"Movimento: Jesus ama a todos!" é cristão?
>> quarta-feira, 20 de junho de 2012
Por Jorge Fernandes Isah
Li
na internet que há um novo movimento na praça. Na verdade, esse
movimento é uma repaginação de vários outros existentes no decorrer da
história cristã. Ele se chama "Movimento: Jesus ama a todos!", cujo texto integral da proposta é o seguinte:
“O
verdadeiro sentido de João 3:16: Porque Deus amou os homossexuais, os
heterossexuais, os estrupadores, as prostitutas, os políticos, os
pegadores, as patricinhas, os ladrões, os assassinos, os "normais", toda
a humanidade, de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para todo o
que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna." Vamos dar fim ao
preconceito! E amar como Jesus amou!” [1].
Primeiro, vamos definir a palavra preconceito, segundo o dicionário Priberan:
Preconceito - Ideia, conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério. Estado de abusão, de cegueira moral. Superstição.
Segundo, qual a relação que há entre o preconceito e o amor de Deus?
Terceiro,
o amor de Deus é irrestrito, ou seja, Deus ama realmente a todos os
homens? Se ama, porque muitos estarão destinados ao fogo do inferno?
Pode Deus amar alguém e ainda assim lançar a Sua ira sobre ele? (1Co 6.9).
Quarto,
o fato do autor da cartilha especificar alguns tipos de pecados e
excluir outros, não revela um padrão preconceituoso quanto aos demais
pecados? Ou não seria uma tentativa de colocar quem pratica os pecados
citados como eventuais vítimas, ao contrário dos demais pecadores?
Quinto,
a deturpação interpretativa de que Deus amou os homossexuais, os
heterossexuais, os estupradores, etc, não está fora do contexto do verso
de João 3.16?
Não é o caso específico de acréscimo ao texto bíblico, de vício e mau
emprego da palavra de Deus a fim de distorcê-la e andar segundo os
homens?
Vejamos o texto original:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Onde
lemos que Deus amou os pervertidos e pecadores? A inferência do autor
não é despropositada diante da Escritura? E isso não poderia ser uma
espécie de preconceito para com ela? Ao invés disso, o verso diz:
1) Deus amou o mundo.
2) Deu o seu Filho unigênito ao mundo.
3) Para que todo o que crer no seu Filho não pereça.
4) Para que todo o que crer no seu Filho tenha a vida eterna.
Aqui, a expressão amou o mundo está diretamente ligada com todo o que nele crê (em Cristo). Portanto, definindo o contexto de mundo no
verso, ele se refere ao mundo dos que crêem, não ao mundo geral ao qual
pertencem todos os homens, excluindo-se, portanto, aqueles que não
crêem, os quais, ao invés do amor de Deus, estão sob a Sua ira. Isso é
importante porque fica parecendo que Deus ama o pecador. Mas como Ele
pode odiar o pecado e amar aquele que comete o pecado? (Cl 3.5-6).
A resposta é: somente se esse pecador, no tempo, na história, for
santificado na eternidade. Vou explicar. Deus nos elegeu sempre em
Cristo, antes da fundação do mundo, para que fossemos santos e
irrepreensíveis; “e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5).
O que isso quer dizer? Que somos pecadores, e vivemos na carne, numa
luta constante na qual Cristo venceu a guerra por nós. Porém, antes do
nosso nascimento, muito antes do mundo existir, Deus já nos havia
destinado à salvação e santificação por Cristo, ou seja, para Ele já
somos santos, sempre fomos santos, lavados no sangue do seu Filho Amado (Rm 8.29).
Para Deus já somos como Cristo, ainda que na história isso esteja
acontecendo, e para muitos, ainda irá acontecer. Por isso, o verso de João 3.16 não se refere ao mundo genericamente, mas ao mundo dos santos. Reprisando: Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
É evidente, e límpido como água, a sua mensagem. João não fala de todos
os pecadores, nem mesmo fala de um pecador, mas fala daqueles que são
salvos eternamente por Deus, os alvos da Sua infinita graça e
misericórdia, assim como Paulo diz: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós” (Rm 5.8, 8.32).
Ao escrever à igreja de Roma, é incontestável que o apóstolo se refere
exclusivamente aos santos (não confundir santos com crente nominal),
pois o termo nós é uma comparação explícita aos destinatários da carta: “os amados de Deus, chamados santos” (Rm 1.7).
É
claro que, no tempo, fomos inimigos de Deus antes da conversão. É claro
que, no tempo, somos pecadores, antes e depois da conversão. É claro
que, no tempo, éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
É claro que, no tempo, éramos desobedientes e rebeldes a Deus, andando
segundo o curso deste mundo. É claro que, no tempo, estávamos mortos em
nossas ofensas; mas é fantástico que, no tempo, fomos vivificados
juntamente com Cristo (Ef 2.5), o que vale dizer que, antes, muito antes do nosso nascimento, já estávamos vivos quando da morte e ressurreição do Senhor.
A
salvação é definitiva, já aconteceu, mesmo para aqueles que,
momentaneamente, ainda rejeitam e se opõem a Cristo. Contudo, Deus quis
que a reconciliação do homem se desse neste mundo, durante a pouco ou
muita vida que cada um de nós tem recebido, para que ficasse revelada ao
mundo a Sua graça para com os eleitos (os vasos de misericórdia,
segundo Paulo), bem como a Sua ira para com os reprovados (os vasos da
ira, segundo Paulo [2]).
Quando
vi a foto de um “arco-íris” em que um tipo “andrógino” (na verdade, um
homem pervertido por trejeitos femininos), e o texto do manifesto logo
abaixo, percebi que, antes do autor combater o preconceito da igreja,
deveria anular o preconceito que tem com a Escritura, reverenciando-a
como a palavra de Deus (2Tm 3.16); deveria abrir mão do estereótipo libertino e não fazer coro com o mundo, o qual odeia e se opõe a Deus e a igreja.
Ao ver a imagem e ler o texto, evidenciou-se o “conceito formado e sem fundamento sério” dos proponentes de tal movimento. Evidenciou-se a sua “cegueira moral” e,
ao defendê-la, blasfemam o nome de Cristo. Em tudo estão enganados,
pois buscam algo que não existe, enquanto vivem exatamente aquilo que
desejam combater. Como Jesus diz: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14.23). E ainda: “Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós" (Jo 8.37). Uma paráfrase a Hebreus 11.6,
e que é uma verdade bíblica, seria: sem obediência é impossível agradar
a Deus. A santidade é um dom de Deus, mas fruto da obediência que Ele
fez nascer em nós. E se ser cristão é ser semelhante a Cristo (2Co 3.18), como posso sê-lo sem obedecer a Deus? (Ap 22.14-15).
Apenas com o amor carnal por todos os homens e seus pecados, sendo que
Deus abomina tanto um como o outro? E, qual a possibilidade de se amar
verdadeiramente o próximo sem amar a Deus? Ou esse amor seria tão
corrompido que vemos o próximo caminhar resolutamente ao inferno e não
importamos?
A Palavra não é preconceituosa, nem os Seus mandamentos são, pois sem a santificação, ninguém verá a Deus (Hb 12.14). Ou podemos dizer que Paulo escrevia e pregava sem fundamento? “Não
sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis:
nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados,
nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem
os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus” (1Co 9-10). A Bíblia não diz exatamente o contrário do que o manifesto “Jesus ama a todos” promete? O qual chega a ser uma zombaria para com Deus? (Pv 14.9).
Porém, para os santos, a promessa é gloriosa: “mas
haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido
justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11). O qual também ressuscitou o Senhor, e nos ressuscitará pelo Seu poder (1Co 6.14).
Portanto, Deus amou o mundo, mas somente o mundo dos que crêem em seu
Filho Amado. Pregar o Evangelho conforme nos foi entregue por Cristo e
os apóstolos não é ser preconceituoso. O preconceito baseia-se em algo
infundado, em uma crendice ou supertição e, para o crente, a palavra de
Deus é o único fundamento, o seu alicerce. Segui-la, obedecê-la e
proclamá-la é demonstrar o verdadeiro amor, não o falso amor que
contemporiza os pecados e os pecadores em seu escopo de manterem-se
rebeldes ao Criador. No fundo, preconceituosos são os que apelam ao amor
de Cristo quando esse amor e Cristo não são baseados na Escritura, mas
tão somente uma perversão gerada em suas mentes corrompidas.
No fim, o que importa são os que crêem.
Os que não crêem já estão condenados (Jo 3.18), ainda que se digam cristãos.
Notas:
[1] 1) A palavra
estuprador foi grafada erroneamente pelo autor da cartilha. 2) Filho,
referindo-se a Jesus Cristo, jamais pode ser escrito em minúsculas. Será
que isso não revela o descaso para com Deus, e a divinização do homem?
[2] O texto de Paulo é: "E
que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a
perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos
vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou? (Rm 9.22-23).
Via: [ Ministério Batista Bereia ]
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