Em que situações eu não devo tomar a Santa Ceia?
>> domingo, 1 de abril de 2012
Essa é uma questão que confunde muitas pessoas. Muitos
acham que comer a santa ceia indignamente é ter um pecado não confessado
ali no momento ou coisa do tipo. Vamos então compreender melhor essa
questão para não cometermos equívocos.
O texto que contém essa questão é esse: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.” (1Co 11. 27).
É um texto que apresenta uma advertência muito séria: Participar da
ceia “indignamente” é se tornar culpado perante Deus de um grave pecado.
Mas o que Paulo quis dizer nesse texto com a palavra “indignamente”?
Para compreendermos corretamente a mensagem do texto, precisamos
avaliar o contexto (o que vem antes e o que vem depois desse texto).
Observe que o versículo mencionado está dentro de uma sessão que vai dos
versículos 17 ao 34. E é dentro desta sessão que encontramos a resposta
que estamos buscando. É importante observar que a Palavra de Paulo é
dirigida a igreja (aos crentes). É evidente que quem é descrente não
deve participar da santa ceia, pois não teria significado algum.
Nos versículos 20 a 22 vemos claramente o que o apóstolo quis dizer
com a expressão “indignamente” (utilizarei a Nova Versão Internacional –
NVI para facilitar a compreensão do texto):
“Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do
Senhor, porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros.
Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. Será que vocês não
têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os
que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que
não!” (1Co 11. 20-22)
Vemos aqui o que Paulo quis dizer com comer a ceia “indignamente”:
Eles não estavam observando o modo correto de fazer a ceia, por isso,
se afastaram de seu real significado. Estavam fazendo do jeito errado. “Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor”. Vemos que a ceia perdeu seu significado, ficando vazia. Mas o que eles estavam fazendo errado?
Eles estavam tentando celebrar a ceia de forma dividida e não em
unidade (como corpo de Cristo, igreja) como devia ser. Os ricos
desprezavam aqueles que nada tinham ou eram pobres, fazendo sua própria
ceia, enquanto os pobres ficavam chupando dedos desprezados num canto e
também fazendo a ceia do seu jeito. “porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.”.
Paulo condena essa desunião. Uma ceia dividida dentro da igreja não era
a santa ceia que Cristo instituiu e, por isso, era pecado.
Os pobres eram envergonhados como se não fizessem parte do corpo de Cristo por serem pobres. “Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm?”.
Dos versos 23 ao 26 Paulo relembra a eles o real significado da Santa Ceia.
Seguindo com sua orientação, Paulo busca uma correção para a questão, orientando uma mudança de atitude baseada na reflexão: “Examine-se,
pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois
quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.”
(1Co 11. 28-29). Esse “examinar” está ligado à questão
anterior, ou seja, examinar se da forma que está participando não está
pecando contra seus irmãos na fé e consequentemente contra Deus. Paulo
nos chama a examinar a seriedade do ato de participar da santa ceia
como indivíduos que fazem parte de um corpo.
Paulo finaliza reiterando o caráter de união da ceia. União de todos
os servos de Cristo. Participar da ceia com qualquer forma de desunião é
comê-la indignamente. “Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros.” (1Co 11. 33).
Concluo essa questão dizendo que nem mesmo um pecado ocasional deve
ser um empecilho para que você deixe de participar da ceia. Confesse o
seu pecado e participe da ceia. A ceia é momento de [união] do povo de
Deus e de relembrar o sacrifício do nosso Salvador, bem como, de
avaliação interior e fortalecimento espiritual de cada um de nós e da
igreja como um todo. Por isso, devemos refletir, tomar decisões para
reparar possíveis erros e participar dela, fortalecendo-nos como
indivíduos e como igreja (isso é comer a ceia dignamente).
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