Por quem Cristo morreu?
>> segunda-feira, 6 de maio de 2013
por Rev. Angus Stewart
Por quem
Jesus Cristo, o Filho encarnado de Deus, morreu sobre a cruz? Esta
questão fundamental deve ser especialmente feita e respondida em nossos
dias, porque muitos acreditam que o Senhor derramou o Seu sangue por
todos, cabeça por cabeça, sem excluir ninguém. Esta visão da expiação
universal é pregada em muitos púlpitos e amplamente promovida como se
fosse a verdade do evangelho. Mas esta posição precisa ser analizada
cuidadosamente. É realmente verdade que Cristo deu a sua vida para
salvar a todos, sem exceção?
Este curto panfleto apresenta dezenove argumentos simples contra este erro popular. Primeiro, ele mostra que a visão de que o Filho de Deus morreu por todos os homens é absolutamente insensata e contraditória. Do primeiro ao oitvavo, os argumentos são apresentados na forma: "Cristo Realmente Morreu por...?" O nono argumento lista nomes antiteticamente bíblicos dados àqueles por quem o Salvador derramou Seu sangue. Segundo, a expiação universal é excluída por considerações da Santa Trindade, dos sacrifícios do Antigo Testamento e da verdade que a morte de Cristo verdadeiramente expia e salva - do décimo ao décimo terceiro argumento. Terceiro, cinco capítulos bíblicos bem conhecidos e pertinentes são expostos provando a redenção particular, que Jesus entregou Sua vida somente pelos eleitos - do décimo quarto ao décimo oitavo argumento -, o qual é o ensino dos credos reformados com base na Palavra de Deus - o décimo nono argumento. Os leitores são convidados a verificarem e estudarem os textos bíblicos citados ao longo deste panfleto, o que é especialmente importante do décimo quarto ao décimo oitavo argumento.
Este curto panfleto apresenta dezenove argumentos simples contra este erro popular. Primeiro, ele mostra que a visão de que o Filho de Deus morreu por todos os homens é absolutamente insensata e contraditória. Do primeiro ao oitvavo, os argumentos são apresentados na forma: "Cristo Realmente Morreu por...?" O nono argumento lista nomes antiteticamente bíblicos dados àqueles por quem o Salvador derramou Seu sangue. Segundo, a expiação universal é excluída por considerações da Santa Trindade, dos sacrifícios do Antigo Testamento e da verdade que a morte de Cristo verdadeiramente expia e salva - do décimo ao décimo terceiro argumento. Terceiro, cinco capítulos bíblicos bem conhecidos e pertinentes são expostos provando a redenção particular, que Jesus entregou Sua vida somente pelos eleitos - do décimo quarto ao décimo oitavo argumento -, o qual é o ensino dos credos reformados com base na Palavra de Deus - o décimo nono argumento. Os leitores são convidados a verificarem e estudarem os textos bíblicos citados ao longo deste panfleto, o que é especialmente importante do décimo quarto ao décimo oitavo argumento.
1. Cristo Realmente Morreu por Aqueles que Já Estavam no Inferno?
Como o Deus Trino, que possui sabedoria e entendimento infinitos,
enviaria o Seu amado Filho para resgatar do pecado e do inferno aqueles
que já estavam no inferno, um lugar de tormento no qual os condenados
não têm escapatória? (v. Lc 16v26, Mc 9v43-48, Ap 14v10-11)
2. Cristo Realmente Morreu por Aqueles que Já haviam Cometido o Pecado Imperdoável?
Em Seu ministério público, Jesus falou do pecado imperdoável: "Todo
aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas
quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem
na que há de vir" - Mt 12v32. Cristo não estava falando aqui, apenas de
forma abstrata; alguns dos seus ouvintes naquele dia haviam cometido
aquele pecado (v22-37). Logo, O Senhor sabia que algumas pessoas,
incluindo os fariseus perante Ele (v24), não seriam perdoados. Que
sentido então teria no Salvador morrer para a redenção e remissão (v. Ef
1v7) daqueles que Ele já sabia que não seriam perdoados?
3. Cristo Realmente Morreu por Aqueles que Nunca Ouviram o Evangelho?
Deus enviou a Sua Palavra para um só povo, os israelitas, durante a era
do Antigo Testamento, e "Ele não fez isso a nenhuma outra nação" - Sl
147v20 (v. Sl 147v19, At 14v16). Além disso, o Senhor também não envia o
evangelho para todo mundo na era do Novo Testamento (v. Mt 24v14, At
16v6-8). Então, por que Deus enviaria o Seu Filho para morrer por
aqueles que nunca ouviram o evangelho e, portanto, nunca poderiam ser
salvos? (v. Rm 10v14,17)
4. Cristo Realmente Morreu por Judas, o Filho da Perdição?
A Bíblia ensina que Judas era "o filho da perdição"[1] - Jo 17v12 - isto
é, um homem totalmente caracterizado pela decadência, ruína e
destruição eterna. Será que o Senhor realmente morreu por Judas embora
soubesse que o Antigo Testamento já havia profetizado que Judas o
trairia (v. Sl 41v9, 109v6-19) e iria "para o lugar que lhe era devido" -
At 1v25 - ou seja o inferno? (v. Jo 17v12).
5. Cristo Realmente Morreu por Esaú a Quem Deus odiou?
A Escritura afirma que Deus odiou Esaú (v. Rm 9v13), entretanto, a
expiação do Salvador por diversas vezes é apresentada como sendo o fruto
do amor de Deus (v. Jo 3v16, Rm 5v8, 1Jo 4v10). Como então Deus
enviaria o Seu Filho, em Seu infinito e eterno amor (v. Ef 3v18-19) para
morrer por Esaú a quem Ele odiava?
6. Cristo Realmente Morreu pela Falsa Igreja, a Meretriz?
Uma
vez que o sacrifício do Senhor é fundamentado em Seu amor por aqueles
por quem Ele morreu (v. Jo 15v13, Gl 2v20, Ef 5v25), se Ele entregou a
sua vida por absolutamente todos, logo, ele também amou e morreu pela
falsa igreja, a meretriz, e as multidões que fornicam com ela em sua
adoração pervertida (v. Ap 17v1-2, 15)! Mas Efésios capítulo 5 verso 25
ensina que o Filho de Deus "amou a igreja e entregou-se por ela".
Nenhuma menção é feita do amor de Cristo ou morte de Cristo por aquela
que não é a verdadeira igreja eleita, a qual é santificada pela Palavra
purificadora de Deus (v26) e apresentanda imaculada no último dia (v27).
Se o Senhor Jesus amou e morreu por todos, cabeça por cabeça - o que
necessariamente inclui a falsa igreja -, então Ele "amou a igreja [e a
falsa igreja] e entregou-se por [ambas]" - v25. Logo, os maridos seriam
ordenados: "amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja [e a
falsa igreja]." Assim, os maridos teriam de amar suas esposas assim como
Cristo ama Sua noiva e uma prostituta, a falsa igreja.
Mas a Escritura ensina que o nosso Salvador tem uma noiva, a igreja de
todas as eras (v. Ap 21v2). Ele a amou e se entregou por ela somente.
Isso, e não a teoria de que o Redentor amou e morreu por todos, é a
verdade da cruz e o modelo bíblico para os maridos cristãos que não
devem amar e se entregar à prostitutas.
7. Cristo Realmente Morreu pelo Anticristo e Seus Seguidores?
Se o Senhor Jesus morreu por todos os homens, então segue-se que Ele foi
crucificado para salvar o Anticristo, o "homem do pecado" - 2Ts 2v3 -
que "se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto
de adoração" - v4. Este homem é o ápice da obra do "mistério da
iniquidade" - v7 - aquele que trabalha com "todas as formas de engano da
injustiça" - v10 - cuja "vinda desse perverso é segundo a ação de
Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras" -
v9. É possível que o Pai entregou Cristo para morrer pelo Anticristo?
Aquele que é Deus e homem realmente foi para a cruz em favor do homem de
Satanás, o "homem do pecado" e "filho da perdição" - v3 - aquele que é
distinguido pela iniqüidade e destruição eterna? O Deus eterno,
onisciente realmente enviou o Seu Filho para reconciliar o iníquo, o
qual Ele ordenou que fosse destruído pelo "sopro de Sua boca [Cristo]" e
"pela manifestação de Sua vinda" - v8?
A passagem de 2 Tessalonicenses 2 também fala dos seguidores do
Anticristo. Eles rejeitaram a verdade e o filho da perdição os enganou;
portanto, ambas as partes são culpadas - v10. Mas também lemos que "por
essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na
mentira e sejam condenados." - v11, 12. Se Deus os amou e entregou Seu
Filho para morrer por eles e realmente deseja reconciliá-los Consigo
mesmo, então por que Ele lhes envia um poder sedutor a fim de que eles
acreditem na mentira, para que todos sejam condenados (v11, 12)?
Da mesma forma, a morte de Cristo por absolutamente todos, mostra o
Cordeiro de Deus oferecendo a Si mesmo como um sacrifício pela besta e
pelo falso profeta a quem nos é dito que serão "lançados vivos no lago
de fogo que arde com enxofre" - Ap 19v20. Além disso, "aqueles cujos
nomes não foram encontrados no livro da vida [serão] lançados no lago de
fogo" - Ap 20v15. Se realmente o Filho de Deus morreu por eles, Seu
resgate não fez nada para livrá-los do castigo eterno.
8. Cristo Realmente Morreu por Outros Invíduos e Grupos Réprobos?
Se o Senhor morreu por absolutamente todos, Ele deve ter morrido tanto
por Caim quanto por Abel; tanto por Ninrode quanto por Noé; tanto por
Jezabel quanto por Elias. É válido o mesmo para as nações. Cristo deve
ter resgatado não apenas Israel, mas também os amalequitas, contra quem
Deus jurou lutar por gerações (v. Êx 17v14-16); os amorreus, incluindo
Siom cujo coração Jeová tornou obstinado para que pudesse destruí-lo (v.
Dt 2v30); os cananeus, a quem Deus endureceu para que fossem a batalha
contra Israel, a fim de serem exterminados (v. Js 11v20); os filisteus,
incluindo Golias; bem como os sodomitas homossexuais, sobre quem o
Altíssimo fez chover fogo e enxofre (v. Gn 19v24) e os edomitas, os
quais Ele odiou e arruinou (v. Ml 1v2-5).
O Filho encarnado deve até mesmo ter Se oferecido em sacrifício pelo
Faraó, a quem Deus levantou para mostrar o Seu poder afogando-o (v. Êx
9v16, Rm 9v17), e os egípcios a quem Ele aniquilou no Mar Vermelho (v.
Ex 14v26-28), embora nenhum suporte tenha sido oferecido pela aplicação
do sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas (v. Êx 12).
9. Cristo Morreu Pelo Seu Povo, Amigos etc.
A verdade é que Jesus Cristo morreu por Seu "povo" (v. Mt 1v21, Hb 2v17)
e Seus "amigos" (v15v13-14). O "povo" a quem Ele redimiu são descritos
como "Sua prole" (v. Is 53v10) e não a descendência da serpente (v. Gn
3v15); Seus "filhos" e "irmãos" (v. Hb 2v10-14) e não os
"bastardos"[2], ou seja, ilegítimos (v. Hb 12v8); Suas "ovelhas" (v. Jo
10v11, 15) e não "os bodes" (v. Mt 25v33); Sua "igreja" (v. At 20v28, Ef
5v25), e não a "sinagoga de Satanás" (v. Ap 2v9, 3v9), e "muitos" (v.
Is 53v11-12, Mt 20v28, 26v28, Mc 14v24, Hb 9v28) e não todos, cabeça por
cabeça.
10. A Verdade da Trindade Exclui a Expiação Universal.
O ensino ortodoxo da santa Trindade milita contra a idéia de que Cristo
morreu por todos, cabeça por cabeça. O Pai escolheu salvar somente os
eleitos e não os réprobos (v. Rm 9v6-24, Ef 1v3-6), o Espírito aplica a
redenção aos eleitos somente e não aos réprobos (v. Rm 8v1-27, Ef
1v13-14), mas o Filho "supostamente" morreu tanto pelos eleitos quanto
pelos réprobos. Assim, há uma desconexão radical entre a extensão da
obra salvífica do Pai e do Espírito - eleger mas não reprovar - e da
extensão da obra salvífica do Filho - eleger e reprovar. Mas aonde está
então a unidade entre as três Pessoas da Divindade? Eles não estão de
acordo e nem possuem o mesmo propósito. Na verdade, uma pessoa da
Trindade - o Filho - está trabalhando com uma finalidade - a salvação
dos réprobos - não compartilhada pelas outras duas pessoas - o Pai e o
Espírito. O Pai elege o Seu povo para ser redimido, o Espírito aplica a
redenção no mesmo povo eleito, mas o Filho - "supostamente" - morre para
redimir alguns que o Pai escolheu não redimir, e alguns a quem o
Espírito não deseja aplicar a redenção.
Assim, o ensino da expiação universal é proibido pela doutrina ortodoxa
da Santa Trindade e contraria declarações escriturísticas sobre a
unidade da extensão da obra salvífica do Pai e do Filho (v. Jo 10v15-17,
Rm 3v25-26, 2 Co 5v18-19, Ef 1v4-7); do Filho e do Espírito (v. Gl
4v4-6, Hb 9v14), e do Pai, do Filho e do Espírito (v. Is 59v20-21, Ef
1v3-14, 2 Ts 2v13-14, Tt 3v4-6, 1 Pd 1v2, Ap 1v4-6).
11. Os Sacrifícios do Velho Testamento Não eram Universais.
A Escritura, especialmente o livro de Hebreus, deixa bem claro que os
sacrifícios do Antigo Testamento eram símbolos e sombras da morte do
nosso grande Sumo Sacerdote na cruz. Se o Cordeiro de Deus se ofereceu
pelos pecados de todos, então era de se esperar que isso fosse refletido
no sistema sacrificial. Levítico, do capítulo 1 ao 7, é a passagem
central sobre os sacrifícios da lei mosaica, fala do holocausto, da
oferta de cereais, da oferta de paz, da oferta pelo pecado e da oferta
pela culpa. Esses sacrifícios são sempre particulares, em favor de
Israel - a Igreja (v. Lv 1v2; 4v13; 7v36, 38), e em nenhum lugar nós
lemos sobre a expiação universal, uma oferta por todos os judeus e
gentios.
Da mesma forma, no Dia da Expiação, o sumo sacerdote fazia expiação
pelos israelitas e não pelos moabitas ou jebuseus (v. Lv 16v16, 17, 19,
21, 34). Além disso, o sumo sacerdote trazia "os nomes[das doze tribos]
dos filhos de Israel" - não os nomes dos filhos de Esaú - no peitoral
"sobre o seu coração, quando [entrava] na presença do Senhor"
expressando seu trabalho representativo e intercessório por eles (v. Êx
28v29, 30).
Para que não seja dito que os sacrifícios do Antigo Testamento falam de
expiação por cada membro da nação de Israel, lembramos do fato de que
"nem todos os descendentes de Israel são Israel" - v. Rm 9v6 - e que o
verdadeiro judeu não é um circuncidado na carne, mas um circuncidado no
espírito (v. Rm 2v28, 29). Nosso Senhor derramou Seu sangue pelo
verdadeiro Israel e os símbolos do Antigo Testamento apontam para a
redenção do "Israel de Deus" espiritual que é composto pelos eleitos
judeus e gentios (v. Gl 6v16).
12. A Morte de Cristo Verdadeiramente Expia.
A expiação universal é negada pela apresentação bíblica do sacrifício de
Cristo como uma obra que verdadeiramente expia e apaga o pecado. O
Filho de Deus nos libertou do reino do diabo (v. Hb 2v14-15). Ele
apaziguou a ira de Deus contra nós suportando a justa indignação de Deus
contra os nossos pecados (v. 1 Jo 4v10). Ele nos reconciliou (v. Rm
5v10), nos redimiu (v. Gl 3v13) e nos resgatou (v. Mt 20v28).
A Escritura não ensina que Cristo simplesmente fez a expiação possível
através de Sua morte. Em nenhum lugar isso é dito. A Bíblia ensina que
Jesus realmente nos libertou, reconciliou, redimiu e resgatou por Sua
cruz. Ele não somente tornou possível a todos os homens serem libertos,
reconciliados, redimidos e resgatados. Sobre a cruz, o Messias afastou a
ira punitiva de Deus contra nós, para sempre. Não é verdade que a ira
de Jeová é só potencialmente afastada de todos os homens, para que todos
possam ser salvos, se eles, por um ato de seu "livre arbítrio",
escolherem Jesus. Esta visão faria com que a entrada no reino de Deus
dependesse da decisão do homem e não da eleição de Deus!
Se o Filho de Deus pagou o preço por todos os homens, contudo alguns
homens perecem no inferno, então Sua cruz não salva todos em favor de
quem ela foi preparada. Então ela também não é substitutiva, pois se Ele
suportou - em seu lugar - o castigo dos réprobos, por que eles perecem?
Se alguns por quem Cristo morreu acabam no inferno, então Deus puniu
seus pecados duas vezes, um vez no Senhor Jesus e uma vez neles. Como
poderia o Deus infinitamente justo exigir o pagamento pelos pecados duas
vezes? Como Ele poderia exigir a punição do pecador no inferno quando o
pagamento pelos seus pecados já foi feito por Jesus? E como pode alguns
dos quais o Salvador libertou, reconciliou, redimiu e resgatou
habitarem para sempre, como inimigos de Deus, na escuridão eterna do
abismo sem fim do inferno? Lembre-se, nenhuma condenação há para aqueles
por quem Cristo morreu (v. Rm 8v34)!
A ideia de que o Filho de Deus derramou Seu sangue por todos é tão
distante, que a sua morte é na verdade "o julgamento deste mundo", pois é
a expulsão de Satanás "o príncipe deste mundo" - Jo 12v31 - trazendo
destruição sobre o diabo e sua "descendência" - Gn 3v15.
13. A Morte de Cristo Verdadeiramente Salva.
Se o Senhor Jesus morreu por absolutamente todos, então porque todos não
são efetivamente salvos? O capítulo 6 de Romanos deixa claro que
aqueles que estão unidos a Cristo em Sua morte, estão mortos para o
pecado (v6, 7) "vivos para Deus" - v11 - e serão ressuscitados
fisicamente para a glória (v5). Mas muitos passam todos os seus dias
"mortos em suas transgressões e pecados" - Ef 2v1 - e ressuscitarão na
"ressurreição da condenação"[3] - Jo 5v29. Só podemos concluir que eles
não estavam unidos a Cristo em Sua morte, ou seja, Ele não morreu por
eles; pois se os réprobos estivessem unidos ao Filho de Deus em Sua
morte, ou seja, se Ele morreu por eles, eles morreriam para o pecado e
viveriam para Deus (v. Rm 14v9; 2 Co 5v14, 15).
A Escritura ensina que tanto a fé (v. Ef 2v8-9; Fl 1v29) quanto o
arrependimento (v. At 5v31; 11v18; 2 Tm 2v25) são dons da graça de Deus.
Fé e arrependimento são exemplos das "bênçãos espirituais nas regiões
celestiais em Cristo" - Ef 1v3. As bênçãos de Deus em Cristo vêm através
da cruz (v. Rm 8v32; Gl 3v13, 14). Mas "a fé não é de todos" - 2 Ts 3v2
- nem todos se arrependem (v. Ap 16v11). Logo, a fé e o arrependimento
não foram adquiridos na cruz para todos, cabeça por cabeça, portanto o
Salvador não morreu por todos.
Tito, capítulo 2 versículo 14, explica que o propósito do Filho em Sua
redenção na cruz é a santificação do seu próprio "povo, particularmente
seu" que seria purificado e "dedicado à prática de boas obras". Mas
muitos morrem sem arrependimento e são "imundos" - Ap 22v11 - por causa
de seus "atos de impiedade" - Jd 15. Uma vez que o propósito do Deus
onipotente permanece para sempre (v. Rm 9v11) e jamais é resistido (v. 2
Cr 20v6), não foi o propósito do Senhor santificar e redimir os
réprobos através da cruz. Portanto, Cristo não morreu por eles.
14. O Capítulo Dez de João Ensina a Redenção Particular.
Em João, capítulo dez, Jesus ensina que Ele, o bom pastor, morreu por
suas ovelhas: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas
ovelhas" - v11 - "eu dou a minha vida pelas ovelhas" - v15. Assim como
todo pastor terreno têm "suas [próprias] ovelhas" - v3, 4 - Cristo se
refere a seu rebanho ou "aprisco" - v16 - como "minhas ovelhas" - v14,
26, 27. Mais tarde, o Senhor disse a algumas pessoas que elas não eram
suas ovelhas e que este era o motivo pelo qual elas não acreditavam:
"Mas vocês não creem, porque não são minhas ovelhas" - v26.
O argumento é simples: Jesus morreu por suas ovelhas (v11, 15), sabendo
exatamente quem elas eram (v14, 26, 27); Ele disse a certas pessoas que
elas não eram suas ovelhas (v26); portanto, Ele não morreu por elas. O
Senhor também disse que Suas ovelhas foram dadas à ele por Seu pai
(v29). O Pai deu as ovelhas para o Filho em Seu propósito eterno de
eleição, para que no devido tempo Ele morresse por elas e arrebanhasse
as ovelhas de todas as nações (v16). Uma vez que Cristo morreu por suas
ovelhas - e algumas não são suas ovelhas - e as Suas ovelhas são os
eleitos, Cristo morreu somente pelos eleitos.
15. O Capítulo Dezessete de João Ensina a Redenção Particular.
Em Sua oração sumo sacerdotal em João 17, Jesus afirma: "Eu rogo por
eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois
são teus" - v9. O "mundo" aqui é o mundo dos réprobos, ou não-eleitos,
por quem o Filho de Deus encarnado não intercede, ao contrário dos
eleitos - "os que me deste".
Se o Senhor não realizou nem a menor ação - rogar pelo mundo réprobo -,
será que ele realmente realizou a maior ação - morrer pelo mundo
réprobo? A intercessão é um dos dois principais aspectos da obra
sacerdotal de Cristo. Se Jesus não rogou pelo mundo - um aspecto da Sua
obra sacerdotal -, é possível que Ele tenha morrido - o outro aspecto de
sua obra sacerdotal - pelo mundo? Isso destruiria a unidade do
sacerdócio de Cristo, pois Ele estaria morrendo por aqueles por quem Ele
não intercedeu e nem intercede. Além disso, o Salvador intercede com
base em Sua obra consumada da redenção (v. Is 53v12; Rm 8v34; Hb
7v25-27; 9v24-26). Portanto, se Ele não rogou pelo mundo, é porque Ele
não morreu pelo mundo.
Em João 17, Jesus está orando há poucas horas antes da crucificação
consciente de Sua morte sacrificial, pois Ele diz: "Pai, chegou a hora" -
v1. Portanto, ao longo de João 17, a oração de Cristo e Sua obra
redentora são particulares, apenas pelos eleitos, aqueles que o Pai Lhe
deu (v2, 6, 9, 11, 12, 24). As orações de Nosso Senhor para que o Pai
mantivesse (v11-16), santificasse (v17-19) unisse (v20-23) e
glorificasse (v24-26) "a todos os que Lhe deste" -v 2 - são
poderosamente respondidas, pois nos é concedido a "vida eterna" - v2, 3.
Jesus diz: "Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam
santificados" - v19. A auto santificação de Cristo é Sua auto
consagração e dedicação para fazer a vontade d'Aquele que O enviou.
Nosso Senhor se separou de forma especial como o sacrifício voluntário
na cruz por nós. Isso, Ele nos diz, foi "em favor deles", por aqueles
que o Pai deu à Ele, os eleitos. Logo, as orações de Cristo e Seu
sacrifício não são apenas particulares "por aqueles que me deste" - v9 -
mas também exclusivas "não pelo mundo" - v9.
16. O Capítulo Cinquenta e Três de Isaías Ensina a Redenção Particular.
Isaías 53 é o maior capítulo do Velho Testamento, e possivelmente em
toda a Bíblia, na expiação substitutiva do nosso Salvador. O "nós" por
cujos pecados Cristo foi "traspassado" - v4 a 6 -recebem nomes
específicos: "meu povo" - v 8 - "Sua prole" - v 10 e os "muitos" - não
todos os homens, cabeça por cabeça (v11, 12). Eles são a "o bom prazer4
do Senhor" que "prosperará em sua mão" - v 10. Deus nunca fez o réprobo
"prosperar em sua mão" e Ele nunca se agradou deles (v. Sl 2v4, 5; Pv
3v32-34). Eles não são sua "semente", "povo" e "bom prazer", portanto
Jesus não morreu por eles.
Aqueles por quem Cristo morreu são "curados" por "suas feridas" (v. Is
53v5). Não significa que eles apenas podem ser curados se acreditarem,
mas que eles de fato são curados. Aqueles, cujos pecados o Filho levou,
são também justificados: "meu Servo justo justificará a muitos e levará a
iniquidade deles" - v11. O "povo" eleito de Deus (v8) são declarados
perfeitamente justos, pois Cristo levou o nosso castigo (v11). Os
réprobos não são justificados, logo, Ele não fez expiação por eles. É
pelos "muitos", cujos pecados Ele levou, que o Salvador intercede (v12).
Lembre-se, Jesus disse: "Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles
que me deste" - Jo 17v9. Os "muitos" por quem Cristo sofreu e por quem
Ele ora, são os eleitos e não o mundo réprobo.
Desta forma, Jesus é perfeitamente "satisfeito" - v. Is 53v11. Se alguns
pelos quais Ele foi "golpeado" - (v8) - e por quem Ele intercede (v12)
não são curados (v5) e justificados (v11) não prosperam "em sua mão"
(v10) e não recebem uma participação em Seus despojos (v12), Cristo não
ficaria "satisfeito" (v11). Se sequer uma alma por quem Ele morreu
perecer, o propósito de Cristo não está plenamente realizado, Sua
expiação não obteve um êxito completo e Ele está insatisfeito. A ideia
de que Jesus derramou seu precioso sangue por todos, cabeça por cabeça,
apresenta a cruz como um fracasso odioso com relação à maioria por quem
Ele morreu e contradiz os ensinamentos da Bíblia de que Cristo está
"satisfeito" com o fruto da sua morte (v11).
17. O Capítulo Um de Efésios Ensina a Redenção Particular.
Efésios capítulo 1 verso 3 declara que temos sido abençoados "com todas
as bençãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo". Estas bênçãos
chegam até nós "porque Deus nos escolheu n'Ele[Cristo] antes da criação
do mundo" - v4 -, ou seja, nós recebemos todas essas bênçãos de acordo
com a nossa eleição eterna (v4) e predestinação (v5). Efésios 1, enumera
algumas de nossas bênçãos espirituais: santidade (v4), adoção (v5),
aceitação de Deus (v6), redenção (v7), o perdão dos pecados (v7), o
conhecimento da vontade de Deus (v9), o selo do Espírito Santo (v13) e
uma herança eterna (v11, 14). Não somos apenas abençoados de acordo com a
nossa eleição (v4, 5), mas todos os eleitos possuem "todas as bençãos
espirituais" - v3. Por outro lado, o fato de que os réprobos não são
abençoados com nenhuma dessas bênçãos espirituais, também está de acordo
com o "propósito d'Aquele que faz todas as coisas segundo o conselho da
Sua vontade" - v11.[5]
Uma das bênçãos espirituais que temos em Cristo é a "redenção por meio
de Seu sangue" - v7. Assim, a redenção do Filho ou expiação é um exemplo
dessas bênçãos espirituais que nos alcançam, "porque Deus nos escolheu
nele antes da criação do mundo" - v4. Portanto, o Senhor redimiu,
derramou Seu sangue e morreu pelos eleitos; e não pelos réprobos. Por
isso os eleitos são perdoados (v7), adotados (v5), aceitos (v6),
santificados (v4) e selados com o Espírito (v13) para sua herança eterna
(v11, 14), com base na cruz de nosso Salvador. O réprobo não recebe
nenhuma das bênçãos espirituais do sacrifício de Cristo, pois Ele não
morreu por eles.
18. O Capítulo Oito de Romanos Ensina a Redenção Particular.
Romanos 8 também é contrário à expiação universal. Do verso 28 ao 30,
Paulo fala de um povo a quem Deus conheceu de antemão, predestinou,
chamou segundo o Seu propósito, justificou e glorificou pra serem
conformes à imagem de Seu Filho. O apóstolo chega a seguinte conclusão:
"Que diremos, pois, diante destas coisas? Se Deus é por nós, quem será
contra nós?" - v31. "Pois" ou "portanto" indica que esta é uma
inferência lógica baseada em suas declarações anteriores, aqui chamado
"destas coisas". O "nós" só pode ser aqueles predestinados - ou eleitos -
e chamados segundo o propósito eterno de Deus (v28-30). O argumento de
Paulo é este: Se Deus é "por nós" -v31 - na predestinação, na chamada,
na justificação e na glorificação (v29, 30), então "quem será contra
nós?" - v31. Em outras palavras, se Deus em Seu decreto eterno
escolheu-nos para a felicidade eterna, nos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz, absolveu-nos de todos os nossos pecados, nos considerou
justos com a própria justiça de Cristo e nos glorificou para sermos
conforme à imagem de Seu Filho, então "quem será contra nós?" - v31.
O apóstolo reforça este argumento, já convincente, com outro: "Aquele
que não poupou seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não
nos dará com Ele, e de graça, todas as coisas?" -v32. Quem são os "nos"
e "nós" citados aqui, por quem Deus enviou o Salvador para morrer? Mais
uma vez, são os predestinados e chamados segundo o propósito eterno de
Deus (v28-30). A única conclusão é que Cristo morreu pelos eleitos.
Se é alegado que o Senhor Jesus morreu também pelos não-eleitos, então
temos que responder que a passagem não dá absolutamente nenhum indício
disso. Na verdade, isso faria com que a passagem ensinasse que Deus
enviou Seu Filho para morrer por aqueles que não foram predestinados e
não foram chamados, justificados, glorificados para serem conforme
Cristo. Além disso, se é argumentado que o Salvador morreu pelo réprobo,
isso faria com que a passagem ensinasse que o réprobo receberia todas
as bênçãos da Sua cruz, pois o versículo 32 ensina que Deus dá
gratuitamente "todas as coisas" para aqueles por quem Cristo morreu .
"Todas as coisas" inclui a libertação da lei do pecado e da morte (v2),
vida e paz (v6), a adoção como filhos de Deus (v14), o testemunho do
Espírito (v16), uma herança eterna (v17), a redenção do corpo na
ressurreição dos justos (v23), a capacidade de orar no Espírito (v26)
etc. Além disso, "todas as coisas" também incluiriam as bênçãos da
justificação, chamado, glorificação e conformidade com Cristo, segundo a
predestinação eterna de Deus (v28-30)! Ler expiação universal em
Romanos 8 verso 32, significaria que Deus dá gratuitamente a bênção do
chamado, justificação e glorificação aos réprobos, aqueles a quem Ele
nunca chama, justifica ou glorifica. Este versículo ensina uma conexão
absolutamente inseparável entre aqueles por quem Cristo morreu e todas
estas bênçãos espirituais. Alguns não recebem essas bênçãos, portanto, o
Salvador não morreu por eles.
Na continuação, Romanos 8 declara que nenhuma acusação (v33) e nenhuma
condenação (v34) há contra aqueles que são justificados (v33), aqueles
por quem Cristo morreu (v34). No entanto, muitas acusações são
justamente feitas pelo Deus do céu contra os ímpios réprobos, a fim de
que sejam condenados! Este é a razão do porquê eles não são justificados
(v33), pois Jesus não morreu por eles e não intercede por eles (v34).
19. Os Credos Reformados Ensinam a Redenção Particular.
Com base na Palavra de Deus e de acordo com os argumentos bíblicos deste
panfleto, os credos das igrejas reformadas - nas Ilhas Britânicas, no
continente Europeu, na América do Norte e em todo o mundo - ensinam que o
Senhor morreu por Sua Igreja eleita somente. Os Cânones de Dort -
1618-1619 - produzidos por uma assembléia internacional de protestantes
reformados, afirmam claramente que o Filho de Deus redimiu os eleitos "e
somente esses" (v. Cap. 2, Art. 8) e que aqueles que ensinam que Ele
morreu por absolutamente todos, falam "com desprezo da morte de Cristo" e
"mais uma vez tiram do inferno o erro pelagiano" (v. Cap. 2, Ref. 3). O
presbiteriano americano B. B. Warfield escreve:
"[Os Cânones foram] publicados oficialmente em 1619, como a conclusão do
Sínodo [de Dort], com a ajuda de um grande corpo de assessores
estrangeiros, representando praticamente todo o mundo reformado. Os
Cânones [...] portanto [...] [possuem] a autoridade moral dos decretos
de praticamente um Conselho Ecumênico por todo o corpo das igrejas
reformadas".[6]
A Confissão de Westminster declara: "Nenhum outro é redimido por Cristo
[...] mas os eleitos somente" (v. Cap. 3 Par. 6. Cf 8:1; 11:4, 13:1).
Esses artigos foram incluídos na Declaração Congregacionalista de Savoy -
1658 - e na Confissão Batista - 1689. Logo, todos os credos dos
presbiterianos, congregacionalistas e batistas ensinam a expiação
limitada ou redenção particular. Todos os que recitam o Catecismo Menor
de Westminster confessam que Jesus Cristo é o "único Redentor dos
eleitos de Deus" (v. Resp. 21). Os credos reformados simplesmente
estabelecem o ensino bíblico sobre este assunto.
Portanto, vamos acreditar e abraçar a verdade da Escritura, espalha-la
perto e longe, e honrar o vitorioso Cristo crucificado que deu a Sua
vida por Suas amadas ovelhas (v. Jo 10v15)!
Notas:
[1] - Versão de Almeida, Revista e Corrigida
[2] - Versão de Almeida, Revista e Corrigida.
[3] - Versão de Almeida, Revista e Corrigida.
[4] - Versão de Almeida, Corrigida e Fiel.
[5] - Versão de Almeida, Revista e Corrigida.
[6] - B. B. Warfield em Works. Vol. 9, Pg. 144.
Tradução: Fireland Mission
Fonte: Covenant Protestant Reformed Church
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