Só os músicos são levitas?
>> terça-feira, 16 de outubro de 2012
Por Alex Belmonte
Há um enorme equívoco no meio evangélico
que se enraizou na mente de alguns crentes, quando o músico, ou
ministro de louvor é exclusivamente chamado de levita da casa de Deus.
Assim como muitos erros de interpretação bíblica causaram enormes
contradições pela falta de harmonização de textos com contextos, apesar
do caso aqui exposto se tratar de contexto remoto, gramatical, histórico
e cultural, a comparação feita especialmente do músico atual para com o
levita da Bíblia é mais um exemplo disso.
Mas, quem
eram, de fato, os levitas descritos na Bíblia? O que eles realmente
faziam? Que ligações possuem os levitas das Escrituras com os “levitas”
de nossos dias? Quais os equívocos causados quanto ao assunto em
questão?
Os levitas eram os membros da tribo de
Levi, terceiro filho do patriarca Jacó. Formavam uma tribo separada, sem
território, sem herança terrena, sem recenseamento com as demais
tribos, porque tinham a benção do alto privilégio de ter o Senhor como
sua posse (Dt. 10.9). Era a tribo dos sacerdotes (cohanim), descendentes de Arão, por sua vez descendente de Levi (Ex. 29.44; Nm. 3.10). Isso quer dizer que todo sacerdote (cohen)
era levita, mas nem todo levita era sacerdote (Nm. 3.6ss). É claro que
encontramos pequenos resquícios literários de sacerdotes que não eram
levitas, principalmente na época dos juízes e no início da monarquia,
mas isso é um outro assunto.
As funções dos levitas
O Dr. Henry Hampton Halley, no “Manual
Bíblico de Halley” mostra que o ministério levítico era amplo em suas
atividades, diferente em relação ao que se pensa em nossos dias. Os
levitas tinham uma atividade honrosa que compreendia: o serviço no
santuário (Nm 3.6; 1º Cr 15.2) o auxílio nos sacrifícios (Jr. 33.18,22),
no transporte da Arca da Aliança, na responsabilidade para com o ensino
da Lei (Dt 31.9; 22.10), na música (1ª Cr. 25.1) e, no uso da
autoridade para abençoar. “Parece, portanto, que os deveres dos levitas
incluíam tanto o serviço de Deus como um papel de relevância no governo
civil”, conclui Dr. Halley (Manual Bíblico de Halley – p. 222, Ed. Vida – 9ª reimpressão 2011).
Davi foi o responsável por inseriu a
música como parte integrante do culto, afinal, ele era músico e
compositor desde a sua juventude (1º Sm.16.23). Atribuiu a alguns
levitas a responsabilidade musical. No 1º livro das Crônicas capítulos
9.14-33; 23.1-32; 25.1-7, vemos diversas atribuições dos levitas. Havia
então entre eles porteiros, guardas, padeiros, cantores, instrumentistas
e até o tesoureiro era levita (1ª Cr. 26.20-28; 2º Cr. 5.13; 34.12).
Os levitas em nossos dias
Deixo bem claro que o ministério
levítico descrito na Bíblia, teologicamente interpretado, não possui
sequer nenhuma ligação com os chamados “levitas cristãos” de nossos
dias. A começar pela ampla organização ministerial, postura, atividade,
contexto histórico, religioso e cultural, promessas bíblicas, seleção,
critérios, períodos e épocas.
Mas, não poderia deixar de considerar a
forma do uso atual, pois, se torna importante esclarecer aqui, que a
verdade no que tange ao “levitismo evangélico”, ficou obscura por causa
do erro interpretativo das Escrituras propagado pelos não estudantes da
Bíblia. Ou seja, se queremos assim considerar o ministério levítico em
nosso meio, á luz da Palavra de Deus, todos os que servem em qualquer
ministério relacionado ao culto e ao templo, podem e devem ser chamados
também de “levitas”.
A falsa ideia de que apenas músicos são
levitas, mais uma vez considerando teologicamente o assunto no contexto
atual, é totalmente contrária aos textos e relatos bíblicos. E mais, se
torna um fato irônico chamar de levita aquele músico que, muitas vezes,
exerce seu ministério na igreja tendo uma irreverência explícita no
próprio culto, confundindo a adoração coletiva com seu show particular
e, ignorando o conhecimento teológico e profundo da Palavra, o que o
distancia mais ainda dos levitas bíblicos que possuíam grande sabedoria
das Escrituras e extrema visão espiritual.
Concluo expressando o desejo de que os
verdadeiros cristãos, que buscam para si a mesma nomeclatura do chamado
levítico, possam exercer seus ministérios de uma forma em que suas ações
possam refletir, pelo menos, uma expressiva parcela da
responsabilidade, zelo, dedicação e compromisso dos levitas da Bíblia
Sagrada.
Fonte: Napec
1 comentários:
Muito bom!
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