Perseguição : Sudão, determinou a retirada total dos cristãos do país até o dia 9 de abril.
>> segunda-feira, 9 de abril de 2012
O presidente do Sudão, Omar al-Bashir,
determinou a retirada total dos cristãos do país até o dia 9 de abril,
em uma intensificação da perseguição religiosa aos grupos minoritários
cristãos na região.
O chefe de estado sudanês vem
empreendendo, há décadas, perseguições a cristãos e minorias religiosas
em todo o país e particularmente nas fronteiras com o Sudão do Sul.
O país recebeu a emancipação em 2011, e
desde então, al-Bashir decretou a sharia – lei da islamização absoluta –
em todo território. Segundo sua política, o país deveria tornar-se uma
nação de “uma só língua, uma só cultura e uma só religião” e os
sudaneses cristãos deveriam deixar o território.
Em entrevista ao The Christian Post, o
pastor Mário Freitas, presidente da Missão em Apoio à Igreja Sofredora
(MAIS), diretamente do Sudão, falou sobre o grande problema enfrentado
pelos cristãos ameaçados, que é a falta de perspectiva.
De acordo com Freitas, que está no local
desde 3 de abril, os líderes religiosos sudaneses estão tentando
encontrar a linha emocional a seguir entre a fé e o desespero.
“Na verdade, ninguém sabe como serão os
próximos dias. Não sabem se os filhos poderão seguir normalmente na
escola. Não sabem se as esposas estarão em segurança nas ruas e nos
mercados. Não sabem como e onde estarão os irmãos de fé”, conta o
missionário.
Freitas explica que há grandes
dificuldades no processo migratório, entre outras coisas, por causa da
alta nos preços do território ao sul.
“Há muitos estrangeiros, funcionários de
organizações humanitárias, diplomatas e negociantes, o que também
inflaciona os preços. Se todos vão para o mesmo lugar, é natural que se
gere concorrência naquele destino.”
Outro fator para a retirada é que os
sudaneses cristãos possuem vínculos afetivos com o Sudão. “ Os cristãos
pertencem etnicamente ao sul, por serem filhos de tribos daquela região,
mas nasceram e cresceram no norte. Têm uma vida aqui em Khartoum. É
aqui que seus sonhos foram gestados, aqui estudaram, aqui conheceram
seus cônjuges. Não querem sair de casa porque estão em casa”, explicou.
“Além disso, não seriam mais aceitos naquele território”.
Há ainda uma questão étnica, pois os
sudaneses do norte têm ascendência árabe, enquanto os do sul têm origem
nas raças tribais negras. “Estes são muçulmanos convertidos ao
cristianismo, o que por si só, já é um crime mortal”.
Segundo o pastor Freitas, nas ruas de
Khartoum, capital do Sudão, há uma tensão com relação aos cristãos e uma
intensa perseguição moral a eles, que não conseguem empregos e assim
não possuem os meios para sua subsistência.
Sobre a perspectiva do dia 8, próximo
domingo, Freitas explica que os pastores e cristãos locais não conseguem
fazer grandes predições. “Eles não sabem o que esperar. Mas têm muita
fé”, assegura. “Eles simplesmente esperam e esperam. Aguardam
passivamente, mas não vão deixar sua terra”, garante.
Um dos pastores locais, quando
perguntado se temia a morte afirmou: “eu não tenho medo de morrer. Eu já
morri”. Para Freitas eles “são heróis e nos encorajam diante de nossos
míseros problemas. Eles sabem que Deus lhes será por juíz”.
Genocídio de cristãos
O presidente Omar al-Bahsir já foi
indiciado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia e tem contra si três
acusações de genocídio.
A violência, porém, continua. No estado
de Kordofan do Sul, ainda há bombardeios aéreos, assassinatos seletivos,
sequestros de crianças e outras atrocidades contra cristãos.
Relatórios da ONU indicam que entre 53
mil e 75 mil civis inocentes foram expulsos de seus lares no território
sudanês, e casas e edifícios foram incendiados.
Com informações do The Christian Post
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