“Haja luz”: uma síntese teológica de Gn 1.3
>> segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
No
princípio, quando a terra era sem forma e vazia, o primeiro mandamento
de vida de Deus foi: “Haja luz”, chamado na Bíblia hebraica de ‘or, na Septuaginta grega de genetheto fos e na Vulgata latina de fiat lux. E houve luz, conforme o relato fidedigno e inerrante das Escrituras.
De acordo com Gênesis 1, nos primeiros três dias da criação DeusElohim criou
os reinos e só depois, nos três últimos dias, os reis; ou seja, no
primeiro dia Deus criou a luz (reino) e no quarto os luzeiros – sol,
lua, estrelas – (reis); no segundo dia formou céus e águas (reinos) e no
quinto as aves e os peixes para desfrutarem deles (reis); no terceiro
dia fez separação entre terra e mares (reinos) e no sexto dia formou o
homem e a mulher para governarem sobre eles (reis). No sétimo dia, o
Deus Criador que reina sobre tudo e todos, descansou.
A pergunta que se faz muitas vezes é: De onde veio a luz de Gênesis 1.3 se o rei sol foi criado somente no quarto dia? Norman Geisler e Thomas Howe, em seu Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia,
dizem que é possível que o sol “já existisse desde o primeiro dia,
tendo somente aparecido ou se feito visível (com a dissipação da
neblina) no quarto dia”. E
concluem: “Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível
ver o sol”. É certo que vemos luz mesmo num dia nublado, todavia, a
afirmação de que o sol pudesse existir desde o primeiro dia da criação
não procede porque a Bíblia afirma que Deus criou os luzeiros, entre
eles o sol, no quarto dia (Gn 1.14-19).
Ora,
não seria nenhum absurdo supor que a luz do primeiro dia da criação
emanou-se do próprio Deus, isto é, a manifestação da glória de Deus em
forma de luz. Parece que João tinha isso em mente quando diz que “Deus é
luz” (1Jo 1.5). E igualmente Tiago ao chamá-lo de “Pai das luzes” (Tg
1.17). Em Apocalipse 22.5, a luz de Deus sobressai ao sol na nova
Jerusalém: “Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz da
candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e
reinarão pelos séculos dos séculos”.
Vale
ressaltar que a origem do tempo (kronos) – o surgimento do dia e a
noite – não se inicia com a criação dos luzeiros (sol, lua e estrelas),
mas a partir da luz de Gênesis 1.3. Os luzeiros que foram criados no
quarto dia seriam agentes propagadores da luz do primeiro dia. É como se
disséssemos: Jesus (a Luz do mundo), veio a este mundo para salvar
pecadores, porém, deixou na terra homens e mulheres (luzeiros) que o
amam – seus agentes – para continuarem sua obra (cf. Mt 5.14-16; Jo 1.4;
8.12; 9.5; Fp 2.14,15).
Note,
ainda, a simetria entre o primeiro e quarto dias da criação: “Disse
Deus: Haja luz, e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fezseparação entre a luz e as trevas.
Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o
primeiro dia” (Gn 1.3-5, itálicos acrescentados). “Disse também Deus:
Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite;
e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. E sejam para
luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez.
Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o
menor para governar a noite; e fez também as estrelas. E os colocou no
firmamento dos céus para alumiarem a terra, para governarem o dia e a
noite e fazeremseparação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom. Houve tarde e manhã, o quarto dia” (Gn 1.14-19, itálicos acrescentados).
Sabemos
que toda a criação se deu de forma repentina e proveniente do nada. Ela
não deriva de elementos criados já existentes, mas apenas de Deus. É o
que os estudiosos cristãos chamam de creatio ex nihilo (criado do
nada). Houve um tempo em que a luz não existia, porém, a partir de
Gênesis 1.3 ela passou a existir. O mesmo se deu com todas as coisas
criadas por Deus (Sl 33.6-9; Hb 11.3).
Aqueles
que negam os seis dias literais da criação (ao contrário do que diz Êx
20.9-11) também deviam estar atentos ao fato de que Deus realmente não
precisou de muito tempo para criar, tendo como exemplo, a própria luz.
Não existe no universo fenômeno mais rápido que a luz. Sua velocidade é
de 320.000 km/s, ou seja, uma única piscada de olho é suficiente para a
luz dar sete voltas em torno da terra
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