Catolicismo Romano e seu purgatório antibíblico
>> domingo, 14 de outubro de 2012
Por - Fernando Galli
Conhecer a doutrina Católica Apostólica Romana tem sido para mim uma
bênção. Tenho aprendido muito com o Catecismo Católico e com ele tenho
conseguido levantar muitas verdades bíblicas. Além delas, tenho
encontrado também erros de interpretação, dos perfeitamente
compreensíveis devido às limitações humanas até os mais perigosos à
doutrina cristã.
Um desses ensinos perigosos à doutrina cristã é a Crença de um
Purgatório. Se você for um irmão Católico Romano, por favor, compreenda
que de modo algum quero ofendê-lo por refutar uma crença da qual a
Palavra de Deus jamais ousou ensinar. Portanto, acompanhe passo a passo a
refutação da definição que o Catecismo Católico dá sobre Purgatório.
A Purificação Final ou Purgatório
Os textos a serem refutados a seguir foram extraídos da obra Catecismo da Igreja Católica, página 290, cânons 1030 e 1031, páginas 290, 291, Edições Loyola, São Paulo, Reimpressão de 2004.
ARGUMENTO CATÓLICO ROMANO - "Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados."
REFUTAÇÃO CRISTÃ - A fé católica (universal) protestante e evangélica discorda da necessidade de as almas já salvas passarem por uma purificação a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. Por quê? A Bíblia ensina ser a fé que santifica o crente. Paulo diz ter ouvido de Jesus a expressão "para que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim". (Atos 26:18) Então a Fé Católica Romana contra-argumentaria que é Jesus que santifica o salvo, mas gradativamente, parte aqui na terra, o restante no Purgatório. Mas onde a Bíblia ensina isso?
A Bíblia menciona santificação enquanto vivos, não depois de mortos. Por exemplo, Paulo diz aos romanos "apresentai agora os membros do vosso corpo como escravos da justiça para santificação". (Romanos 6:19) Enquanto vivos é que somos santificados. Paulo também fala de "os gentios sejam aceitáveis a Deus como oferta santificada pelo Espírito Santo"
(Romanos 15:16) Será que o Espírito Santo não santifica o necessário
para alguém ir direto ao paraíso? Em 1 Coríntios 1:2 lemos que a carta
se destina aos "santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos".
Será que Jesus também não os santifica o suficiente a ponto de
precisarem fazer um pit-stop no Purgatório? Ainda aos coríntios, Paulo
afirma que eles foram "lavados, santificados e justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus". (1 Coríntios 6:11) Isto não é suficiente para receber o perdão dos pecados e levar a alma ao paraíso?
É verdade que a santificação é gradativa. Paulo escreve aos cristãos
tessalonicenses, tão santificados quanto os cristãos coríntios, que Deus
queria deles a santificação. (1 Tessalonicenses 4:3) Todavia, a obra de
Cristo na cruz permite o grau de santificação necessário para a
salvação do crente e para levá-lo direto ao paraíso, pois se Jesus nos
purifica de todo o pecado (1 João 1:7), por que deveríamos crer numa
purificação adicional de Cristo no pós-vida? Por isso, Jesus Cristo, por
sua morte (oferta), aperfeiçoa de uma vez para sempre os que estão
sendo santificados. (Hebreus 10:14) Quando ele, então aperfeiçoa de uma
vez para sempre - quando morreu na cruz ou termina essa obra de
aperfeiçoamento num suposto Purgatório? Evidentemente que na cruz. Então
para que o Purgatório?
ARGUMENTO CATÓLICO ROMANO - "A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura [1 Coríntios 3:5 e 1 Pedro 1:7), a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro (São Gregório Magno)."
REFUTAÇÃO CRISTÃ - A questão não é quando e onde a Igreja
formulou a doutrina do Purgatório. O problema reside no fato de tal
doutrina ser extraída de cultos pagãos, o que não tem nada a ver com a
santificação de uma igreja que reivindica ser a única Igreja de Cristo:
Una, Santa, Católica e Apostólica. Ormuz diz a Zoroastro que os
perversos passariam pelo fogo para serem purificados. A ideia de
purificação, em si, após a morte existe em Platão quando fala daqueles
nesta vida que não foram bons nem perversos irem ao Rio Aqueronte para
serem purificados. Depois Platão chegou afirmar que ninguém poderia ser
perfeitamente feliz após a morte se não tivesse seus pecados plenamente
expiados. E se formos mais a fundo, veremos ideias similares entre os
egípcios e os mesopotâmios.
Mas e quanto ao texto de Mateus 12:32? Usar ali a expressão "nem no século presente nem no século futuro"
para significar que uns pecados poderão ser perdoados no pós-vida é por
na boca de Jesus o que não pretendeu dizer. Conforme comentaram Charles
Hodge e Norman Geisler & Ron Rhodes:
"Dizer que algo não pode acontecer nem agora nem depois, nem neste mundo nem no vindouro, é uma maneira familiar de dizer que nunca pode acontecer, sob nenhuma circunstância. Nosso Senhor disse simplesmente que a blasfêmia contra o Espírito Santo jamais poderá ser perdoada." [1]
"De acordo com o ensino católico, o purgatório envolve apenas pecados veniais, mas este não é um pecado venial; é mortal, sendo eterno e imperdoável. Como é possível que uma declaração a respeito da impossibilidade de um pecado mortal na vida vindoura se constitua a base para um argumento que diz que pecados não mortais serão perdoados? [...] Como é possível que uma passagem que não fala a respeito de punição para os salvos após a morte seja utilizada como base para a crença no purgatório, a qual afirma existir punição para os salvos?" [2]
Além disso, como admitir que uma pessoa salva foi para o pós-vida com pecados não perdoados, se Cristo já a justificou e a considerou salva?
Em 1 Coríntios 3:15, lemos o seguinte:
"Se a obra de alguém se queimar, este sofrerá prejuízo, mas será salvo, como alguém que passa pelo fogo."
Então, quer a Igreja Católica Apostólica Romana apregoar com este texto que o sofrimento por fogo no purgatório, evidentemente em escala muito menor que o do inferno, purificará os salvos e os preparará para terem maior santidade e entrar na alegria do céu.
Mas o que é queimado aqui segundo o texto: A obra ou a alma da pessoa? A
obra. O contexto fala do fogo do Juízo (versículo 13, na expressão "aquele dia"). Mas a doutrina do Purgatório afirma que a alma é que sofrerá para
purificar-se. O ensino de Paulo aqui é: No dia do juízo, e não no
Purgatório, sofremos perdas, mesmo sendo salvos, devido às nossas obras
más. Apenas isso. Deixaremos de ganhar certas recompensas caso haja
obras queimadas pelo fogo. Assim, a consequência desse fogo é o prejuízo
diante das obras más, não a purificação que leva o salvo de um suposto
Purgatório para o céu.
O Catecismo Católico cita também 1 Pedro 1:7 em favor da crença num Purgatório. Lemos ali:
"Para que a comprovação da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo."
Sem o versículo anterior, não temos a compreensão de quando ocorre essa provação: antes ou depois da morte? Vejamos:
"Nisso exultais, ainda que agora sejais necessariamente afligidos por várias provações por um pouco de tempo, para que a comprovação da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo." - 1 Pedro 1:6, 7.
E a interpretação é simples e nada tem a ver com Purgatório. A aflição e as provações ocorrem nesta vida, não numa futura. D. A. Carson Comenta:
"Essas bênçãos de Deus podem levar à alegria e exultação em meio às
dificuldades. O propósito das provações terrenas é peneirar e separar o
que é genuíno em nossa fé. Isso, por sua vez, resultará em louvor,
glória e honra, tanto para Jesus quanto para a pessoa que sofreu, no dia
da revelação de Jesus Cristo." [3]
Há ainda outro texto usado pelos Católicos Romanos e se encontra em Apocalipse 21:27. Lemos ali:
"Nela não entrará coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira, mas somente os inscritos no livro da vida do Cordeiro."
Argumentam: Como a alma de uma pessoa que acabou de falecer pode abandonar suas mágoas, as más lembranças, e sua tendência para o pecado do nada? Impossível! Por isso, antes de entrar na alegria do céu, precisam aprender a se livrar desses resquícios da vida terrena. Com todo o respeito à fé romana, não seria melhor ter inventado um modo mais bondoso para Deus purificar o coração dessas almas?
Por exemplo, poderia ser através de conversas com seres angelicais, ou
em encontros com as almas dos servos pré-cristãos como Abraão, Moisés e
Davi. Ou quem sabe com o primeiro salvo na história cristã, aquele
ladrão na cruz que teve tempo apenas para se arrepender e pedir a Jesus
que se lembrasse dele quando Jesus entrasse em seu reino. Aqui os
católicos até procuram ensinar: "Se o ladrão admite que Jesus precisaria
se lembrar dele, é porque Jesus estaria num lugar (céu) e o bandido no
outro (purgatório). Todavia, a resposta de Jesus fulmina essa falácia: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." - Lucas 23:42, 43.
Mas a Igreja Católica foi criar um meio de purgar os pecados da vida
terrena de uma forma bem parecida a um inferno com ar condicionado, ou
seja, com um fogo mais suave. Que absurdo uma alma salva ter que sofrer
para se santificar mais e se purificar através do fogo do Purgatório.
ARGUMENTO CATÓLICO ROMANO - "Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu] mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2 Mc 12,46). Desde os defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus."
REFUTAÇÃO CRISTÃ - Como poderíamos acreditar em 2 Macabeus
como um livro inspirado e, portanto, portador apenas de verdades para o
povo de Deus, se o autor termina com os seguintes dizeres sobre sua
narração:
"Terminei com isto a minha narração. Se ela está felizmente concebida e ordenada, como convém a uma história, este era o meu desejo; mas se está imperfeita e medíocre, seja-me revelada a falta." - 2 Macabeus 15:38, 39.
Todavia, suponhamos que Judas Macabeu realmente tivesse mandado fazer tal sacrifício em favor dos que haviam morrido. Será que isso provaria a doutrina do Purgatório? Não, pois tal ato não é corroborado pelas Escrituras. Se fez, errou, e quem sabe se o fez por influência de povos pagãos ao seu redor que criam ser possível ajudar na purificação de seus mortos.
ARGUMENTO CATÓLICO ROMANO - "A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos: Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1,5), por que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles (São João Crisóstomo)."
REFUTAÇÃO CRISTÃ - Em primeiro lugar, no caso de Jó, o ato de oferecer sacrifício a seus filhos vivos não é uma passagens prescritiva, mas sim descritiva. Não se pede ou ordena que façamos o mesmo, mas apenas narra em que Jó cria. Em segundo lugar, em parte alguma do livro de Jó, depois que os filhos dele morrem, vemos Jó oferecendo sacrifícios ou indulgências a eles. Portanto, não faz o menor sentido o uso de Jó 1:5 em favor de uma doutrina jamais apregoada na Palavra de Deus.
Conclusão
Ao falar sobre as verdades bíblicas aos católicos praticantes ou
nominais, que já creem em Jesus como o único e suficiente salvador,
precisamos orientá-los a viver essa crença de fato. Precisamos
elogiá-los por sua fé em Jesus, mas raciocinar com eles sobre a
suficiência do sacrifício de Jesus, e que somente Ele pode nos salvar.
Quanta incoerência com esta crença o fato de orações e indulgências
serem meios de purificar e santificar por completo o que apenas a obra
de Cristo na cruz pode fazer.
Por último, gostaria de que todos os cristãos protestantes e evangélicos
adquirissem o Catecismo Católico, para aprenderem em que realmente
creem os romanistas. Já vi apologistas e professores protestantes e
evangélicos ensinarem que segundo a Igreja Católica as almas no
purgatório podem ser salvas e irem ao céu ou para o inferno, dependendo
do comportamento delas lá. Não é isto que o Catequismo Católico Romano
ensina. Também há quem entre nós diga: "O purgatório é uma nova chance,
para os romanistas, de serem salvos." Também não é nisto que os
católicos creem. Para eles, quem está no purgatório já tem a salvação
garantida e serão purgados para consolidar essa salvação.
Que Deus nos faça conhecedores da Palavra e das doutrinas errôneas. Este
diálogo sadio entre verdades e mentiras nos fazem crescer na fé e
capacita-nos a dialogar com nossos irmãos católicos, que mesmo crendo em
Jesus Cristo como Salvador, não compreendem que tal doutrina do
purgatório se choca com as Escrituras. - Fernando Galli.
______________
[1] HODGE, Charles. Teologia Sistemática. Página 1574. São Paulo : Hagnos, 2001.
[2] GEISLER, Norman & RHODES, Ron. Resposta às Seitas. Páginas 178, 179. CPAD : Rio de Janeiro, 2000.
[3] CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. Página 2059. São Paulo : Vida Nova, 2009.
- Sobre o autor: Fernando Galli,
cristão batista, 42 anos, casado com Roberta. Escritor. Bacharelando em
teologia no Seminário Batista Regular. Palestrante sobre seitas e
religiões mundiais. Graduado e professor do Instituto Haggai. Resposável
pelo Instituto Apologético Cristo Salva.
Fonte: IACS
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