A mornidão espiritual
>> sexta-feira, 25 de maio de 2012
"A mornidão espiritual é o pior estado que se
estabelece na vida de alguém que um dia teve um encontro pessoal e
verdadeiro com Cristo"
O QUE É MORNIDÃO ESPIRITUAL
A palavra “morno” aparece uma só vez no texto
sagrado, em Ap.3:16, quando o Senhor Jesus assim descreve, na carta que
mandou João escrever à igreja de Laodicéia, o estado espiritual daquela
igreja. É a palavra grega “chliarós” (???????). Em português, a palavra
“morno” tem origem incerta. Alguns estudiosos entendem que esta palavra
vem do latim “vulturnus”, nome de um vento, o “vento do sudoeste”, que
era um vento que trazia um calor abafado, tanto que os romanos logo
passaram a chamar de “vulturnus” o próprio calor abafado, palavra esta
que teria dado origem ao português “butorno”, que logo foi substituído
pelo correspondente espanhol “modorro”, que se transformou em
“modorra”, cujo significado é “sonolência causada por certos tipos de
doença”, “desejo irresistível de dormir, ainda que não provocado por
doença”, “grande desânimo ou prostração”, “apatia”, “indolência”.
- “Morno” significa “aquela temperatura que varia
entre o quente e o frio”, “pouco aquecido”, “que demonstra pouca
energia, pouca intensidade”, “desprovido de calor, de efervescência, de
vida”, “monótono”, “aborrecido”. Além de “morno”, palavra que nos vem do
uso popular, este mesmo significado é também conferido pela palavra de
origem erudita “tépido”, que vez da raiz latina “tepor”, cujo sentido é
“pouco quente” e que deu origem também a palavras como “tibiez” ou
“tibieza”, cujo significado é “estado de fraqueza, de debilidade, de
frouxidão”.
- Vemos, pois, em primeiro lugar, que a mornidão se
caracteriza por ser uma temperatura que está entre o quente e o frio. O
próprio Senhor, na carta à igreja de Laodicéia, bem demonstra isto,
dizendo que aquela igreja não era nem fria, nem quente e que antes fosse
uma coisa ou outra e não “morna”. O resultado da mornidão era terrível:
por causa desta mornidão, aquela igreja seria vomitada pelo Senhor, ou
seja, lançada fora da presença de Deus. Mas por que uma atitude tão
drástica em virtude da “mornidão”?
- A “mornidão” é uma temperatura entre o quente e o
frio, é o resultado de uma mistura entre o quente e o frio. Não há, na
natureza, um estado de mornidão. A mornidão é sempre fruto de uma
mistura entre o quente e o frio. Esta circunstância se entendia bem na
cidade de Laodicéia, onde ficava a igreja para a qual o Senhor Jesus
mandou esta carta.
- Laodicéia era uma cidade fundada pelos romanos no
vale do rio Lico, na atual Turquia, perto da atual cidade de Denizli.
Não muito distante de Colossos e de Hierápolis, Laodicéia havia sido
construída pelos romanos no meio da construção de estradas melhores que
facilitassem a comunicação entre Roma e a Ásia Menor. Por ter sido
construída como um entroncamento das principais estradas da região,
Laodicéia já nasceu destinada a ter uma prosperidade material,
tornando-se importante centro comercial.
- Apesar de sua localização privilegiada em termos de
transporte, Laodicéia estava numa região extremamente carente de água. O
abastecimento de água sempre foi o grande problema de Laodicéia que,
para tanto, precisou construir uma grande rede de aquedutos (ou seja,
canais que trouxessem água de outras regiões), principalmente das
regiões das duas principais cidades vizinhas: Hierápolis e Colossos. As
fontes de águas, no entanto, mostraram-se não ser úteis para o consumo.
Havia muitas fontes de águas termais, ou seja, águas quentes, que
chegavam mornas em Laodicéia, sendo insuficientes as águas frias que
vinham também para abastecer a região. O resultado é que as águas que
chegavam a Laodicéia eram impróprias para uso, causando, muitas vezes,
vômitos para os que as utilizavam.
- Como se percebe, pois, a mornidão é uma situação de
mistura, um estado artificial, não existente na natureza, criado pela
ação humana, que lhe causa danos e prejuízos em sua saúde e na sua
própria sobrevivência. A “mornidão espiritual” não é diferente. Ela é o
resultado da mistura que o homem provoca entre coisas que são de
naturezas completamente opostas. Assim como o quente e o frio são
contrários e não podem ser misturados sem dano, também o santo e o
profano, o puro e o impuro, o certo e o errado não podem ser misturados
sem dano espiritual. A “mornidão espiritual” é, portanto, o resultado da
mistura entre o puro e impuro, o limpo e o imundo, entre o santo e o
pecaminoso, um comportamento que sempre abominável aos olhos do Senhor
(Ez.22:26).
- Mas, “mornidão” , também, é “estado de pouco
aquecimento”, ou seja, uma situação em que há deficiência de transmissão
de calor, em que há insuficiente concessão de calor. Temos aqui que a
“mornidão” é o resultado de um processo de “aquecimento” que é
interrompido, é paralisado antes do tempo. Quando algo começa a ser
aquecido, não passa imediatamente do frio para o quente. É preciso todo
um processo para que o frio se torne quente e, se este processo é
paralisado antes que se consiga o aquecimento, temos um estado de
mornidão.
- A “mornidão espiritual” não é diferente. É, também,
um estado provocado pela interrupção, pela paralisação do “aquecimento
espiritual”. A vida espiritual é uma vida, como não temos cansado de
dizer em nossos estudos. Uma vida é uma continuidade, é uma constância.
Não é por outro motivo que as Escrituras denominam a “vida espiritual”
de expressões como “carreira” (At.13:25; 20:24; II Tm.4:7; Hb.12:1),
“jornada”(III Jo.6 ARA), “caminho” (Jo.14:4; At.16:17; 18:25; 19:9,23;
24:14,22; Rm.3:17; II Pe.2:2) e o convívio com o Senhor de “andar”
(Gn.5:24; 6:9; 17:1; 24:40; Sl.26:3; Rm.8:1) “prosseguir” (Os.6:3;
Fp.3:12,14) e “correr” (Sl.119:32.; I Co.9:26; Gl.5:7).
- A “mornidão espiritual”, porém, é uma paralisação
deste processo, é uma interrupção antes que se consiga o “aquecimento”.
Para-se a carreira sem que se tenha alcançado a linha de chegada;
para-se a jornada, sem que se tenha chegado ao destino; deixa-se o
caminho, ficando à sua beira, ao seu largo, sem condições de trilhá-lo
e, então, se atingir o propósito anteriormente estabelecido. Não mais se
anda, não se prossegue, não se corre mais. A “mornidão espiritual” é,
portanto, esta “parada” na continuidade da vida com Deus.
- Esta “parada”, esta “estagnação” não é jamais
aprovada pela Palavra de Deus. O Senhor, nas Escrituras, manda que
estejamos sempre continuando a convivência com Ele, que jamais deixemos
de andar, prosseguir ou correr: “Levantai-vos e andai, porque não será
aqui o vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim, que
destrói grandemente” (Mq.2:10). A paralisação do crescimento espiritual,
a interrupção do processo de caminhada com Deus traz inevitavelmente a
morte espiritual, em especial nos dias difíceis por que passamos. A
corrupção, diz o profeta, destrói grandemente e se pararmos a nossa
jornada, impondo-nos a “mornidão espiritual”, estaremos fadados a nos
corromper. O que acontece com um aparelho ou um bem que não mais usamos,
que deixamos parado? Ele se deteriora. Assim também ocorre com cada um
daqueles que, interrompendo sua jornada, entra em estado de “mornidão
espiritual”.
- O terceiro significado de “mornidão” está bem
vinculado ao anterior. “Morno” é o que tem “pouca energia, pouca
intensidade”. Como houve paralisação do processo de “aquecimento”, o
calor transmitido, a energia transmitida é pouca, é insuficiente para
que produza algum resultado útil, para que se alcance o objetivo
previsto, o alvo desejado. Fica-se aquém do esperado, não se consegue
satisfazer as exigências estabelecidas.
- A “mornidão espiritual” é uma situação em que não
se tem energia suficiente para se alcançar o fim da vida espiritual, que
é a vida eterna, o convívio eterno com o Senhor. O objetivo de todo
servo de Deus é a vida eterna. O texto áureo da Bíblia mostra-nos que
Deus enviou o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crê, não
pereça, mas tenha a vida eterna (Jo.3:16). A vida eterna é o que Deus
almeja a cada homem, “o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles
habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e
será o seu Deus.”(Ap.21:3).
- A “mornidão espiritual”, porém, impede a pessoa de
alcançar a vida eterna. Não há energia suficiente, não há força bastante
para que se consiga vencer o mundo e o pecado. A “mornidão espiritual” é
um estado de “pouca energia”, de “pouca intensidade”. Por isso, não se
terá condições de vencer o mundo e o pecado e, cedo ou tarde, a pessoa
estará privada da graça de Deus, das riquezas espirituais, da própria
salvação. Jesus disse a real condição da igreja de Laodicéia:
desgraçada, miserável, pobre, cega e nu. Esta é a situação que advém da
“mornidão espiritual”, porquanto há “pouca energia, pouca intensidade”.
Para vencermos o mundo, precisamos estar cheios do Espírito Santo
(Ef.5:18), ter suficiência de vida, ter vida plena, o que não se tem no
estado de “mornidão espiritual”.
- O quarto significado de “morno” é “desprovido de
calor, de efervescência, de vida, monótono, aborrecido”. Mais um
significado bem relacionado aos anteriores. A “mornidão espiritual”
caracteriza-se pela falta de calor, de efervescência, ou seja, pela
falta de “fervor”. “Fervor” vem da raiz latina “ferv”, cujo significado é
“ferver, estar fervendo, queimar, estar queimando, fermentar, estar
agitado, estar em grande atividade, estar cheio de, abundar”. Sua origem
é a raiz indo-européia “bher”, que significa “agitação”, “calor”.
- A “mornidão espiritual” representa um estado de
falta de calor, de falta de agitação. Quando vemos uma quantidade de
água fervendo, percebemos que há uma intensa agitação na superfície da
água. A água está em constante movimento e há formação de bolhas, de
vapor e ninguém consegue se aproximar da superfície da água sem se
queimar. Aliás, a água fervendo traz grandes males à pele humana, quando
esta entra em contacto direto com ela.
- Nada disse se passa, porém, quando estamos diante
da água morna, que, em vez de atacar o homem, pelo contrário, traz um
relaxamento, uma frouxidão, um entorpecimento. Este é o grande perigo da
“mornidão espiritual”: a falta de agitação, a falta de calor gera o
conformismo, a adequação ao meio-ambiente. Em vez da água fervente, que
não pára quieta, que não deixa ninguém se aproximar e que fere tudo o
que é carnal, a água morna se amolda ao que está ao seu redor, toma a
feição e as características do ambiente, não se importa com coisa
alguma, é parada, irrelevante, influenciada e não influenciadora.
- A “mornidão espiritual” representa este estado de
conformismo, de assunção dos valores mundanos, de mudança de valores. A
“mornidão espiritual” não impede a aproximação do pecado e do mundo e,
bem ao contrário, permite a acomodação de tudo quanto não tem parte com a
santidade e com a pureza na vida de quem é “morno”. Passa-se a ter uma
coabitação com o pecado, o que é desastroso, porque Deus continua a ser
um “fogo consumidor” (Hb.12:29), continua a ser o Deus que abomina o
pecado e que está sempre distante disto, prossegue sendo o Deus que está
querendo distribuir brasas vivas a todos quantos querem servi-lO. O
verdadeiro servo de Deus não se conforma com o mundo, mas se transforma
pela renovação do seu entendimento (Rm.12:2).
- A “mornidão espiritual” também traz uma
“monotonia”, um “aborrecimento” na vida da pessoa. Como não há agitação,
como não há movimento, tudo fica parado, estagnado, torna-se monótono. A
monotonia é a “ausência de variedade, de diversidade, de multiplicidade
em alguma coisa que geralmente se caracteriza pela presença de
componentes diversos”. Ora, a vida espiritual, a convivência com Deus é,
precisamente, um ambiente em que sempre há variedade, em que sempre há
diversidade. As misericórdias do Senhor são novas a cada manhã
(Lm.3:23), a cada manhã o Senhor traz à luz a Sua justiça, mesmo no meio
da opressão (Sf.3:5), o servo de Deus vive sempre em novidade de vida
(Rm.6:4).
- Este é o motivo pelo qual a vida espiritual é
comparada a uma fonte de água que salta para a vida eterna (Jo.4:14),
porque uma característica da fonte é a de nunca ter a mesma água, mas,
ao contrário, é sempre um nascedouro de água, um local onde sempre água
nova surge, sem interrupção, sem parada. Entretanto, a “mornidão
espiritual” caracteriza-se pela “monotonia”, ou seja, em vez de fonte de
água, temos a presença de “cisternas rotas” (Jr.2:13), poços cavados
para obter a água da chuva, poços secos, que não têm água e que quando a
água surge, não é retida, é perdida e a que fica, lamentavelmente,
serve apenas para causar males, pois se torna em criadouro de moléstias
(que o diga a dengue…) e de toda espécie de danos.
- A “mornidão espiritual” transforma a fonte de água
viva em cisterna rota, em água parada e estagnada. A água fervente que
não permitia a aproximação de quem quer que seja, passa a ser criadouro
de toda a espécie de inseto, verme e outras criaturas prejudiciais à
saúde. A fonte que matava a sede pela pureza de suas águas, passa a ser
uma cisterna de água estagnada, contaminada e mal cheirosa. A agitação
que movimentava o ambiente, que transformava vidas, torna-se a
monotonia, a mesmice que não muda coisa alguma, que só acrescenta mau
cheiro (os “escândalos”), doença (as “heresias” e os “falsos ensinos”) e
morte.
- Por fim, temos que o significado de “tépido”, a
palavra erudita que corresponde ao significado de “morno” é “fraco,
débil, frouxo”. A “mornidão espiritual” é um estado de fraqueza
espiritual. A fraqueza espiritual distingue-se da fraqueza material.
Esta se apresenta como uma aparência de moleza, de debilidade, de falta
de vigor. Quando falamos em fraqueza, no sentido material, logo nos vem à
mente as pessoas doentes, que se encontram quase sempre pálidas, sem
cor, sem força, andando, falando, enfim, vivendo com dificuldade.
- A fraqueza espiritual, entretanto, é diferente. Ela
não tem aparência de debilidade, mas, bem ao contrário, a fraqueza
espiritual é identificada exatamente pela sua aparência de robustez. O
apóstolo Paulo descreveu, de modo bem feliz, este tipo de fraqueza, ao
dizer: “…sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou
fraco, então, sou forte.” (II Co.12:10).
- A fraqueza espiritual apresenta-se sempre quando
alguém se acha forte, quando diz para si e para todos quantos o cercam
de que está bem, de que não precisa de coisa alguma que venha da parte
de Deus. Quando alguém se considera forte é porque está fraco
espiritualmente. A fraqueza espiritual não se demonstra por falta de
vigor, mas se apresenta como arrogância, como soberba, como
auto-suficiência diante de Deus.
- A fraqueza espiritual da igreja de Laodicéia
mostra-se logo no início de suas afirmações. Aquela igreja, a começar do
seu anjo (i.e., do seu dirigente), enchia o peito e dizia para todos,
com evidente e louca soberba: “Rico sou e de nada tenho falta” (cfr.
Ap.3:17). Ora, é nesta tola manifestação que se verifica a fraqueza
espiritual. Ao dizer que não precisava de coisa alguma, aqueles crentes
mostravam o seu estado de “mornidão espiritual”, pois só temos força
espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa
pequenez, o nosso nada diante de Deus. O servo de Deus que é
espiritualmente forte, como Paulo, é forte porque reconhece que é fraco.
O verdadeiro forte espiritual é aquele que se manifesta como o
salmista: “Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de
mim”(Sl.40:17a).
- A “mornidão espiritual” é um estado de fraqueza
espiritual e esta fraqueza se verifica no sentimento de
auto-suficiência, de arrogância, de orgulho e de soberba do homem que
tem a petulância, o desatino, a loucura de dizer que não precisa de
Deus, de que “pode se virar sozinho” neste mundo. Como temos visto ao
longo deste trimestre, é este um dos sentimentos dominantes, senão o
predominante, nos tempos trabalhosos e, portanto, o estado de “mornidão
espiritual” traz aquilo que é, sem dúvida, um dos maiores males da
humanidade: a recusa em se submeter ao senhorio de Deus.
II – AS CAUSAS DA MORNIDÃO ESPIRITUAL
- Visto o que é a mornidão espiritual, temos de,
agora, verificar como ela surge no meio do povo de Deus, quais são as
suas causas, a fim de que não nos deixemos atingir por ela, pois, como
dissemos supra, é ela um dos “inimigos íntimos”, um dos “inimigos de
nossa própria casa”, visto que a mornidão espiritual, ao contrário dos
desafios que temos estudado ao longo deste trimestre (o mundanismo
contra a família, o sistema educacional, o ataque maligno contra a saúde
física e mental do homem como também à atividade da igreja, o
relativismo ético, a tecnologia a serviço do mal e os falsos ensinos),
que vêm de fora para dentro de nós, a mornidão é algo que surge dentro
de cada salvo, a corroer-lhe a salvação e, neste sentido, como disse
Jesus, “…os inimigos do homem são os da sua própria casa” (Mq.7:6 “in
fine”), casa que pode ser considerada, também, não só como nossa
família, como também como cada um de nós (Hb.3:6).
- A primeira causa da “mornidão espiritual” é o
sentimento de auto-suficiência. “Rico sou e de nada tenho falta” é a
expressão que dá início à mornidão espiritual, é o primeiro fator que é
apontado pelo Senhor Jesus na identificação da mornidão da igreja de
Laodicéia, que resultaria no seu vômito da boca do Senhor.
- O homem não pode jamais se esquecer de que é menos
do que nada diante de Deus (Is.40:17; 41:24). Feito para ser o dominador
sobre a criação na face da Terra (Gn.1:26), o homem depende
exclusivamente da bênção do Senhor para cumprir o propósito a ele
estabelecido pelo próprio Deus (Gn.1:28). Tudo quanto o homem desfruta,
tudo o que o homem tem é resultado da misericórdia e da providência de
Deus (Gn.1:29,30). Sem o Senhor, nada podemos fazer (Jo.15:5).
- Quando, porém, o homem se deixa iludir pela sua
própria concupiscência e, a exemplo do primeiro casal, entende de querer
viver sem Deus, de querer seguir um rumo próprio na sua existência, de
“proclamar sua independência” de Deus, temos instalada a principal causa
da “mornidão espiritual”. “Querer ser igual a Deus” foi sempre o grande
mal do ser humano. “Querer ser o dono do seu nariz”, “querer tomar
conta da sua vida”, a grande mentira que o diabo tem contado a milhões e
milhões de seres humanos e que tem levado multidões para a perdição.
- Há um grande risco quando alguém, tendo conhecido a
Cristo e O aceitado como seu único e suficiente Senhor e Salvador,
começa a entender que pode servir a Deus “do seu jeito”, “à sua
maneira”. “Rico sou e de nada tenho falta”, ou seja, “não preciso fazer
isto ou aquilo para me salvar”, “tal e qual exigência da Bíblia não vale
mais para o nosso tempo”, “isto era naquele tempo, agora não é
necessário”, “isto não faz mal, é implicância da igreja (ou do pastor)” é
um fator de “mornidão espiritual” e tem levado muitos, mas muitos
mesmo, à perdição.
- Não podemos discutir com Deus o que Ele nos manda
fazer. Não podemos selecionar o que se encontra na Sua Palavra. Não
podemos determinar o que se deve seguir e o que não se deve seguir nas
Escrituras. Temos, tão somente, de reconhecer que somos menos do que
nada e que, por misericórdia, desfrutamos a salvação na pessoa de Cristo
Jesus e, por isso, devemos Lhe ser obedientes. Aliás, as palavras de
Jesus são claríssimas a respeito: “Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o
que Eu vos mando” ( Jo.15:14).
- A proliferação de movimentos religiosos nos dias em
que vivemos, em especial de denominações ditas evangélicas, é, em
grande parte, conseqüência deste sentimento de auto-suficiência. Muitos
são aqueles que não aceitando se submeter à Palavra de Deus, criam
“atalhos”, “meios mais fáceis” de servir a Deus. São eles que determinam
como se deve servir ao Senhor. Querem “comodidade”, facilidades mil,
porque se consideram ricos e de nada têm falta. Assim sendo, têm sua
própria maneira de servir ao Senhor, a maneira mais cômoda e leve
possível. Esquecem-se, porém, que, para servirmos a Deus, devemos, antes
de tudo, renunciar a nós mesmos, negar a nós mesmos (Mc.8:34; Lc.9:23).
- Mas, além do sentimento de auto-suficiência, também
causa a “mornidão espiritual” a estagnação do crescimento espiritual.
Como se viu, a mornidão é a interrupção do processo de aquecimento. Diz o
apóstolo Tiago que devemos nos chegar a Deus que Ele Se chegará a nós
(Tg.4:8). Tem-se, portanto, um processo duplo: o homem se aproxima de
Deus e, como conseqüência disto, Deus também Se aproxima do homem. Tendo
o homem tomado a iniciativa, Deus também vai em direção ao homem.
- É preciso que o homem se converta, ou seja, mude de
direção, deixe de seguir aos desejos de sua natureza pecaminosa, e se
vire para onde Deus está a lhe esperar. Vemos bem esta situação
tipificada na chamada de Moisés, quando é dito que tudo começou porque
Moisés resolveu se virar e ver o que ela aquilo que estava a ver (i.e., a
sarça que ardia mas não se consumia) (Ex.3:3). Este processo é
contínuo, não pode ser paralisado, pois “…a vereda dos justos é como a
luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”
(Pv.4:18). Este dia perfeito somente será alcançado na glorificação (I
Co.15:52-54) e, por isso, temos de perseverar até o fim (Mt.24:13),
sendo firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor (I
Co.15:58).
- Temos, portanto, de nos aproximar diariamente de
Deus (Sl.73:28), sabendo que isto é bom, porque, quando nos aproximamos
dEle, Ele Se aproxima de nós. Esta aproximação faz com que Deus Se
rebaixe até o nosso nível, desça de Sua grandeza para poder compartilhar
conosco de Suas misericórdias (Ex.3:7,8; Jo.6:38; At.7:34). Mas, ao
mesmo tempo que Deus desce, o homem cresce. Quanto mais nos aproximamos
de Deus, maior é o nosso crescimento. A vida espiritual é uma vida de
crescimento, crescimento que se dá na graça e no conhecimento de Jesus
Cristo (Cl.1:10; II Pe.3:18), em sabedoria (Pv.9:9). O crescimento é
resultado do nascimento do Sol da Justiça em nós (Ml.4:2). A igreja, o
povo de Deus na Terra, tem de crescer para templo santo do Senhor
(Ef.2:21) e fazer com que a Palavra de Deus cresça e prevaleça
(At.19:20). Devemos crescer em tudo nAquele que é a cabeça, Cristo
(Ef.4:15).
- Quando, porém, paramos este processo, quando
deixamos de crescer, então advém a “mornidão espiritual”. Deixar de se
aproximar de Deus, deixar de chegar a Deus nada mais é que interromper o
processo de crescimento espiritual. Como se faz isto? Deixando de orar,
de meditar na Palavra de Deus, de buscar a presença do Senhor, de pedir
e buscar as bênçãos espirituais.
- A “mornidão espiritual” tem se instalado em muitas
vidas porque há uma paralisação na vida devocional. As pessoas não oram
mais, não lêem a Bíblia, não jejuam, não pedem o batismo com o Espírito
Santo nem os dons espirituais, não têm interesse em exercer os talentos
que lhes foram confiados pelo Senhor. Querem servir a Deus de um modo
cômodo, sem esforço nem dedicação. O resultado é que não mais se viram
para ver a sarça que está ardendo sem se consumir e, por isso, não mais
dialogam com Deus, não mais sentem a Sua presença, a Sua glória, não
mais se dispõem a realizar tarefas inadiáveis, que atendem ao clamor e
aos gemidos do povo do Senhor, que vive, como temos visto neste
trimestre, por períodos de grande angústia e necessidade.
- Nosso modelo é o Senhor Jesus, que jamais se
descuidou da Sua vida devocional. Cumpria e conhecia as Escrituras,
sempre as citando, sempre nelas meditando, ainda quando se encontrava em
agonia na cruz do Calvário (Jo.19:28). Nasceu orando (Hb.10:5-9), viveu
orando (Mt.14:23; Mc.6:46; Lc.9:29; Lc.22:44) e morreu orando
(Lc.23:46). Determinou que os Seus servos pedissem as bênçãos
espirituais, que lhes seriam concedidas ante a insistência (Mt.7:11;
Lc.11:13), porque Ele mesmo o pediu (Jo.11:41,42).
- No entanto, muitos têm deixado de crescer,
tornam-se verdadeiros “anões espirituais”, pessoas que, pelo tempo,
deveriam ser mestres, mas que carecem ainda de um tratamento dado a
recém-nascidos (Hb.5:12). Verdadeiras “crianças espirituais”, que, sendo
meninos, fazem coisas de menino (I Co.13:11). São “débeis mentais
espirituais”, que transtornam a obra de Deus e a si mesmos, deixando que
a carnalidade lhes domine (I Co.3:1-3) e o resultado da carnalidade é a
privação do Espírito de Deus na vida, é o desagrado a Deus (Rm.8:5-8).
- Outro fator que causa a “mornidão espiritual” é a
falta do amor. Morno é o que é desprovido de calor, de fervor, de vida.
Ora, quando o homem aceita a Cristo, é justificado pela fé, passa a ter
paz com Deus e tem derramado no seu coração o amor de Deus pelo Espírito
Santo (Rm.5:1-5). Quando, porém, falta este amor, não há como se
produzir o calor do Espírito. Este fator é tão importante que se
constitui num “inimigo íntimo” independente, mormente nos tempos
trabalhosos em que vivemos, de tanta importância que será o objeto da
nossa próxima lição.
- Mas, vimos, também, que a mornidão é um “calor
abafado” e “abafar” é “sufocar”, “impedir a respiração”,”perder o
ânimo”, “esmorecer”. Ora, uma das causas da “mornidão espiritual” é,
portanto, o “abafo”, a “perda do ar” e sabemos que, em termos
espirituais, o “ar” é o Espírito Santo de Deus. Assim, causa “mornidão
espiritual” tudo aquilo que não deixa o Espírito Santo Se mover, que não
dá liberdade ao Espírito Santo. Daí a recomendação do apóstolo: “não
extingais o Espírito” (I Ts.5:19), que, na Nova Tradução na Linguagem de
Hoje, encontra uma interessante variante: “não atrapalhem a ação do
Espírito Santo”.
- Nos dias em que vivemos, muitos crentes têm entrado
em estado de “mornidão espiritual” porque não permitem que o Espírito
Santo possa atuar nas suas vidas. Resistem ao Espírito Santo, não ouvem a
Sua voz e o resultado disto é que entram na triste situação de
mornidão. Somente conseguimos vencer o mal, ter liberdade frente ao
pecado e ao mundo se, e somente se, dermos ouvido ao Espírito Santo,
pois “…onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.”( II Co.3:17b).
- Infelizmente, muitos são os que não mais ouvem a
voz do Espírito Santo. Endurecem os seus corações e não aceitam a
direção do Santo Espírito, cuja função é nos ensinar todas as coisas e
nos fazer lembrar o que Jesus ensinou (Jo.14:26). Muitos cometem os
mesmos erros dos judeus que, ao longo de sua história, sempre resistiram
ao Espírito de Deus (At.7:51).
- Quem resiste ao Espírito de Deus, quem endurece a
sua cerviz, ou seja, não renuncia a si mesmo, não assume a vontade de
Deus na sua vida mas, ao contrário, quer fazer o que bem entende, “não
abre mão” de suas vontades, sonhos e projetos, entra em estado de
“mornidão espiritual”. Estêvão chamava-os de “incircuncisos de coração e
ouvido”, ou seja, pessoas que não assumem qualquer compromisso com
Deus, que se apartam da aliança proposta pelo Senhor, porque não se
submetem a Ele e à Sua vontade, rejeitando a Palavra do Senhor.
- Os dias em que vivemos são dias em que muitos não
querem mais ouvir a Deus. Por causa disto, correm atrás de “doutores
conforme as suas próprias concupiscências”, pois têm comichões nos
ouvidos e só ouvem aquilo que querem ouvir (II Tm.4:3). Pecam e não
querem saber de deixar de pecar e, o que é pior, acham que Deus tem de
aceitá-los deste jeito. Por isso, entram em estado de “mornidão
espiritual”, porque “abafaram” o Espírito de Deus, sufocaram-nO, fazem
questão de não ter mais a Sua doce presença e companhia.
- Com o “abafamento” do Espírito, temos que não se
pode manter o fervor espiritual. Sem ar, o fogo se apaga, o fogo não se
mantém. A vida do crente era figurada no fogo do altar, que deveria
arder continuamente, jamais poderia ser apagado (Lv.6:13), mas, para
isso duas coisas eram necessárias: o comburente, que é o que reage com a
substância para que haja a queima e o combustível, que é aquilo que é
queimado.
- Na vida espiritual, para que não tenhamos “mornidão
espiritual”, também se faz necessário que se mantenha o fogo aceso e,
para isto, precisamos de comburente e de combustível espirituais. Faz-se
necessário que ouçamos e sigamos a direção do Espírito Santo, que Ele
esteja presente em nossas vidas. Ele é o comburente, aquele que reage
com aquilo que vai ser queimado. Todos sabemos que, na vida física, o
principal comburente é o oxigênio, encontrado no ar. O comburente
espiritual é o Espírito Santo, o “vento de Deus”. Seu soprar é
indispensável para todos aqueles que são nEle nascidos (Jo.3:8).
- Já o combustível, aquilo que havia de ser queimado,
era, na figura do altar, a lenha, que deveria sempre abastecer o fogo,
ou seja, a madeira (Lv.6:12). “Lenha” é a madeira, mais ou menos
fragmentada, que é usada como combustível. A lenha, que é madeira,
representa aqui cada um de nós, o nosso próprio ser, pois madeira fala
de humanidade, de fragilidade. Precisamos nos fragmentar, isto é,
precisamos nos fazer em pedaços, nos humilhar diante de Deus, para que,
então, possamos ser usados por Ele e, assim, termos o fogo do altar
ardendo continuamente em nós.
- A “mornidão espiritual” provém de pessoas que não
aceitam se humilhar diante de Deus, que são orgulhosas, soberbas e que
não admitem se submeter ao Senhor. Entretanto, a Bíblia diz que devemos
nos humilhar debaixo da potente mão de Deus (I Pe.5:6), perante o Senhor
(Tg.4:10). Deus não só dá graça aos humildes (Tg.4:6; I Pe.5:5), como
também o salva (Jó 22:29) e para ele atenta (Sl.138:6). O humilde de
espírito obterá honra (Pv.29:23b) e só é semelhante a Cristo quem for
humilde de coração (Mt.11:29).
III – CONSEQÜÊNCIAS DA MORNIDÃO ESPIRITUAL
- Em Sua carta à igreja de Laodicéia, o Senhor Jesus
mostra as tristes conseqüências da mornidão espiritual. Ele afirma que,
por causa da mornidão, vomitaria da Sua boca aquela igreja, ou seja,
lançá-la-ia fora da Sua presença, um gesto extremo e drástico, mas que
revela quão abominável para o Senhor é esta situação espiritual,
situação em que, lamentavelmente, se encontram muitos, mas muitos
mesmos, dos que cristãos se dizem ser.
- Podemos, então, dizer que a conseqüência final, o
último resultado da mornidão espiritual é a morte espiritual, a perdição
eterna. Estas pessoas, que estavam no interior do corpo de Cristo, que
pertenciam à Igreja, são, por fim, lançadas fora do corpo, são
“vomitadas”. Devemos notar que eram pessoas que estavam “dentro do
corpo”, mas que são lançadas fora em virtude da sua mornidão, algo que,
como já vimos, era comum em Laodicéia, em virtude da mornidão das águas
ali trazidas pelos aquedutos.
- Mas antes que venha esta conseqüência final, o
Senhor Jesus diz que algumas características, alguns “frutos” advinham
da vida de quem está sob mornidão espiritual. O processo de vômito não é
imediato, nem o poderia ser, visto que o Senhor não tem prazer na morte
do ímpio (Ez.33:11), mas, antes, quer que ele se salve e se converta
dos seus maus caminhos (Ez.18:23; I Tm.2:4). Não nos iludamos, pois:
quando alguém é lançado fora da igreja, demonstra toda a sua impiedade
de modo escandaloso e, quiçá, irreversível, isto não ocorreu de um
momento para outro, mas foi resultado de um longo processo, processo
este em que a pessoa não quis ouvir a voz misericordiosa do Senhor.
- Assim, antes que advenha a apostasia completa, a
morte espiritual, o vômito da boca do Senhor, alguns efeitos imediatos
já se fazem sentir na vida de quem está morno espiritualmente. Tais
frutos são detectados pelos verdadeiros servos do Senhor que tudo
discernem, embora de ninguém sejam discernidos (I Co.2:15),
discernimento este que não tem outro propósito senão levar a cada servo
do Senhor a buscar ajudar aquele que caminha perigosamente para a morte
eterna, deles tendo piedade e salvando alguns, arrebatando-os do fogo
(Jd.22,23).
- A primeira destas conseqüências imediatas é a
desgraça. Jesus disse que aquela igreja era desgraçada, ou seja, não
tinha a graça de Deus. A palavra grega é “talaitóros” (??????????), cujo
significado é “pessoa em aflição, dificuldade, miséria, infelicidade”,
um “coitado”. Quando se entra em estado de “mornidão espiritual”,
perde-se a “graça de Deus”, ou seja, o “favor imerecido de Deus”, aquilo
que Deus nos dá pelo Seu infinito amor, pela Sua misericórdia, não
pelos nossos méritos.
- Quando se acha que é rico e que de nada se tem
falta, a pessoa simplesmente rejeita a graça de Deus e o que é o homem
sem esta graça? O que merece o homem se se retirar aquilo que recebe
pela misericórdia divina? Um homem sem a graça, um homem “desgraçado” é
um infeliz, é um coitado, é um ser que somente merece a condenação
eterna, ser lançado fora da presença do Senhor e habitar, para todo o
sempre, pela sua petulância e atrevimento, nas trevas exteriores, onde
há pranto e ranger de dentes (Mt.8:12; 22:13; 25:30).
- A perda da graça de Deus é uma triste conseqüência
da “mornidão espiritual”. Sem a graça de Deus, a pessoa murcha, como diz
conhecido hino sacro. Não há mais vigor espiritual, o desânimo toma
conta. A aflição, a angústia, a infelicidade, a perda de esperança, a
falta de perspectiva passam a habitar o interior do “desgraçado”. Por
isso, o “morno espiritual” foge, a todo custo, do pensamento das coisas
que são de cima, preferindo correr em direção das coisas perecíveis, das
ilusões e dos enganos passageiros deste mundo, porque, se parar para
pensar nas coisas eternas, verá que não tem a graça, que é um infeliz,
um coitado.
- Mas Jesus não disse apenas que o “morno espiritual”
era um “desgraçado”. Também afirmou que ele era miserável. “Miserável” é
aquele que tem carência de tudo, ou seja, que não tem coisa alguma, que
é digno de compaixão, que se encontra numa situação lamentável,
desprezível, que não vale coisa alguma. Esta é a situação de quem, tendo
nascido de novo e iniciado sua caminhada com Deus, dEle se afasta,
interrompe a sua carreira.
- Como diz conhecido cântico, “quem tem Jesus, tem
tudo; quem não tem Jesus, não tem nada”. Esta expressão é baseada na
afirmação bíblica de que quem confessa o Filho, tem também o Pai (I
Jo.2:23b). Ora, quem tem a Deus, tem tudo, pois Deus é o dono de todas
as coisas (Sl.24:1). Quem, porém, nega o Filho, diz o mesmo texto, não
tem o Pai (I Jo.2:23a). Como Deus é o dono de tudo, quem não tem o Pai,
não tem coisa alguma, nem a si mesmo, pois também nós somos de Deus,
visto que criaturas Suas.
- A “mornidão espiritual” gera, deste modo, a
“miséria espiritual”. O “morno” é um miserável, porque nada tem, não
vale coisa alguma, é desprezível, tem falta de tudo. Por isso, aliás, os
“mornos espirituais” estão a correr atrás de fama, posição social,
dinheiro e emoções as mais variadas, entrando no círculo vicioso do
hedonismo, da filosofia dos prazeres, que domina os nossos dias. Por que
muitos crentes estão buscando, a todo custo, uma “alegria carnal”,
emoções e “sentimentos fortes”, indo de um lado para outro para saciar a
sua alma? Porque são miseráveis, não têm coisa alguma, estão vazios,
desprovidos de qualquer espiritualidade e, como diz um conhecido
provérbio popular, “quem tudo quer, nada tem”.
- A terceira conseqüência imediata da “mornidão
espiritual” é a pobreza. Jesus diz ao anjo da igreja de Laodicéia (que
representa toda a igreja, até porque, nesta carta, o Senhor, ao
contrário de outras cartas, não faz qualquer ressalva ou exceção, dando a
entender que não havia ali qualquer remanescente fiel) que ele era
pobre. Apesar de dizer que era rico e que de nada tinha falta, aos olhos
do Senhor, o que se via era tão somente pobreza espiritual. Esta
pobreza não deve ser confundida com a “pobreza de espírito”, que o
Senhor aponta como sendo a primeira bem-aventurança (Mt.5:3), pobreza
esta que nada mais é que o sentimento de dependência de Deus, ou seja,
exatamente o contrário da auto-suficiência, da arrogância apresentada
pelos laodicenses. A palavra grega “ptochós” (??????) tem também o
significado de “pedinte”, “mendicante” e a bem-aventurança está
precisamente na circunstância de as pessoas reconhecerem a sua
insignificância, a sua pequenez e pedirem a Deus que as acolha, em
reconhecerem que devem se submeter ao Senhor, de viver debaixo do Seu
senhorio.
- A “pobreza espiritual” apontada pelo Senhor Jesus
na igreja de Laodicéia, porém, é a situação de carência, de falta de
tudo pela ausência de Deus na vida. Os laodicenses diziam que eram
ricos, que não tinham falta de coisa alguma, ou seja, rejeitavam
qualquer ajuda de Deus, não queriam pedir-Lhe coisa alguma. Por causa
disso, como não se submeteram ao Senhor, como não Lhe pediram coisa
alguma, nada tinham. Eram pobres, carentes, despidos de qualquer riqueza
espiritual.
- A “mornidão espiritual” é uma situação de pobreza. O
morno não tem a presença de Deus na sua vida, não desfruta de qualquer
bênção espiritual, apesar de o Senhor ter já abençoado o Seu povo com
todas elas nos lugares celestiais em Cristo (Ef.1:3). Vive uma situação
de penúria espiritual, de carência de toda e qualquer dádiva eterna. É,
aliás, a situação descrita, segundo a história, por um cardeal da Igreja
Romana que, instado pelo próprio Papa, que, em meio a tanta opulência
material angariada pela Igreja, teria dito que não se poderia mais
dizer, como Pedro e João, que a Igreja não tinha prata nem ouro, teria
respondido: “É verdade, agora temos prata e ouro, mas, ao contrário de
Pedro e João, não mais podemos dizer ao paralítico que se levante e
ande”.
- Esta é a situação de pobreza espiritual causada
pela “mornidão espiritual”. Há completa carência de bênçãos espirituais,
não mais se vê a operação do poder de Deus, desapareceram os sinais e
maravilhas, não há mais batismo com o Espírito Santo nem a manifestação
dos genuínos e autênticos dons espirituais. Em seu lugar, aparecem
“inovações”, as “neobesteiras pentecostais”, como bem afirmou o
jornalista cristão Jehozadak Pereira. O poder de Deus é trocado pelo
misticismo barato e vão, fruto de muito bem elaboradas técnicas de
domínio das mentes, naturais e, não raras vezes, demoníacas.
- Não há mais pregações ungidas pelo Espírito de
Deus e, como resultado, não se tem mais conversões nem crescimento
espiritual dos crentes. O louvor que aproximava de Deus, que fazia o
povo chorar e glorificar a Deus, que quebrantava os corações, foi
substituído pelos balanços carnais, pelas músicas exaltadoras dos
intérpretes e instrumentistas, que animam as danças e coreografias, que
transformam os cultos em shows e instante de entretenimento. O convite
ao pecador para se arrepender dos seus pecados foi trocado pela oferta
de sensações e de riqueza material, a renúncia de si mesmo deu lugar à
auto-exaltação e auto-afirmação diante de Deus, a ponto de se “exigir
direitos” e “fazer determinações” ao Senhor Todo-Poderoso. Que miséria!
- A “mornidão espiritual” também gera, nas palavras
do Senhor Jesus, a cegueira. A visão é o primeiro efeito do novo
nascimento. Em Seu diálogo com Nicodemos, o Senhor disse que quem nasce
de novo, vê o reino de Deus (Jo.3:3). Aquele que aceita a Cristo é
iluminado pela luz do evangelho de Cristo (II Co.4:4). O povo de Deus é a
luz do mundo (Mt.5:14), porque pôde ser iluminado pela luz do mundo
(Jo.8:12).
- No entanto, a “mornidão espiritual” faz cessar esta
visão e ela é substituída pela cegueira, a pior das cegueiras, pois é a
cegueira de quem haja que vê. Como disse o Senhor, “se fôsseis cegos,
não teríeis pecado, mas como agora dizeis “vemos”, por isso o vosso
pecado permanece” (Jo.9:41). Como diz adágio popular, “o pior cego é
aquele que não quer ver”. Eis a cegueira advinda da “mornidão
espiritual”: a cegueira de quem não quer ver, de quem se recusa a
contemplar, com os olhos da fé, as realidades espirituais.
- A cegueira espiritual leva os “mornos” a se desviar
da verdade e a seguir doutrinas falsas de homens e até de demônios. A
cegueira leva os “mornos” para as trevas, para a escuridão do mundo. O
cego não vê a luz e, em termos de “mornos espirituais”, não quer ver a
luz. Por isso, acaba cometendo pecados e um abismo chama outro abismo
(Sl.42:7 “in initio”). Quem não vem para a luz, quem se afasta da luz é
porque faz o mal e não quer sofrer a reprovação de suas obras (Jo.3:20).
A cegueira leva às trevas e se a visão de alguém são trevas, diz o
Senhor, quão densas são essas trevas (Mt.6:23) !
- Não devemos, pois, admirar as aberrações que, a
cada dia, surgem no meio daqueles que cristãos se dizem ser. A cada dia
que passa multidões e multidões passam a praticar verdadeiras
abominações em nome de Deus ou a pretexto de servi-lO. Um sem-número de
inovações e modismos, como vimos na lição anterior, chegam, instalam-se e
conquistam o coração e a mente de muitos crentes, vários deles com anos
e anos de fé. Como explicar isto? É a cegueira que resulta da “mornidão
espiritual” em que estes se encontram.
- A última conseqüência imediata da mornidão
espiritual apontada pelo Senhor à igreja de Laodicéia é a nudez. Nudez é
a ausência de vestimenta, a falta de cobertura, a ausência de proteção.
A nudez foi a primeira coisa que o casal primordial percebeu em si
quando pecou. A nudez registrada na queda do homem é muito mais que a
simples nudez física, mas esta nudez física também figura a nudez
espiritual que, inclusive, impediu que o homem se apresentasse diante de
Deus na viração daquele fatídico dia.
- A nudez causada pela “mornidão espiritual” é a
perda da vestimenta da salvação, de justiça, que se alcançou quando da
aceitação de Cristo Jesus como único e suficiente Salvador. Como
sacerdotes de Deus, somos vestidos de salvação (II Cr.6:41) e esta
vestimenta temos de manter até aquele dia, pois só teremos o
revestimento da glorificação se não formos achados nus (II Co.5:1-3). A
nudez representa, portanto, a perda da santidade, a perda da separação
do pecado. Não é por outro motivo que o Senhor, ao Se referir ao
remanescente fiel nas igrejas da Ásia Menor, sempre diz que estes servos
usavam vestes brancas (Ap.3:5,18). Só podem estar diante de Deus
aqueles cujas vestes estiverem brancas (Ap.4:4; 7:9,13). A nudez está
vinculada à prática do pecado, à traição diante de Deus, à prostituição
espiritual (Lm.1:8; Ez.16:36,37).
IV – AS PROMESSAS DE JESUS PARA DEBELAR A MORNIDÃO ESPIRITUAL
- Vimos que a conseqüência final e derradeira da
mornidão espiritual é a perdição eterna. Jesus disse que vomitaria da
Sua boca esta igreja por causa deste triste e lamentável estado
espiritual. Por isso, a igreja de Laodicéia é o tipo da chamada “igreja
apóstata” ou “igreja paralela”, a igreja que, por causa de seu desvio
espiritual, não será arrebatada no final desta dispensação. Como se
costuma dizer, em meio a tantas denominações, convenções, ministérios e
comunidades, só há, diante de Deus, duas igrejas: a que vai ser
arrebatada (“a que vai subir”) e a que não será arrebatada (“a que vai
ficar”). A igreja de Laodicéia representa esta igreja que vai ficar, que
não será levada pelo Espírito Santo ao encontro do Senhor nos ares.
- No entanto, Jesus é extremamente misericordioso e
não quer que esta igreja fique. Seu desejo é que todos se salvem. Por
isso, na Sua mensagem a esta igreja, apesar de, como a própria Verdade
(Jo.14:6), dever dizer o que haveria de ocorrer com aqueles que se
haviam ingressado no estado de “mornidão espiritual”, sendo, como é, a
esperança da glória (Cl.1:27), lançou o Seu convite para que os “mornos
espirituais” tornassem a ser fervorosos. Por isso, apesar de ter sido
duro com a triste realidade espiritual daquela igreja, o Senhor
apresenta um conselho àquela gente, a fim de que pudessem, enquanto
fosse possível, voltar a ter comunhão com Ele.
- Apesar de vivermos dias difíceis de apostasia e de
dificuldades crescentes no campo espiritual, não podemos desanimar nem
achar que tudo está perdido. Não está tudo perdido, porque Jesus, Ele
que é o Senhor de todas as coisas, não desanimou nem desistiu dos
“mornos espirituais”, trazendo-lhes um conselho para que abandonem este
estado de coisas. Jesus não é um acusador, como muitos “crentes”. Mostra
os erros, não tolera o pecado, mas, simultaneamente, apresenta soluções
para que a situação seja modificada radicalmente. Temos feito isto com
aqueles que, à nossa volta, têm entrado na “mornidão espiritual”?
- O primeiro conselho dado pelo Senhor Jesus para pôr
fim à “mornidão espiritual” é que se “compre dEle ouro provado no fogo,
para que enriqueças” (Ap.3:18). Não há como dar um basta na “mornidão
espiritual” sem que se busque fogo. A “mornidão espiritual” somente será
debelada se a pessoa decidir mudar de vida, de direção. Assim como
Moisés se virou para ver a sarça que ardia e não se consumia, o “morno
espiritual” precisa voltar a andar em direção ao fogo, em direção a
Jesus. Não há outro modo de se deixar a mornidão senão por intermédio de
uma aproximação com Deus, ou seja, da retomada da oração, do jejum, da
leitura e meditação na Palavra de Deus.
- Comprar de Jesus ouro provado no fogo nada mais é
que pagar o preço da renúncia e do abandono dos desejos, paixões e
vontades próprias. Trata-se de uma compra, ou seja, há o pagamento de um
preço. Estamos dispostos a renunciar ao nosso ego, às nossas vontades,
sonhos, projetos e paixões? Estamos dispostos a “abrir mão” dos nossos
vícios e maus hábitos? Há um preço a pagar, um preço que é alto, porque
se trata de “comprar ouro”, mas tudo o que fizermos nada significa
diante do alto preço com que fomos comprados: o precioso sangue de Jesus
vertido na cruz do Calvário! (I Pe.1:18,19).
- A compra do ouro fala-nos daquilo que é divino.
Assim como a madeira representa a humanidade, o ouro é tipo daquilo que é
de Deus. Assim, o que devemos buscar é o próprio Deus, o Seu ser, a
comunhão com Ele. algo bem diferente da busca dos “benefícios de Deus”,
como muitos têm apregoado por aí. Temos de ter esta disposição, este
objetivo. Queremos pagar o preço para estar diante do Senhor. Para quê?
Para reconhecer a Sua glória, o Seu poder, o Seu amor, a Sua
misericórdia. Queremos servir a Deus pelo que Ele é, não pelo que Ele
possa nos fazer.
- A riqueza espiritual depende desta nossa compra do
ouro de Cristo provado no fogo. Não há outro meio de se enriquecer. Por
isso, todas as propostas de “enriquecimento espiritual” que fujam deste
modelo devem ser desconsideradas, porque são mentirosas. Não se
enriquece espiritualmente voltando-se para dentro de si, como defende a
Nova Era e as suas “variantes evangélicas”, muito menos se consegue o
enriquecimento espiritual através de barganhas com o Senhor, de um
toma-lá-dá-cá baseado em “obras” e “sacrifícios”. É preciso que
estejamos dispostos a comprar o ouro de Cristo provado no fogo, de irmos
à Sua busca, de renunciarmos a nós mesmos em função dEle. Só assim,
fazendo o que Ele quer (e só o saberemos se tivermos uma vida de oração e
leitura da Bíblia Sagrada), poderemos nos enriquecer espiritualmente.
- O segundo conselho dado pelo Senhor aos “mornos
espirituais” é a compra de vestidos brancos a fim de cobrir a vergonha
da nudez. Esta compra de vestidos brancos chama-se “santificação”. Sem a
santificação, ninguém verá o Senhor (Hb.12:14). Devemos ser santos,
i.e., separados do pecado, porque Deus é santo (Lv.20:7; I Pe.1:16).
Para abandonar a “mornidão espiritual”, tem-se de pagar o preço da
santidade, tem-se de se separar do pecado. A santificação é contínua,
progressiva e não terá fim até a glorificação. Quem é santo, deve se
santificar ainda (Ap.22:11). Quem quiser ter vida espiritual, precisa
renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas bem como viver neste
presente século sóbria, justa e piamente (Tt.2:12).
- Num mundo onde o pecado se multiplica a cada dia,
com conseqüências cada vez mais evidentes na vida de muitos que cristãos
se dizem ser, somos convidados pelo Senhor a aumentar a nossa
santificação. A “mornidão espiritual” caracteriza-se pelo conformismo
com o pecado, pela adequação e adaptação ao mundo, por um “liberalismo”
que já tem penetrado até mesmo nas lideranças do povo de Deus, mas quem
quiser alcançar a glória, deve deixar tudo isto de lado e seguir o
conselho do Senhor: comprar vestes brancas que cubram a vergonha da sua
nudez.
- O terceiro conselho dado pelo Senhor Jesus para
cessar a “mornidão espiritual” é a unção dos olhos com colírio para que
se veja. Faz-se necessário que se tenha, novamente, a visão espiritual.
Como se obtém esta visão? Mediante a unção com colírio. Que é esta unção
com colírio? O colírio é uma substância líquida que é colocada nos
olhos para aliviar ou curar alguma inflamação, alguma dor. O colírio
era, desde a época da redação do Novo Testamento (e mui especialmente em
Laodicéia, que se notabilizara por este tipo de tratamento), passado
sobre os olhos, portanto, à maneira da unção. O colírio se apresentava,
portanto, como um remédio que não só curaria a doença, como também
traria alívio e conforto.
- O colírio aqui é uma figura do Espírito Santo. Só
Ele pode devolver a visão ao pecador, que está cego por ação do deus
deste século e não consegue ver o reino de Deus (II Co.4:4). O Espírito
Santo convence o pecador do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8) e o
homem, então, pode ver o reino de Deus (Jo.3:3), percebendo que se trata
de um incrédulo, de um injusto e que o deus deste século não passa de
um condenado que aguarda a execução de sua sentença. Ao ter esta visão, o
homem se arrepende dos seus pecados, crê em Jesus e nasce de novo,
passando, então, a ter visão espiritual, vindo para a luz e se nela
andar, tendo comunhão com os demais filhos de Deus, estará sempre sendo
purificado pelo sangue de Cristo até aquele grande dia (I Jo.1:7). Para
deixar a “mornidão espiritual’, é preciso dar ouvidos ao Espírito Santo e
seguir a Sua direção.
- O quarto conselho de Jesus aos “mornos espirituais”
é que sejam zelosos e se arrependam dos seus pecados (Ap.3:19). “Ser
zeloso” ou “ser diligente” é “ser fervoroso”, ou seja, exatamente o
contrário de “ser morno”. É “desejar ardentemente”, é “buscar”, é ser
leal de modo intenso, em outras palavras, é não cessar de buscar a Deus,
de se aproximar dele. É procurar se encher do Espírito, ter uma vida
espiritual plena. É pensar nas coisas que são de cima (Cl.3:1,2). Mas,
para que isto aconteça, é indispensável que haja arrependimento dos
pecados, ou seja, que os pecados sejam confessados e não voltem mais a
ser praticados. Trata-se de uma mudança de vida, de uma conversão.
- A convivência com o pecado, a tolerância com o
pecado, a admissão de uma vida de “pecadinhos”, de “imperfeições”, a
manutenção de uma vida dupla, uma vida de hipocrisia, com uma aparência
externa de serviço a Deus e de uma vida escondida de pecado e iniqüidade
jamais poderá fazer com que a pessoa se liberte da “mornidão
espiritual”. A convivência com o pecado é um obstáculo intransponível
para o retorno à comunhão com Deus (Is.59:1,2).
- O quinto conselho de Cristo para os “mornos
espirituais” é o da convivência com o Senhor. O “morno espiritual”
deixou Jesus fora de sua vida. O Senhor está à porta e bate, porque Se
encontra do lado de fora. Como é triste deixar Jesus fora da nossa
existência! Mas, quem quiser sair da “mornidão espiritual”, precisa pôr
Jesus dentro de sua casa, ou seja, precisa não mais viver, mas permitir
que Cristo viva nele (Gl.2:20). Como é maravilhoso quando suprimimos o
nosso “eu” e deixamos Jesus entrar e cear conosco e nós com Ele. como é
bom não mais viver, mas deixar que Cristo viva em nós. Que nosso
comportamento seja como os dos discípulos que estavam no caminho de
Emaús: “Fica conosco, Senhor, porque já é tarde, e já declinou o dia.”
(Lc.24:29a). Que nossa oração seja a oração do poeta sacro O. Mota:
“Breve a noite desce, noite de Emaús e meu ser carece de Te ver, Jesus.
Companheiro amigo, ao meu lado vem. Fica, ó Deus, comigo, infinito Bem”
(4ª estrofe do hino 419 do hinário Salmos e Hinos).
- Se for superada a “mornidão espiritual”, o Senhor,
que não lembra das iniqüidades (Hb.10:17), fará com que aqueles que eram
mornos e retomaram a sua caminhada espiritual, juntamente com aqueles
que sempre estiveram fiéis, reinem com Ele, assentando-se no próprio
trono do Senhor, à direita do Pai, com a plenitude da glória.
Compartilhar a glória de Deus, ser um só com o Senhor, isto é o que está
reservado para todos aqueles que abandonarem a “mornidão espiritual”.
Como comparar as coisas fúteis desta vida com o que está prometido por
aquele que é a testemunha fiel e verdadeira? Como trocar esta
convivência eterna com quem tanto nos ama por prazeres passageiros, por
“neobesteiras pentecostais”, por uma vida de hipocrisia e engano?
- Mesmo que tenhamos de pagar um preço por esta
manutenção do aquecimento espiritual, devemos ter a mesma perspectiva
que tinha o apóstolo Paulo, que dizia: “Porque para mim tenho por certo
que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória
que em nós há de ser revelada” (Rm.8:18). Querido(a) irmão (ã), não
temos como comparar o que nos está reservado, pois, como dizem os poetas
sacros Jonathan Bush Atchinson e Otis F, Presbrey, numa visão assaz
otimista, “metade da glória celeste, jamais se contou ao mortal”
(segunda parte da estrofe do hino 625 da Harpa Cristã). Sejamos
fervorosos, porque os mornos lá não hão de entrar. Amém!
Fonte: www.escoladominical.com.br
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