E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
>> quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Foto: João Cruzué
João 8:32 |
João Cruzué
O diálogo de Jesus com alguns fariseus
no templo de Jerusalém, no capítulo 8 de São João, é muito muito
esclarecedor. É possível perceber ali que o Espírito que havia em Jesus
não comungava com o espírito dos fariseus, pois aquele diálogo foi muito
difícil. Durante a conversa, alguns deles creram, mas Jesus olhou para
os outros e disse: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Jesus não estava falando com publicanos,
nem com samaritanos, nem a gregos. Ele proferira essa palavra para,
nada mais nada menos, a elite politico-religiosa de Israel. Foram
palavras duras, brandidas contra três pontos: pecado, escravidão e
cegueira espiritual.
Fariseus eram homens doutos, nascidos em
berço religioso. Ouviam a palavra de Deus desde bebezinhos e a maioria
deles tivera grandes rabinos como mestres. E mesmo assim, há um
diagnóstico estarrecedor, pois Jesus de vez em quando chamava alguns
deles de filhos do diabo. E era assim, porque tinham um desejo homicida
em seus corações.
Quão distanciados de Deus estavam
aqueles fariseus. Jesus falou sem reservas que eles eram escravos do
pecado, mentirosos, filhos do diabo. Infere-se também no diálogo ríspido
que aqueles fariseus eram o grupo que mais resistência oferecia ao
ministério do Cristo, e por isso, naturalmente, o diagnóstico estava
certo: Se eles faziam oposição cerrada, somente o diabo poderia estar
por detrás disso.
A maior prova aconteceu mais tarde,
quando um jovem fariseu chamado Saulo de Tarso fazia ferrenha
perseguição aos cristãos para matá-los. Saulo pensava que agradava a
Deus, porém, desgraçadamente, não via que seu coração estava sendo
manipulado pelo diabo. No encontro que teve com a presença
misericordiosa de Deus, literalmente caiu do cavalo, assim como caem os
endemoniados.
Os fariseus eram religiosos que
pertenciam também a um partido político. No tempo de Jesus eram minoria
em um Sinédrio governado por um outro grupo religioso - os saduceus.
Fico imaginando a partir de que momento
aqueles fariseus, entendidos em teologia, se tornaram filhos do diabo.
Onde foi que erraram e se desviaram? Resposta: Não foi da noite para o dia.
Envolvidos em conchavos e acordos
políticos foram descendo de degrau em degrau, de mentira em mentira, de
prevaricação em prevaricação, até perderem a presença de Deus. Eles se
tornaram assim instrumentos à disposição do diabo. Eram exatamente eles,
as pessoas que o diabo manipulava para tentar, ofender com palavras
duras: endemoniado e bastardo. E não apenas isso, como também para
matá-lo. É só ler o capítulo 08 de João para perceber isto.
Religiosos que deixaram a dedicação ao
Ministério (contra a vontade de Deus) para se imiscuirem em outras
atividades, políticas por exemplo. Puseram os interesses pessoais
adiante de Deus e enganavam-se a si mesmos na vã suposição de estavam
servindo a Deus. Estavam servindo ao diabo e não se apercebiam disso.
Cegos.
Não é muito diferente de líderes
religiosos de nossa época. Quando os vejo andando com tanta desenvoltura
nos meios políticos, sendo bajulados aqui e ali, eu me pergunto:
estarão andando sob a vontade de quem? Fico
assombrado com a quantidade de pastores que estão deixando a frente do
curral das ovelhas em busca de emoções menos nobres, seguindo o
interesse político de de seus chefes.
O projeto de evangelismo da Igreja, não
vai bem. Não tenho visto entusiasmo. A vontade do Espírito Santo ainda
não mudou. Jesus disse no mesmo capítulo, v. 47, uma receita infalível:
Quem é de Deus ouve as palavras de Deus. E os que lhe não lhe dão
ouvidos só podem ser: homens desviados.
Dependendo do momento, é quase
imperceptível notar a diferença entre a vontade de Deus, a nossa vontade
e a vontade do diabo. Não há como descobrir no "cara ou coroa". Não
está escrito na testa, mas no caráter. Algumas coisas dão para perceber:
A liderança que estiver sempre na contramão da palavra de Deus. Isto é
um mau sinal.
A Igreja Evangélica de nossos dias está
muito interessada em fazer política secular. Costurando muitos acordos.
Fazendo muitos planos. Procurando os pastores mais populares para
cooptá-los a ser candidatos a uma vaga promissora, mas em uma função
menor, de um reino corrupto bem menor ainda.
Era dessa mesma forma, que agiam os
fariseus e saduceus do início da era cristã. Eles navegam com os pés em
dois barcos. Na Igreja e no mundo. E foi assim que eles trocaram a
vontade de Deus por interesses pessoais. E com o tempo, passaram a
servir o maligno. Foram bem menos resistentes que Jesus diante das
insinuantes propostas do diabo na tentação no deserto.
Líderes religiosos escravizados. O
pecado trouxe os grilhões de uma corrente cuja ponta estava nas mãos do
diabo. Pensavam que poderiam servir a dois senhores ao mesmo tempo, mas
tendo perdido a consciência pura também perderam a visão. Achavam-se
livres, mas eram cativos. Caíram quando procuravam estabelecer uma
terceira via. Um caminho: nem muito estreito e nem muito largo.
Racionalizaram o santo com o profano e "inventaram" a Igreja com um
tempero mundano. Que Deus nos guarde.
Foi diante deste contexto que Jesus profetizou em João 8; 32: E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."
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