A História do Inferno: 1800 e 1900 d.C.
>> sábado, 18 de agosto de 2012
O que os cristãos creram a respeito do inferno ao longo da história?
Após uma introdução das três principais visões
sobre o inferno, apresentamos aqui grandes nomes da história e o que
defendiam sobre o assunto. (acesse a introdução para ver o índice)
George MacDonald (1824-1905)
Pastor,
novelista, escritor de fantasias e discípulo de F.D. Maurice, George
MacDonald é mais bem conhecido hoje por sua profunda influência sobre
C.S. Lewis e outros escritores cristãos do século XX.
O ponto inicial da teologia de MacDonald era o amor universal de Deus, o
qual “está sempre fazendo o seu melhor por todos os homens”, fazendo
com que todas as coisas cooperem para a salvação de cada um de seus
filhos. Citando Hebreus 12.29, MacDonald sustentava que o “fogo
consumidor” de Deus é, na verdade, a inexorável pureza do seu amor, o
qual extingue todas as impurezas nos amados, destruindo aquilo que não é
amável: “Deus os ama de tal maneira, que os purificará no fogo”. Toda
punição existe tendo em vista o arrependimento.
Para MacDonald, o inferno é um estado mental do ser que começa na terra
para muitas pessoas, e pode continuar após a morte de uma maneira muito
mais intensa. O indivíduo no inferno é um objeto do amor de Deus tanto
quanto o mais santo dos santos, mas esse indivíduo, ao resistir a Deus,
experimenta aquele amor como ira. O inferno não é um lugar de tormentos
sem fim, mas uma condição temporária de sofrimento purgatorial. “Eu
creio que a justiça e a misericórdia são simplesmente uma e a mesma
coisa… Eu creio que o inferno existe para servir a justa misericórdia de
Deus em redimir os seus filhos.”
Para MacDonald, mesmo o abismo mais sombrio do inferno existe para um
propósito: para trazer os pródigos aos pés de seu Pai, de boa vontade e
com um novo amor. “Deus, na escuridão, pode fazer um homem sedento pela
luz, aquele homem que na luz não busca outra coisa, senão a escuridão”.
No final, MacDonald concluía, mesmo o diabo iria arrepender-se e
voltar-se para o seu Mestre, e o próprio inferno seria destruído.
Finalmente, o amor do Pai seria vitorioso.
“Ensaios e Resenhas” vs. a Declaração de Oxford
O altamente controverso volume Ensaios e Resenhas (1860) trouxe
as questões relativas à inspiração da Escritura e à punição eterna para
o debate público. O pensador liberal Henry Bristow Wilson sustentava
que, em um tempo no qual os cristãos ocidentais descobriam mais e mais
acerca do mundo não-cristão, fazia-se necessário reconsiderar os dogmas
tradicionais relacionados à punição eterna. Ele sugeria como alternativa
a possibilidade de um desenvolvimento espiritual adicional após a
morte, uma espécie de “segunda chance” escatológica.
Em resposta à controvérsia dos Ensaios e Resenhas, 11.000
clérigos da Igreja da Inglaterra assinaram a Declaração de Oxford, em
1864, afirmando a sua crença “de que a ‘punição’ dos ‘ímpios’,
semelhantemente à ‘vida’ dos ‘justos’, é ‘eterna’.
F.W. Farrar (1831-1903) vs. E.B. Pusey (1800-1882)
No
final dos anos 1870 e 1880, um conhecido debate acerca da tradicional
doutrina da punição eterna se deu entre F.W. Farrar, cônego de
Westminster, e E.B. Pusey, líder do Movimento Oxford na Igreja da
Inglaterra. Farrar pregou uma série de sermões que posteriormente foram
publicados no livro Esperança Eterna. Na obra, ele defendeu
aquilo que acreditava ser o âmago da visão bíblica do inferno: “Que há
uma terrível retribuição ao pecado impenitente, tanto nesta vida quanto
após ela; que sem santidade nenhum homem pode ver o Senhor; que o pecado
não pode ser perdoado até que o indivíduo se arrependa dele e o
abandone; que a sentença que advém em razão do pecado é tanto
misericordiosa quanto justa.”
Ele rejeitava, todavia, as ideias de que o inferno é um lugar de
tormento corporal e eterno e que a maioria dos seres humanos acabarão
lá. Ele desejava manter aberta a possibilidade de arrependimento após a
morte. Muitas pessoas interpretaram o livro como se ele ensinasse o
universalismo, apesar do fato de Farrar insistir que ele rejeitava tanto
o universalismo como o condicionalismo.
Em refutação, Pusey publicou uma defesa acadêmica do ensino tradicional da igreja, com o título O que a fé ensina acerca da punição eterna?.
Pusey sustentava que a doutrina ortodoxa não exigia que crêssemos que a
punição será física, tampouco ela prediz quantos serão salvos ou
condenados. Nós talvez nunca saibamos quantas pessoas estão em um estado
de graça ou se arrependem em seus leitos de morte. Acerca daqueles que
nunca ouviram o evangelho, ele insistia que “cada alma será julgada por
ter respondido ou não à medida de luz que Ele lhe concedeu”. Contra
Farrar, ele asseverou que o inferno é eterno e que o destino de cada
indivíduo é determinado no momento da morte.
Adventistas do Sétimo Dia (formalmente estabelecidos em 1863)
A Igreja Adventista do Sétimo Dia brotou a partir do movimento
millerista ocorrido nos Estados Unidos durante o século XIX (William
Miller previu a segunda vinda de Cristo entre 1843 e 1844). O seu nome
reflete a sua observância do sábado (o sétimo dia) como o dia do
descanso (shabbat) e a sua ênfase no retorno iminente e premilenista de Cristo.
Uma das crenças distintivas dos adventistas é a imortalidade condicional
ou aniquilacionismo: o ser humano é uma unidade indivisível e não
possui uma alma imortal que existe após a morte. Apenas Deus é imortal e
assegura a vida eterna aos redimidos na ressurreição, quando Cristo
retornar. Aqueles que morrem entram em um estado inconsciente até lá, e
os não redimidos ressuscitarão no final do Milênio, quando o fogo de
Deus os destruirá.
© 2011 Christian History. christianhistorymagazine.org | Usado com permissão.Tradução: voltemosaoevangelho.comPermissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
0 comentários:
Postar um comentário