Como você vê o missionário?
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>> segunda-feira, 3 de junho de 2013
Kelem Gaspar
Há crentes, ministérios, pastores e igrejas que veem o missionário como um cidadão de segunda classe, alguém que não “deu certo” aqui e aventurou-se pelo campo missionário por pura incompetência. Claro que se a visão é essa, ninguém tem o menor desejo de orar, contribuir ou ajudar. Dá-se qualquer coisa, doa-se para o missionário, sem o menor pudor ou vergonha, o ventilador sem hélice, a roupa usada em péssimo estado, a geladeira sem motor, o ferro sem resistência, enfim, tudo o que é sem valor ou que dificilmente teria alguma utilidade. Crentes semeando lixo na obra mais importante da terra, investindo sobras na obra pela qual o Cordeiro deu sua vida. Na verdade, eu não tenho medo de afirmar que essa história que missionário tem que ser miserável para provar sua devoção, que o missionário deve andar mal vestido, passar fome e, depender da caridade alheia para sobreviver nasceu no inferno. É do diabo essa forma de pensar, e ele tem feito um excelente trabalho de marketing, porque são muitos os cristãos que pensam dessa maneira. Uma vez, enquanto eu estava no campo missionário nas inóspitas selvas bolivianas, recebi de uma irmã um par de sapatos de cores e modelos diferentes, amarrados com uma cordinha e com um bilhete que dizia: missionária, aqui está esse par de sapatos, sei que são diferentes, mas você não se importa, não é? Afinal de contas, você é missionária...
Encontrei
cero dia, um amigo, também missionário, em uma feira na cidade boliviana
de Guajará Mirim, ele estava indo dirigir uma reunião com os índios
quéchuas, quando parei para cumprimenta-lo, percebi que ele usava uma
calça jeans muitos números maior que o seu manequim, quando lhe
perguntei o porquê, ele me disse que uma irmã, proprietária de uma
grande loja, havia percebido que ele só tinha uma calça e lhe ofereceu
uma, que por sinal, ela nunca havia conseguido vender, por ser muito
grande e feia. Olhe aí, o marketing do diabo dando certo novamente. Não
presta? Doe para missões. Está velho demais? O missionário reaproveita.
Quebrou? Dê para o filho do missionário. Rasgou? A missionária remenda.
Uma oferta assim agride a santidade de Deus, Ele deu seu único filho por
essa obra, Jesus deu sua vida para torna-la possível e nós não podemos
desvalorizá-la ao ponto de nossa oferta ser uma vergonha diante dos
céus. Quer abençoar um missionário, dê algo novo ou em perfeitas
condições de uso, lembre-se, sua contribuição é uma excelente régua para
medir seu compromisso.
Trecho
do novo livro da missionária Kelem Gaspar. Kelem é missionária com anos
de militância na obra do Senhor, no Brasil e em países amazônicos.
Atualmente mantém uma creche missionária e uma escola de Missões em
Maracanã, no estado do Pará.
Conheça o blog e o trabalho de Kelem Gaspar -
Marcadores:
Missões
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