Palavrão é correto?
>> terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Ai dos que chamam ao mal de bem, e ao bem, mal. Is. 5.20
Quando pequeno, era muito raro ouvir os chamados “palavrões”. Não que eu seja muito velho em idade, mas as pessoas nos últimos trinta anos parecem ter mudado em muito seus hábitos. Tratando-se de pessoas ditas “cristãs-evangélicas”, não era necessário dizer que ouvir um palavrão deste tipo de pessoa, era algo impossível. Porém os bons tempos se foram.
Hoje[1] é raro passar um dia de trabalho que não escutar um palavrão das pessoas com que convivo, mas o que realmente me deixa transtornado é que muitos palavrões surgem da boca dos chamados “santos” (Ef 1.4).
Em uma página da internet, foi solicitada a opinião dos internautas sobre a questão – Se falar palavrão é pecado, por que todo mundo fala?[2] Dentre as inúmeras respostas destacamos três: 1- “Pelo mesmo motivo que as pessoas roubam, matam, cometem adultério e etc. por que ninguém esta nem ai para isso e acredita que apenas indo a igreja ira resolver tudo”. 2-“O pecado está em ofender a sensibilidade alheia, é extremamente desagradável ouvir, por exemplo, que o cliente precisa de….. Pessoas que usam e mais que abusam deste tipo de palavreado, podem não perceber mais desagradam e desequilibram as outras pessoas.” 3-“Bem vindo ao mundo hipócrita dos cristãos!!! Onde você estava durante todo esse tempo??
Observando alguns sites na internet verifica-se que embora o palavrão esteja na “moda”, esta atitude parece ainda trazer muitos efeitos negativos. Na primeira argumentação, o autor que não sabemos se tratar de um religioso declara que os vários pecados cometidos pelas pessoas deste século, são atos normais e quase todas as pessoas que praticam, por irem à igreja, acreditam que se resolverão estes “probleminhas”. O comentarista declara uma verdade, e qual é? Que pessoas religiosas participando de seus rituais, cerimônias e doutrinas, acreditam que no fim – Deus dará um jeitinho para que todos consigam sua entrada no céu. Muitos evangélicos que não são transformados pelo Espírito Santo (logicamente) cometem adultérios, outros roubam (quem sabe uma caneta), e acreditam que pedindo perdão a Deus e “arrependendo-se” de seus atos, e praticando alguns rituais religiosos, Deus os aceitará, afinal, Deus é amor!
Na segunda argumentação, o comentarista declara que o “palavrão” ofende a sensibilidade alheia, é desagradável, e desequilibra as outras pessoas. Concordo plenamente, pois analise a seguinte cena: Você vai em uma pizzaria e sentasse com sua família para degustar uma maravilhosa redonda. Alguns jovens estão em uma mesa próxima a sua, e de repente, aquelas pessoas começam a proferir variados palavrões. Como você se sentiria, bem ou mal? Se você já passou por esta situação – como eu – certamente verificou que os palavrões, embora estejam na moda, ofende a sensibilidade alheia, e você tomaria pelo menos uma entre três atitudes: 1- Iria embora; 2- Mudaria de lugar; 3- Tentaria convencer aquelas pessoas para parar com tal atitude, o que seria bem perigoso em nossos dias.
Os palavrões de fato – ofendem, desequilibram e desagradam muitas pessoas. Mas na terceira argumentação do autor, observasse o maior estrago que os palavrões produzem: A hipocrisia latente de incontáveis cristãos. Jesus por algumas vezes chamou os religiosos de sua época de – Hipócritas – que segundo o Dicionário Aurélio seria: Adj. e s.m. e s.f. Que tem hipocrisia. / Que denota hipocrisia; falso; fingido: um ar hipócrita. (Antôn.: franco, leal.). Jesus chamou algumas pessoas de falsos ou fingidos e será que Jesus pecou ou errou, proferindo estas palavras aos judeus de sua época? Ou seria falta de amor de Jesus chamar algumas pessoas religiosas de seu tempo de raças de víboras e filhos do Diabo? (Mt 12.34; Jo 8.44). Não! Jesus nunca pecou (Jo 8.46), não errou e não praticou falta de amor, quando exortou seus compatriotas religiosos de que suas palavras e suas atitudes entravam diretamente em confronto com uma vida santa e agradável diante de Deus (1Pe 1.15,16).
Nestas passagens e outras do Novo Testamento não vemos Jesus ou mesmo seus discípulos xingando alguém ou falando algum “palavrão” de sua época. Ao contrário as Escrituras relatam de que em Jesus nunca foi encontrado algum pecado (Jo 8.46), e esta é a mesma atitude que deve transparecer daqueles que o seguem: “…Foram comprados dentre os homens e ofertados como primicias a Deus e ao Cordeiro. Mentira nenhuma foi encontrada em suas bocas, são imaculados” (Ap 14.4,5).
O fato de Jesus ter que exortar duramente aqueles religiosos de sua época, confirma seu amor por eles, tentando de todas as formas, mesmo que não agradasse a muitos, levar alguns ao arrependimento (Mc 1.15). Em nome da tolerância e de um “falso amor”, aceitamos passivamente os pecados de muitos cristãos-evangélicos de nossos dias como algo normal, entretanto, ao fazermos isto, estamos permitindo que permaneçam no erro e apresentando uma grande falta de amor verdadeiro por eles, pois pensam estar no caminho e se desviam dele (Hb 3.13). Enquanto isto a sociedade observa e diz: “Bem vindo ao mundo hipócrita dos cristãos!!!. Aqueles que não conhecem o Deus Bíblico e a verdade do evangelho nos observam e estão percebendo que uma boa parte dos ditos cristãos estão praticando o que eles praticam, e sendo assim chamam os cristãos, de hipócritas. Estariam blasfemando, falando demais ou estariam sendo usados pelo capeta? Por mais que andemos na verdade da Palavra de Deus, sempre o homem sem Deus fará seus comentários pejorativos, entretanto, não estão equivocados quando tecem comentários das atitudes de milhares de cristãos-evangélicos de nossos dias. Certa vez trabalhando na rua e estando acompanhado de dois colegas de trabalho que também são crentes, um deles dirigiu a palavra a minha pessoa da seguinte forma: “Não vamos falar palavrão pois o Marcos não gosta”. Eu respondi dizendo que não era eu que não gostava e sim a Palavra de Deus é que reprova tal atitude pecaminosa (Pv 12.18; Pv 21.23; Lc 6.45; Rm 3.14; Ef. 4.29; Col. 3.8; Tg 1.26; 3.5,6,8,9; I Pedro 3.10; AP 14.4,5).
Muitos dos crentes estariam vivendo uma fé conformada com os rudimentos do mundo? A Bíblia nos alerta que não devemos nos conformar com o estilo de vida do mundo (Rm 12.2), mas que devemos prestar nosso culto diante dos homens, pois este é nosso culto racional, e não somente em nossos templos. Parece que aquelas palavras de Jesus não tem mais validade para muitos crentes de nossos dias: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo… Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as usas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que esta nos céus”(Mt 5.13-16). As palavras do saudoso Dr Martyn Lloyd-Jones são bem atuais:
Os homens reconheceriam que o cristianismo é uma realidade viva; e não ficariam mais a procurar por alguma outra coisa. Diriam: “Achei!” Além disso, se você lesse a Historia da Igreja verificaria que sempre foi nos períodos em que os crentes – homens e mulheres – tomaram a sério o Sermão do Monte, deixando-se amoldar por ele, que surgiu verdadeiro reavivamento. E quando o mundo vê um individuo que é crente autêntico, não somente se sente condenado, mas também impelido e atraído. [4]
Quando um crente se preocupa com seu testemunho diante dos homens e procura agradar a Deus com seu culto diário, diante dos homens, não somente adorando a Deus dentro de um templo, mas se conscientizando que é o Templo do Espírito Santo e deve constantemente adorá-lo, as coisas mudam radicalmente (1Cor. 6.18-20). As pessoas que nos observam não poderão nos acusar de que falamos palavrões, de que compartilhamos suas piadas sujas, de seus olhares cheios de lascívias e de toda sorte de pecados. E somente assim serão atraídos ao evangelho e se sentiram verdadeiramente, perdidos (Mt 5.13-16).
Devemos ser honestos e fazermos algumas perguntas a nós mesmos: 1- Tenho glorificado a Deus com meus lábios? 2- Quando estou na faculdade, ou no meu trabalho e falo palavrões, consigo pregar e ministrar a Palavra de Deus com a consciência tranqüila diante da Igreja? 3- Quando estou reunido com os irmãos em Cristo em reuniões de minha igreja, eu não falo palavrões, entretanto, quando estou na vida secular meu linguajar muda, e falo palavrões constantemente?
Se uma das vozes de Deus em sua vida o acusa e você percebe que em muito se parece com aqueles que não conhecem a Deus, principalmente com a maneira de você falar, o convido a mudar de vida, abandonando os palavrões e procurando em tudo agradar o Deus Santo e verdadeiro (Ap 22.11).
Notas
[1] Ano 2011
[2] http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20111028142535AAXpfau – acesso 6/12/11
[3] Hipócritas: Mt 6.2,5,16 – 7.15;15.7;16.3;22.18;23.13;Lc 13.15
[4] Jones- D. Martyn Lloyd. Estudos no Sermão do Monte, Fiel, 1984, pg 18. (Grifo meu)
Fonte: NAPEC - Apologética Cristã
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