Boas Intenções que levam a MORTE
>> terça-feira, 15 de maio de 2012
Por Pr. Silas Figueira
2Sm
6. 1-23
A Bíblia nos relata que
o Rei Davi depois que se estabeleceu como rei de Israel, quis trazer a Arca do
Senhor que estava na casa de Abinadabe para Jerusalém. Só que nesse percurso
ouve um incidente que marcou a sua vida, é que Uzá, um dos que estavam guiando
o carro que trazia a Arca do Senhor quando viu que o boi havia tropeçado e a
Arca estava para cair, ele colocou a mão nela para evitar que isso ocorresse. O
texto bíblico relata que Uzá, por ter feito isso, o Senhor o matou. A narrativa
bíblica é muito clara em relação a isso, veja: “Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a
segurou, porque os bois tropeçaram. Então, a ira do SENHOR se acendeu contra
Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de
Deus” (2Sm 6.6,7). Porque Deus
fez isso com um homem tão bem intencionado? Havia naquele ambiente temor e
tremor diante de Deus. As pessoas ali, a começar pelo próprio rei, estavam
alegres e cultuando a Deus levando a Arca para Jerusalém, e de repente Deus se
levanta com ira santa e mata aquele homem. Porque isso ocorreu? Porque a ira de
Deus se acendeu contra Uzá? Durante muito tempo eu me questionei a respeito
desse texto até o dia em que eu parei de questionar e procurei em oração
estuda-lo e descobri porque isso tudo ocorreu. Vamos analisar esse texto e
observar as lições que esse episódio tem para nos ensinar e que se adapta muito
bem para os dias de hoje, mas para isso temos que retornar cerca de oitenta
anos, no tempo do sacerdote Eli.
O contexto histórico. Na
época do sacerdote Eli os seus dois filhos Hofni e Finéias, que eram também
sacerdotes, estavam em pecado. Apesar de eles serem responsáveis em levar o
povo a cultuar a Deus e interceder por ele, estes dois sacerdotes estavam
agindo na contra mão das suas funções. Além de menosprezarem o sacrifício a
Deus oferecido pelo povo, eles também se deitavam com as mulheres que serviam à
porta da tenda da congregação (1Sm 2.12-17, 22-26). O Senhor então falou para o
sacerdote Eli que sua família não continuaria mais no sacerdócio e o sinal que
Eli receberia como prova de que isso provinha do Senhor era que os seus dois
filhos morreriam no mesmo dia, pois Eli honrava mais aos seus filhos que a Deus
(1Sm 2.27-34). Entenda uma coisa, os filhos do sacerdote Eli eram sacerdotes,
mas eram homens que segundo a Bíblia, eram filhos de Belial, ou seja, eles eram
homens sem valia ou rebeldes. Homens que não se importavam com o Senhor (1Sm
2.16).
Nesse período, houve
uma guerra entre Israel e os Filisteus. Na primeira batalha os filisteus
venceram (1Sm 4.2), então os israelitas tiveram a brilhante ideia de levar para
o campo de batalha a Arca do Senhor, pois para eles, aquela batalha havia sido
perdida porque o Senhor não estava com eles através da Arca. Observe o texto: “Mandou, pois, o povo trazer de Siló a arca
do SENHOR dos Exércitos, entronizado entre os querubins; os dois filhos de Eli,
Hofni e Finéias, estavam ali com a arca da Aliança de Deus” (1Sm 4.4). Para
o povo a Arca da Aliança representava somente um patuá, um amuleto, pois eles
não entendiam que a manifestação da glória do Senhor no meio do seu povo vinha
de uma vida consagrada e o Senhor não tem compromisso com quem não tem
compromisso com Ele. No entanto, o povo era o reflexo do que era o ofício
sacerdotal naquela época. Sacerdotes de si mesmos e não do Deus Altíssimo.
Sacerdotes segundo a vontade do povo e não segundo os princípios estabelecidos
por Deus em sua Palavra. Não eram diferentes dos líderes que temos visto nos
dias de hoje. Como disse Judas, irmão de Jesus em sua epístola a respeito dos
líderes que estavam se levantando em sua época: “Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de
ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá.
Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade,
banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se
apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação
dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias
do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as
quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre” (Jd 11-13). E este
mesmo espírito está até hoje em nosso meio, agindo na vida e no ministério de
muitos líderes por aí.
Como Deus não compactua
com o pecado e para cumprir a Sua Palavra já antes anunciada ao sacerdote Eli,
os israelitas perderam a batalha, os seus dois filhos morreram e a Arca do
Senhor foi levada pelos filisteus. Quando a notícia chegou a Siló, o sacerdote
Eli que estava assentado numa cadeira ao pé do caminho, pois temia pela Arca do
Senhor, quando soube que a Arca havia sido tomada pelos filisteus, caiu para
trás, quebrou o pescoço e morreu, pois era um homem pesado e idoso, ele tinha
noventa e oito anos. Ele havia julgado Israel por cerca de quarenta anos. A
nora do sacerdote Eli, esposa de Finéias, quando soube que a Arca havia sido
tomada, que seu sogro havia acabado de falecer e que seu marido havia morrido
também; ela, que estava para dar a luz teve seu filho naquele momento, mas não
se alegrou com o nascimento do filho e ainda pôs o nome dele de Icabô, que quer
dizer: “Foi-se a glória de Israel”
(1Sm 4.12-22). Tudo isso devido a consequência do pecado de um pai que não
ousou com autoridade repreender seus filhos, por deixa-los exercendo o
sacerdócio e ainda permitir levar a Arca da Aliança para o campo de batalha
mesmo depois de ter ouvido o que o Senhor lhe havia dito.
A Arca ficou na terra
dos filisteus por cerca de sete meses (1Sm 6.1). Nesse período eles foram
atacados por várias enfermidades e pragas de ratos que estavam destruindo a
terra (1Sm 6.5). Diz a Bíblia que lhes nasceram tumores e
muitos morreram devido a isso. A Arca do
Senhor foi então enviada para cinco cidades diferentes e onde a Arca chegava
isso ocorria. Então resolveram devolver a Arca aos israelitas com uma oferta de
cinco ratos e cinco tumores ambos de ouro dentro de um cofre, representando os
males que os estavam assolando. Colocaram em um carro novo guiado por duas
vacas com crias. Diz-nos as Escrituras que elas foram em direção à terra dos
israelitas andando e berrando, mas sem se desviarem nem para a direita nem para
a esquerda (1Sm 6.12). Por fim chegou ao território dos israelitas e a Arca
ficou na casa de Abinadabe e consagraram seu filho Eleazar para guardar a Arca
do Senhor (1Sm 7.1).
Nos dias do rei Davi. Passaram-se
cerca de oitenta anos, Davi já estava estabelecido como rei em Israel, então
ele propôs em seu coração trazer a Arca do Senhor que estava na casa de
Abinadabe em Quiriate-Jearim (1Cr 13.5), para Jerusalém. Nesse percurso houve
então esse incidente e nos diz a Bíblia que Davi muito se desgostou por isso
ter ocorrido. Mas a questão é, porque isso ocorreu já que o rei estava tão bem
intencionado? Vamos mostrar os erros que Davi cometeu passo a passo e os erros
que as outras pessoas cometeram também.
Primeiro erro: Davi foi
consultar ao povo e não a Deus (1Cr 13.1-4).
“Consultou
Davi os capitães de mil, e os de cem, e todos os príncipes; e disse a toda a
congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do SENHOR, nosso Deus,
enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos em todas as
terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com eles nas cidades e nos
seus arredores, para que se reúnam conosco; tornemos a trazer para nós a arca
do nosso Deus; porque nos dias de Saul não nos valemos dela. Então, toda a
congregação concordou em que assim se fizesse; porque isso pareceu justo aos
olhos de todo o povo.”
Davi agiu como alguns
tipos de líderes que querem estar bem com o povo, fazer a vontade deles e ao
mesmo tempo ver se a sua vontade está de acordo com o gosto dos liderados. E
ainda usam o nome de Deus para satisfazerem o seu egocentrismo. Observe o final
do texto: “porque isso pareceu justo aos olhos
de todo o povo”, ou seja, as pessoas é que estavam
ditando o que queriam. O que mais temos visto hoje em dia são igrejas ao gosto
do freguês, e esse tipo de “igreja” é formada por pessoas que não tem
compromisso com Deus, mas com o seu prazer e suas vontades. Os líderes por sua
vez são os balconistas que estão para servi-los e agrada-los.
Segundo erro: Davi
trouxe a Arca do Senhor imitando os filisteus (2Sm 6.3).
“Puseram
a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que estava no
outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.”
Isso deu certo com os
filisteus, mas não foi isso que a Lei determinava. A Arca deveria ser levada nos
ombros pelos levitas e não em carro novo:
“Também
lhe farás moldura ao redor, da largura de quatro dedos, e lhe farás uma
bordadura de ouro ao redor da moldura. Também lhe farás quatro argolas de ouro;
e porás as argolas nos quatro cantos, que estão nos seus quatro pés. Perto da
moldura estarão as argolas, como lugares para os varais, para se levar a mesa”
(Êx 25.25-27).
“Os
filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela
estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR” (1Cr
15.15).
Outro detalhe importante, não era
qualquer levita que podia levar a arca, deveria ser os filhos de Coate (Nm 4).
Somente os coatitas que podiam lidar com as coisas santíssimas. Hoje em dia tem
gente que pensa fazer tudo de qualquer maneira passando a frente dos
verdadeiros responsáveis na igreja. Todo mundo pensa que pode ser pastor e vai
por aí a fora. Outra coisa a Arca deveria ser coberta e quem pusesse a mão nela
morreria (Nm 4.15). Uzá sofreu as consequências do que já estava escrito na Lei
do Senhor. Tem gente que lê a Bíblia e pensa que o que está nela não é bem
assim, que as coisas hoje estão diferentes, e vai por aí. Cuidado, com Deus não
se brinca! Os filisteus simbolizam o mundo e Davi estava imitando o mundo. Mas
isso tem ocorrido em muitas igrejas hoje. Tem muitas igrejas se mundanizando,
ao invés de observarem a Palavra de Deus observam as últimas novidades e como
podem aplica-las em suas igrejas, são como os atenienses na época de Paulo, que
só queriam saber as últimas novidades (At 17.21). Recentemente eu vi uma igreja
que tinha um ringue de luta livre dentro dela, outra tinha lutas de capoeira.
Se a igreja pretende competir com o mundo em divertimento certamente irá
perder, primeiro porque a igreja não tem esse papel e segundo, a igreja foi
levantada para adorar a Deus e não agradar as pessoas. Devemos ir a igreja para
ouvir a voz de Deus e não uma palavra que nos agrade. Devemos ir a igreja
cultuar a Deus e não nos divertir. Para isso existem os cinemas, teatros e
shows dos mais diversos por aí. Quer se divertir vá para o mundo, quer adorar a
Deus vá a um culto. Eu não adoro a Deus imitando o mundo, mas negando a mim
mesmo e tomando a minha cruz. Foi isso que Jesus nos ensinou (Lc 9.23).
Terceiro erro: Uzá e
Aiô não quiseram contrariar o rei Davi. Esses dois
homens eram netos de Abinadabe, filhos de Eleazar, eles sabiam muito bem como
Arca deveria ser transportada e a maneira como o rei estava fazendo estava
totalmente errada. O rei deveria ser corrigido, mas nenhum deles deve coragem
de desafiar as suas ordens. Eles foram coniventes com o erro. Uma coisa é
administrar uma nação outra é culto a Deus. Eles foram completamente diferentes
dos sacerdotes da época do rei Uzias. Diz-nos a história bíblica que o rei Uzias
resolveu oferecer incenso no templo e foi barrado pelos sacerdotes (2Cr 26.16-20).
O texto nos fala assim:
“Mas,
havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e
cometeu transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou no templo do
SENHOR para queimar incenso no altar do incenso. Porém o sacerdote Azarias
entrou após ele, com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maior firmeza; e
resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar
incenso perante o SENHOR, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são
consagrados para este mister; sai do santuário, porque transgrediste; nem será
isso para honra tua da parte do SENHOR Deus. Então, Uzias se indignou; tinha o
incensário na mão para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra os
sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na Casa do SENHOR,
junto ao altar do incenso. Então, o sumo sacerdote Azarias e todos os
sacerdotes voltaram-se para ele, e eis que estava leproso na testa, e
apressadamente o lançaram fora; até ele mesmo se deu pressa em sair, visto que
o SENHOR o ferira.”
Aquele não era o papel do rei, ele
poderia ser rei, mas dentro da Casa do Senhor quem tinha autoridade eram os
sacerdotes. Eles desafiaram o rei e não permitiram tal atitude. Já Uzá e Aiô
não tiveram a mesma coragem e permitiram que o rei Davi fizesse o que bem lhe
agradara. O resultado com Davi foi morte de Uzá, já no caso de Uzias a lepra
recaiu sobre ele. Devemos seguir a Palavra para agradar a Deus e não aos
homens. Ainda que tais homens estejam revestidos de autoridade o que não nos
obriga a satisfazê-los e nem seguir as suas leis. Estamos vivendo uma época em
que muitas pessoas querem nos dizer como devemos adorar a Deus. Como devemos
ver o pecado, não como pecado, mas como algo natural e que não ofende a Deus;
afinal de contas Deus é amor. Estão tentando nos dizer como devemos educar
nossos filhos. Dizem-nos que o homossexualismo não é pecado contra Deus
(teologia inclusiva). Tentam até controlar o que fazemos com o nosso dinheiro
ensinando que o dízimo é coisa do AT com suas mais esdruxulas teologias. Pessoas
sem nenhuma autoridade espiritual tentando nos convencer a relativar a Palavra
de Deus. Pessoas assim agem da mesma forma que Satanás agiu com os nossos
primeiros pais (Gn 3). Mas nós não seguimos homens, o que nos direciona é a
Palavra de Deus, pois se não for assim geraremos morte e não vida.
Outro problema aqui detectado é o que
podemos chamar de culto à celebridade. Uzá e Aiô deixaram de cultuar a Deus
para cultuar o rei Davi. Fizeram uma celebração não ao Rei dos reis, mas a um
rei terreno e falho. Hoje o que mais se vê por aí é show e não culto a Deus. As
pessoas vão ao culto para ver o cantor famoso, a banda de sucesso, o pregador
das multidões, mas Deus que é bom mesmo não é cultuado.
Quarto erro: indiferença
para com as coisas de Deus. Aiô e Uzá eram netos de
Abinadabe e filhos de Eleazar. Os dois sacerdotes cresceram com a Arca em sua
casa e aquilo se tornou algo familiar para eles. O fato de toda a sua vida ter
conhecido a Arca aliando à geral indiferença poderia ter gerado neles
sentimento de excessiva familiaridade com a mesma. Eles não tinham zelo pelo
sagrado, aquilo se tornou corriqueiro para eles. Daí eles fizeram como o rei
queria, pois para eles aquilo não importava muito. Isso me chama a atenção para
a nova geração que está crescendo em nossas igrejas, principalmente filhos de
pastores que correm o mesmo risco de verem a igreja como um ganha pão do pai ou
ver o pai pastor como uma celebridade e que ele, como filho do pastor, podendo
fazer qualquer coisa na igreja e fora dela, pois ele é filho do “dono da
igreja”. E é exatamente isso que temos visto por aí. Filhos de pastores que não
tiveram ainda uma experiência de conversão e estão seguindo inclusive a
“carreira” do pai. A culpa de tudo isso, geralmente, são dos pais. Veja a
história do sacerdote Eli que é um bom exemplo disso e até mesmo das dos filhos
de Samuel posteriormente:
“Tendo
Samuel envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel. O
primogênito chamava-se Joel, e o segundo, Abias; e foram juízes em Berseba.
Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à
avareza, e aceitaram subornos, e perverteram o direito”
(1Sm 8.1-3).
Muitas vezes o pastor
tem tempo para as famílias da igreja, mas não dá a devida atenção aos seus
próprios filhos. Filhos de pastor não são pastorzinhos e muito menos devem ser
tratados de forma diferente dos filhos dos membros da igreja. Isso é muito
sério.
E o que gerou tudo isso? Morte. Quem
anda na contra mão da Palavra de Deus tendo a responsabilidade de ensiná-la e
não a faz gera morte em sua vida e na vida dos outros. Deu não foi mau com Uzá,
Deus foi bom com o povo, pois se Ele não fizesse isso o erro continuaria e Ele
não compactua com o erro. Saiba de uma coisa, a Bíblia nos ensina como devemos
cultuar ao nosso Deus, mas tem muita gente querendo fazer do seu jeito. O
Senhor Jesus disse que devemos adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo
4.23,24) e não com o espírito de mentira. Cuidado por onde você anda!
Devido a esse ocorrido, Davi deixou a
Arca na casa de Obede-Edom por cerca de três meses. E nos diz o texto sagrado
que a casa deste foi abençoada por causa da arca que estava em sua casa.
Observe que em momento algum as Escrituras dizem que a casa de Abnadabe foi
abençoada, mas nos diz que a casa de Obede-Edom e tudo que ele tinha foi
abençoado (2Sm 6.11,12). Sabe por que disso? Postura diante do sagrado.
Reverência diante das coisas de Deus. Isso faz toda diferença em nossas vidas
também.
Davi então resolve trazer a Arca para
Jerusalém, só que desta vez de forma correta. Os levitas a estavam trazendo em
seus ombros:
“Os
filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela
estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR”
(1Cr 15.15).
Quais
foram as consequências dessa atitude correta em relação a Arca do Senhor?
Primeiramente Davi se
alegrou (2Sm 6.15). Desta vez não houve morte, mas
abundância de alegria na presença de Deus. Como disse Deus a Caim: “Se procederes bem, não é certo que serás
aceito?” (Gn 4.7a). Deus age de acordo com os seus preceitos
pré-estabelecidos em Sua Palavra, ou seja, Deus é lógico. E bem sabemos que o
salário do pecado é a morte (Rm 6.23). A Palavra de Deus é a nossa regra de fé
e prática, mas tem muitas pessoas que são meros expectadores e não praticantes.
O próprio Senhor Jesus falou para os saduceus que eles erravam por
desconhecerem as Escrituras e o poder de Deus (Mt 22.29). Esse desconhecimento
leva ao erro e o erro a morte. Mas quando conhecemos e praticamos temos
abundante alegria em nossas vidas.
Segunda coisa, Davi abençoou o povo (2Sm
6.18). Por
Davi estar abençoado ele tinha condições de abençoar as pessoas também. E isso
ocorre conosco também. O senhor nos chamou para sermos canal de bênção na vida
das outras pessoas. Quando Deus chamou Abraão para deixar sua terra, seus
parentes e amigos e seguir para um lugar que ele ainda não sabia ao certo onde
seria, para ali criar uma nova nação e estabelecer um povo para Deus, deu-lhe
uma recomendação nestes termos: "Sê
tu uma bênção". Tal imperativo definiu um perfil diferente na vida de
Abraão. Ser bênção, e não simplesmente viver à procura dela, faz uma grande
diferença. Muitos hoje perguntam por que a Igreja Evangélica no Brasil, que
tanto cresceu nas últimas décadas, não tem promovido as mudanças que
imaginávamos iria promover quando tivesse as oportunidades que tem hoje.
Arriscaria uma resposta simples: tornamo-nos consumidores religiosos com todos
os direitos que um consumidor tem.
Ao invés de ser bênção, queremos receber
bênçãos; usamos a igreja, a família e a sociedade para alimentar nossas
ambições mais mesquinhas. Não somos mais agentes de transformação; viramos
espectadores ingratos e exigentes. Ao invés de promover a prosperidade social,
transformamo-nos em parasitas sociais, querendo cada vez mais e melhor para nós
e não para os outros. A conversão é a transformação do ser passivo num ser
ativo; do paciente num agente; do parasita social num ser solidário; do
consumidor religioso num canal de bênção e cura para os outros. A solução para
as mazelas sociais que vivemos em nosso país não será conquistada por uma
Igreja que exige o melhor para si; que reivindica o direito de ser cabeça e não
cauda; que busca a sua prosperidade em detrimento da miséria dos outros.
A vida de muitos homens e mulheres de
Deus ao longo da História foi ricamente abençoada porque viveram dominados pelo
sentimento de dívida. Isso fez deles pessoas gratas, generosas, entregues,
corajosas. Não esperavam que os outros viessem consolá-los; eles consolavam. Não
viviam exigindo ou reivindicando direitos, mas carregavam um enorme senso de
dívida; não viviam aguardando que alguém fosse procurá-los - eles é que
procuravam. Eram bênção na vida dos outros e, consequentemente, eram
abençoados.
Ser bênção para a vida dos outros é
criar os meios para que a graça de Deus os envolva trazendo salvação,
reconciliação, cura e libertação. É criar os meios para que o cansado encontre
alívio, para que o doente ache consolo, para que o perdido seja achado. E usar
os dons e talentos que Deus nos deu para criar novas esperanças e para
alimentar a fé dos outros [1].
Terceira coisa: Davi foi abençoar a sua
casa (2Sm 6.20a). A manifestação da glória de Deus precisa estar em
nossa casa. Parafraseando uma palavra de Jesus que disse: “Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua casa”. Há vários exemplos bíblicos de
pais que enfrentaram problemas familiares sérios, isso não é para nos mostrar
que ninguém está isento de problemas, mas acima de tudo, para nós vigiarmos e
evitarmos seguir os mesmos exemplos negativos que eles cometeram. A Bíblia é um
espelho e ela reflete a minha condição espiritual como também o da minha
família, mas ela reflete para concertarmos o problema e não só para
identifica-los. Há na Bíblia promessas de bênçãos sem medida para o nosso lar,
leia o Salmo 128 e você verá isso. Mas para que eu possa ser canal de bênção
para minha família é necessário eu ser uma pessoa abençoada, e de que forma eu
sou abençoado, andando em conformidade com Deus e com a Sua Palavra. Não
fazendo do Evangelho uma religião, nem uma filosofia de vida como muitos fazem,
mas tendo o Senhor Jesus como SENHOR em minha vida. Entregando-lhe a direção da
minha vida e deixando-o direcionar os meus passos assim como fez Rute a moabita:
“Faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver”
(Rt 1.17).
AS ADVERSIDADES
EXISTEM
Agora entenda uma coisa, não é por
andarmos de forma correta na presença de Deus que iremos agradar todo mundo. Quando
Davi foi para sua casa para abençoá-la ele encontrou resistência e até mesmo
rejeição pelo que havia feito. Mical, sua esposa, filha de Saul, não se agradou
nem um pouco com a atitude de Davi:
“Voltando
Davi para abençoar a sua casa, Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com
ele e lhe disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos
olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer!”
(2Sm 6.20).
Mas Davi lhe respondeu sem pestanejar:
“Disse,
porém, Davi a Mical: Perante o SENHOR, que me escolheu a mim antes do que a teu
pai e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do SENHOR,
sobre Israel, perante o SENHOR me tenho alegrado. Ainda mais desprezível me
farei e me humilharei aos meus olhos; quanto às servas, de quem falaste, delas
serei honrado” (2Sm 6.21,22).
Que tenhamos essa mesma postura diante
dos nossos opositores. Jesus já nos havia alertado que os nossos inimigos
seriam os de nossa própria casa:
“Não
penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim
causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora
e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa” (Mt
10.34-36).
A vida cristã é feita de escolhas, se
escolhermos andar com Cristo seremos muitas vezes perseguidos, mas teremos a
Sua companhia conosco todos os dias. Como disse Pedro em sua carta:
“Amados,
não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos,
como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário,
alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo,
para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo
nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa
o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino,
ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas,
se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com
esse nome” (1Pe 4.12-16).
Que o Senhor nos ajude a sermos fiéis a
Sua Palavra mesmo que venhamos sofrer perseguição. Que não venhamos ser
encontrados desqualificados, mas aprovados pelo Senhor de nossas almas. Que o
Senhor nos ajude a sermos suas fiéis testemunhas todos os dias.
Que Deus nos abençoe!
Nota:
1 - Barbosa de Sousa, Ricardo
- Revista Eclésia (nº 85 - Jul/03).
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