Pastores, divórcio e novo casamento
>> sábado, 4 de maio de 2013
Por Augustus Nicodemus Lopes
Afinal,
qual a importância de um casamento sólido e duradouro para o ministério
pastoral? Paulo escreveu que “é necessário que o bispo ... seja esposo
de uma só mulher” (1Tm 3.2). Podemos interpretar essa passagem de duas
ou três maneiras diferentes, mas todas elas, ao final, falam da
necessidade de um casamento exemplar para os líderes cristãos. Creio que
há vários pontos que podem ser mencionados aqui.
O
primeiro é a paz e o sossego que um casamento estável oferece e que se
refletem inevitavelmente na lide pastoral. O segundo ponto é o exemplo,
para os filhos, se houver, e para os casais da igreja que pastoreia.
Todos esperam que o casamento do pastor seja uma fonte de inspiração e
exemplo. Casamentos que dão certo e duram a vida toda funcionam como uma
espécie de referencial para os demais casamentos, especialmente se for o
casamento do pastor.
O
terceiro ponto é a questão da autoridade. Não era esse o receio de
Paulo, que após ter pregado a outros não viesse ele mesmo a ser
desqualificado? (1Co 9.27). Qual a autoridade de um pastor divorciado já
pela segunda ou terceira vez para exortar os maridos da sua igreja a
amarem a esposa e a se sacrificar por ela? Essa história aconteceu com
um pastor que foi colega meu de seminário. Certo dia, falando na igreja
sobre os deveres do marido cristão, sua própria esposa se levantou no
meio do povo e disse, “É tudo mentira, ele não faz nada disso em casa!”.
O pastorado daquele colega acabou ali mesmo.
Mas tem
um quarto ponto. Pastores que já vão no segundo ou terceiro casamento
estão passando a seguinte mensagem para os casais da igreja: “O divórcio
é uma solução legal e fácil para resolver os problemas do casamento.
Quando as coisas começam a ficar difíceis, o caminho mais rápido é o da
separação e o recomeço com outra pessoa”. Essa mensagem é também captada
pelos jovens, que um dia contrairão matrimônio já pensando no divórcio
como a saída de incêndio.
Não que
eu seja absolutamente contra o divórcio. Como calvinista, entendo que o
divórcio é permitido naqueles casos previstos na Escritura, que são o
adultério e a deserção obstinada (Mateus 19.9; 1Coríntios 7.15; ver Confissão de Fé de Westminster XXIV, 6). Sou contra a sua obtenção por quaisquer outros motivos, mesmo que fazê-lo seja legal no Brasil.
Fico me
perguntando se, ao final, tudo isto, não é uma versão moderna e
evangélica da velha poligamia. Como ela é proibida no Brasil e rejeitada
por uma parte das igrejas, alguns pastores acharam esse meio de ter
várias mulheres durante o seu ministério, embora não ao mesmo tempo, que
é casar-se várias vezes em seqüência, com mulheres diferentes.
Fonte: O Tempora! O Mores!
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