
Resposta: Não
necessariamente. Esta passagem tem sido entendida de diferentes modos:
(1) Paulo pode estar se referindo às mulheres dos diáconos (Calvino).
Porém, ele emprega para elas a expressão “é necessário” (1Tm 3.11), que
foi a mesma que empregou para os presbíteros (3.2) e os diáconos (3.8),
ao descrever suas qualificações. Logo, não nos parece que o apóstolo se
refira às mulheres dos diáconos. (2) Paulo pode estar se referindo à
todas as mulheres da igreja; entretanto, é bastante estranho que ele
tenha colocado instruções para todas as mulheres bem no meio das
instruções aos diáconos! (3) Paulo pode estar se referindo às
assistentes dos diáconos, mulheres piedosas, que prestavam assistência
em obras de misericórdia aos necessitados das igrejas (Hendriksen). (4)
Paulo se referia à diaconisas. Porém, é no mínimo estranho que Paulo não
empregou o termo apropriado para descrever a função delas (diaconisas),
já que ele vinha falando de presbíteros e diáconos. A opção 3 nos
parece a melhor e mais provável: havia mulheres piedosas nas igrejas
apostólicas, não ordenadas como “diaconisas”, que ajudavam os diáconos
nas obras de misericórdia, trabalhando diretamente com as mulheres
carentes e necessitadas. É a estas que Paulo aqui se refere.
Fonte: O Tempora! O Mores!
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