A Igreja é fruto da mente de Deus e por isso sua complexidade é enorme e inatingível a mente humana.
Somente
em termos gerais podemos entender o que Deus determinou para a Sua
Igreja e como esta foi idealizada e confirmada em todos os tempos.
A
Igreja como instrumento de Deus para a salvação e para a edificação é
privilégio dado por Deus, sendo que Ele não necessita dela para isso,
mas quis que ela fosse Sua embaixadora neste mundo e a capacita para
esta função e missão.
A vida da Igreja, sua história e sua missão
devem ser alvo de estudo de todo aquele que quer ser um instrumento de
benção nas mãos de Deus e que quer serví-lo com responsabilidade e
sinceridade. Como ela surgiu, como caminhou, como esta hoje, qual sua
missão e o que acontecerá com ela, deve estar bem claro na mente e no
coração de todos os crentes genuínos em Cristo.
1. DEFINIÇÃO DE “IGREJA”:
No grego clássico, a palavra usada no Novo testamento para designar a
Igreja (ekkesia) referia-se simplesmente a uma assembléia dos cidadãos
de uma localidade que era realizada em locais públicos e geralmente
abertos. O equivalente mais próximo do Antigo Testamento (qahal) não é
tanto uma especificação dos membros de uma assembléia, mas uma
designação do ato de se reunirem.
No NT, a palavra Igreja tem dois
sentidos. Por um lado, denota todos os crentes em Cristo em todas as
épocas e lugares. Esse sentido universal é encontrado em Mateus 16:18,
em que Jesus promete que construirá sua igreja, e na figura do corpo de
Cristo, desenvolvida por Paulo. Com maior freqüência, porém, “igreja”
refere-se a um grupo de crentes em dada localidade geográfica. Esse é o
sentido claro em textos como 1 Coríntios 1:2 e 1 Tessalonicenses 1:1.
Várias definições podemos citar, como:
a. Do ponto de vista da Eleição
Segundo alguns teólogos, a Igreja é a comunidade dos eleitos.
Contudo, esta definição tende a ser um tanto enganosa. Ela se aplica
unicamente à Igreja como existe na idéia de Deus e como será completada
no fim dos séculos, e não à Igreja como realidade presente e empírica. A
eleição inclui todos os que pertencem ao corpo de Cristo,
independentemente da sua real e atual relação com ele. Mas os eleitos
que ainda não nasceram, ou que ainda são estranhos a Cristo e não estão
ainda debaixo da proteção da Igreja, não podem ser referidos como
pertencentes à Igreja.
b. Do ponto de vista da Vocação Eficaz
A Igreja é definida como a agremiação dos eleitos que são chamados pelo Espírito Santo.
c. Do ponto de vista do Batismo e Profissão
A Igreja tem sido definida como a comunidade dos que são batizados e
professam a fé verdadeira; ou como a comunidade dos que professam à
religião verdadeira.
Calvino define Igreja como a “multidão de pessoas espalhadas pelo
mundo, que professam adoração a um só Deus em Cristo; são iniciadas
nesta fé pelo batismo, dão testemunho da sua unidade e amor por sua
participação na Ceia; estão de acordo na Palavra de Deus, e pela
pregação dessa Palavra mantêm o ministério ordenado de Cristo”.
2. A NATUREZA DA “IGREJA”:
De ajuda na compreensão da natureza da igreja é uma doutrina claramente ensinada no NT, a unidade da igreja.
Paradoxalmente,
porém, a Igreja, conforme existe hoje no mundo, não parece estar
unificada. Vemos incontáveis denominações, às vezes bem semelhantes
quanto ao ensino, competindo umas com as outras. E os relacionamentos
entre os membros da igreja local são às vezes caracterizados por
indiferença e até hostilidade aberta. Mas sabemos que, como crentes,
devíamos estar perseguindo a unidade, pois essa é a vontade declarada de
Cristo para a igreja.
Alguns entendem a unidade da Igreja como algo
essencialmente espiritual quanto à natureza. Encontram a unidade no fato
de todos os crentes servirem e amarem ao mesmo Senhor.
Embora não
estejam organicamente ligados a outros grupos de crentes e talvez não
atuem juntos em nenhum projeto externo, amam-se uns aos outros, mesmo às
pessoas com quem não tem nenhum contato. Um dia, quando a noiva de
Cristo, a Igreja, for reunida, haverá verdadeira unidade. A unidade, em
outras palavras, aplica-se à igreja universal ou invisível, mais do que à
igreja visível.
A segunda concepção centra-se no reconhecimento e na
comunhão mútua. Essa abordagem dá ênfase ao fato de que, embora as
congregações e denominações sejam separadas umas das outras, possuem
basicamente a mesma fé e, portanto, devem lutar para dar expressão
observável a essa unidade, usando todos os meios possíveis.
Finalmente,
há a concepção de que a unidade da igreja significa unidade orgânica.
Aqui, as congregações se unem numa grande denominação, juntando suas
tradições.
Conclusão: Com certeza, os crentes devem desejar e
buscar a concretização de uma unidade espiritual e, na medida do
possível, o reconhecimento e a comunhão mútua. Cada pessoa e congregação
terão de determinar até que ponto o envolvimento maior e a atividade
cooperativa são coerentes com a preservação de suas convicções bíblicas e
com o cumprimento da tarefa dada pelo Senhor.
3. A DISTINÇÃO ENTRE A IGREJA COMO ORGANISMO E A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO (INSTITUIÇÃO):
Aqui vale ressaltar o
desconhecimento de grande parte dos então chamados evangélicos para essa
distinção. Eles confundem Igreja Organismo com Igreja Organização. As
frases "Eu sou a Igreja", "nós somos a Igreja", "Igreja não são
paredes", "Templo não é Igreja" e outras semelhantes são ditas sem
qualquer conhecimento do que realmente estão falando. No afã de defender
uma concepção, atacam a outra, sem contudo, um exame bíblico
responsável.
As duas concepções são claras na Bíblia.
E é o que examinaremos a seguir:
A
Igreja como organismo tem existência carismática; nela todos os tipos
de dons e talentos tornam-se manifestos e são utilizados na obra do
Senhor. A igreja como organização (instituição), por outro lado, existe
numa forma institucional e funciona por meio dos ofícios e meios que
Deus instituiu. Num sentido, ambas são coordenadas e, todavia, há também
certa subordinação de uma à outra. A Igreja como instituição ou
organização é um meio para um fim, e este fim se acha na Igreja como
organismo, a comunidade dos crentes.
3.1 - A Igreja como “Organismo”:
Alguns teólogos definem este ponto da seguinte forma: “ A Igreja é o
corpo místico de Cristo, do qual Ele é a cabeça viva e do qual os
crentes regenerados são os membros”.
A Igreja assim considerada na
qualidade de organismo é segundo Atos 15:14 “um povo para o seu nome”, o
qual Deus está atualmente tirando dentre os gentios.
Esta
igreja-organismo inclui todos os crentes cristãos autênticos, chamados
de todas as nações. Inclui todos os salvos em todas as épocas e lugares
do planeta, estejam vivos ou mortos.
3.2 - Nomes Bíblicos para a Igreja como Organismo:
O conceito da Igreja como “povo de Deus” destaca a iniciativa de Deus na
escolha das pessoas. No AT, Ele não adotou para si uma nação existente,
mas na realidade criou um povo para si. Ele acolheu Abraão e, depois,
por meio dele, fez surgir o povo de Israel. No NT, esse conceito de Deus
escolhendo um povo é alargado, passando a incluir tanto judeus como
gentios na Igreja.
Este conceito de Israel e a Igreja como povo de
Deus contém algumas implicações. Deus se orgulha deles. Ele provê
cuidado e proteção a seu povo; ele o mantém “como a menina dos olhos”
(Dt. 32:10).
Talvez essa seja a representação mais extensa da Igreja. Salienta que a
Igreja é agora o centro da atividade de Cristo, assim como seu corpo
físico a centralizava durante seu ministério terreno. Salienta também a
ligação da igreja como um grupo de crentes, com Cristo. Esta
representação comporta alguns aspectos:
a) Cristo é a ou o cabeça desse Corpo (Cl. 1:18) do qual todos os crentes, como indivíduos, são membros ou partes.
b) Existe a ligação mútua entre todas as pessoas que compõem a Igreja.
Não existe algo como uma vida cristã isolada, solitária.
c) O Corpo deve ser caracterizado pela comunhão genuína. Deve haver empatia e encorajamento (edificação).
d) O Corpo deve ser unido.
e) O Corpo de Cristo é Universal. É para todos os que chegarão a ele.
Já não há requisitos especiais como nacionalidade (Cl 3:11).
f) Sendo o Corpo de Cristo, a Igreja é a extensão de seu ministério.
- O Templo do Espírito Santo
Após a obra impressionante do Espírito no Pentecostes, o mesmo Espírito
continua trabalhando pessoas para a Igreja (1 Cor. 12:13). A Igreja é
agora habitada pelo Espírito, tanto no aspecto individual como no
coletivo.
O Espírito também é, em certo sentido, o Soberano da Igreja, pois é Ele
quem equipa o corpo, dispensando os dons que, em alguns casos são
pessoas para preencher vários ofícios e, em outros, são habilidades
especiais. Ele decide quando um dom será concedido e a quem ele será
conferido. E finalmente, torna a Igreja santa e pura (1 Cor. 6:19,20).
Designação que provavelmente data da época de Agostinho, referente ao
total de crentes genuínos, vivos e mortos, unidos pelo Espírito Santo ao
corpo de Cristo. Ao contrário da Igreja Visível que é histórica e
representa a união localizada de pessoas que professam a fé em Cristo,
estando elas verdadeiramente nEle ou não.
A Igreja Invisível não pode ser observada externamente porque seus
membros são conhecidos apenas pelo próprio Deus, que vê a fé interior e
não apenas a profissão de fé exterior.
- Jerusalém de cima ou Nova Jerusalém ou Jerusalém Celestial
Todas estas três formas se acham na Bíblia (Gl. 4:26; Hb. 12:22; Ap.
21:2). No AT Jerusalém era descrita como o lugar onde Deus habitava
entre querubins e onde, simbolicamente, Ele tinha contato com seu povo.
O NT, evidentemente, considera a Igreja como reprodução exata da Jerusalém do AT e, daí, lhe dá o mesmo nome.
De acordo com esta descrição, a Igreja é o lugar de habitação, embora ainda parcialmente na terra, pertence à esfera celestial.
- Coluna e Baluarte da Verdade
Há apenas um lugar em que o nome é aplicado à Igreja, a saber, 1 Tim. 3:15.
Refere-se à Igreja em geral e, portanto, aplica-se a cada parte dela. A
figura expressa o fato de que a Igreja é guardiã da verdade, cidadela da
verdade e defensora da verdade contra os inimigos do Reino de Deus.
3.3- A Igreja como Organização ou Instituição:
A Igreja como organização também designada de Igreja Visível é a que
inclui todos os membros batizados das congregações locais, que estão
vivos atualmente.
Esta Igreja é formada pelas diversas denominações
verdadeiramente bíblicas, que professam a mesma fé e que servem ao mesmo
Deus e Senhor, em todos os lugares do planeta.
A Igreja como
organização é composta destas denominações ou grupos, cada uma com suas
particularidades e características próprias quanto a esta organização ou
instituição.
Dentre estas características próprias encontra-se o governo da Igreja.
Veremos a seguir os existentes:
Episcopal: na forma episcopal, a autoridade
reside no bispo. Há vários graus de episcopado, ou seja, há variações
quanto ao número de níveis de bispos. A forma mais simples de governo
episcopal é encontrada na igreja Metodista, que só possui um nível de
bispos. Um pouco mais desenvolvida é a estrutura governamental da Igreja
Anglicana ou Episcopal, enquanto a Igreja Católica Romana possui o
sistema mais completo de hierarquia, com a autoridade investida
especialmente no sumo pontífice, o bispo de Roma, o papa.
Presbiteriana:
O sistema presbiteriano de governo da igreja também coloca a autoridade
em determinado ofício, mas o ofício individual e o detentor do ofício
destacam-se menos que uma série de grupos representativos que exercem
tal autoridade. Esta autoridade é exercida numa série de concílios. No
âmbito da Igreja local, o conselho ou o consistório é o grupo
responsável pelas decisões. Este sistema difere do episcopal no fato de
existir só um nível de clero. Só existe o Presbítero docente (o pastor)
ou o Presbítero regente. Não existem níveis mais altos, como o de bispo.
Congregacional:
Esta forma destaca o papel do cristão como indivíduo e tem a Igreja
local como centro de autoridade. Dois conceitos são básicos: o de
autonomia e o de democracia.
Seguindo estes princípios, cada Igreja Local chama seu próprio pastor e
determina seu próprio orçamento. O princípio de democracia baseia-se no
sacerdócio de todos os crentes que, entendem, ficaria prejudicado, caso
bispos ou presbíteros recebessem prerrogativa de tomar as decisões.
Obs: Existem também outras formas intermediárias de governo da igreja mesclando duas e até as três formas mencionadas.
Portanto, a Igreja Organização é
necessária para reunião da Igreja Organismo aqui nessa terra, para
congregar em locais específicos grupos de cristãos com o objetivo de
culto, adoração, louvor, ensino, serviço e ajuda social e além disso,
intervindo nas comunidades diversas com sua solidariedade, fraternidade e
amor cristãos.
Os templos, salões, casas ou
demais locais físicos, dessa forma, não são nada mais que locais de
encontro, adoração e edificação. Sua utilidade e relevância não devem
ser negligenciadas por ser essa uma estratégia do Espírito Santo para a
expansão e propagação do Evangelho de Cristo nessa terra desde os dias
dos primeiros cristãos. Uma leitura responsável e atenta de Atos dos
Apóstolos, bem como sua vinculação e concordância a todo NT revelará
essa verdade.
A Igreja organizada é a
expressão visível da Igreja de Cristo (Invisível), revelando-se ao
mundo como a Embaixadora de Deus e proclamadora de Sua Verdade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temos que lembrar como Deus idealizou a Igreja e buscar obedecê-lo.
A
Igreja invisível está visível aos olhos de Deus e devemos trabalhar
para que a Igreja que vemos seja considerada por Ele parte deste
organismo vivo que é a Igreja de Cristo.
A Igreja não deve ser concebida primeiramente como um fenômeno sociológico, mas como uma instituição estabelecida por Deus.
Por conseguinte, sua essência deve ser determinada não por uma análise de suas atividades, mas pelas Escrituras. Sola Scriptura!
A
Igreja existe por causa de seu relacionamento com o Deus Triúno. Ela
existe para cumprir a vontade do Senhor no poder do Espírito Santo. Ela é
a continuação da presença e do ministério do Senhor no mundo.
A
Igreja deve ser uma comunhão de crentes regenerados que demonstram as
qualidades espirituais de seu Senhor. A pureza e a devoção devem receber
destaques.
E finalmente, a Igreja, embora seja uma criação divina, é
composta de seres humanos imperfeitos. Ela não alcançará perfeita
santificação ou glorificação até o retorno do seu Senhor.
Sendo
participantes desta Igreja, passemos a atuar de forma constante e
objetiva, visando a glória de Deus e a salvação dos perdidos.
Busquemos
amar e fortalecer os laços entre irmãos e aguardemos com paciência a
volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o noivo o qual levará a
noiva, sua Igreja, pura e imaculada para eternamente estarem juntos.
Maranata! Ora vem Senhor Jesus!
Pr. Magdiel G Anselmo.
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