Lázaro ressurge: médico diz que algumas pessoas podem ser ressuscitadas horas depois da "morte"
>> sábado, 27 de abril de 2013
"A Ressurreição de Lázaro", por Rembrandt |
Já publicamos aqui vários relatos sobre experiências de quase-morte,
e agora um médico americano escreve um livro afirmando que é possível
ressuscitar alguém horas depois de sua "morte". Não por acaso o título
do livro é "O Efeito Lázaro".
A matéria é da BBC Brasil:
Pacientes podem ser ressuscitados horas após morte, diz médico
William Kremer
Um médico
defende que uma pessoa pode ser ressuscitada várias horas depois de seu
coração parar de bater. Será que isto pode mudar a forma como encaramos
a morte?
Carol Brothers não consegue se lembrar da hora em que "morreu", há três meses.
"Eu
sei que era uma sexta-feira, na hora do almoço, porque a gente tinha
acabado de voltar do supermercado", conta a britânica de 63 anos. "Mas
não me lembro de ter saído do carro."
Já
seu marido David tem memórias muito mais claras daquele dia. Ele abriu a
porta de casa e viu a mulher caída no chão, ofegante e pálida.
Carol acabara de sofrer uma parada cardíaca. Por sorte, um vizinho
conhecia os procedimentos básicos de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e
rapidamente começou a pressionar seu tórax repetidas vezes na tentativa
de reanimá-la.
Os
paramédicos chegaram logo em seguida e, em algum momento entre 30 e 45
minutos depois do ataque cardíaco, o coração de Carol voltou a bater.
"Apesar de 45 minutos ser um tempo enorme que levaria muitas pessoas a
acreditarem que ela estaria morta, hoje sabemos que há pessoas que
voltaram a vida três, quatro, cinco horas após morrerem e depois disso
tiveram vidas normais", diz o médico Sam Parnia, diretor de pesquisa
sobre ressuscitação na Stony Brook University, em Nova York.
Muitas pessoas consideram uma parada cardíaca como sinônimo de morte, diz ele. Mas muitas vezes não é o fim.
O efeito de Lázaro
Parnia
é autor do livro, Lazarus Effect ("O Efeito de Lázaro", em tradução
livre, uma alusão à passagem bíblica que relata que Jesus ressuscitou
Lázaro quarto dias após sua morte). Ele explica que depois que o cérebro
para de receber oxigênio por meio da circulação sanguínea, não morre
imediatamente, mas entra em estado de hibernação, uma forma de se
defender do processo de decomposição.
E
o "acordar" desse estágio de hibernação pode ser o momento mais crítico
de todos, já que o oxigênio pode se tornar tóxico para o cérebro.
O efeito, compara Parnia, é como o de um tsunami após um terremoto, e a
melhor resposta é resfriar os pacientes, de 37ºC para 32ºC.
"A razão pela qual a terapia de resfriamento funciona bem é porque desacelera a decomposição do cérebro", diz Parnia.
E
foi nesse momento que Carol Brothers teve sorte. Depois que seu coração
voltou a bater, ela foi transferida para um helicóptero, onde um médico
a resfriou utilizando pacotes de comida congelada que ela havia acabado
de comprar.
Depois de dias em coma na UTI, durante os quais exames sugeriam que ela estava com morte cerebral, Carol acordou.
"Ela me disse três palavras", relembra a filha Maxine. "Estou voltando para casa", teria dito Carol, sussurrando.
Deus ou diabo
Sam Parnia é fascinado por relatos de pacientes que sentiram a morte de perto.
"Pessoas
no mundo todo descrevem experiências semelhantes, mas a interpretação
do que eles veem depende muito de sua crença", diz ele.
Essas
descrições incluem viagens em túneis iluminados, encontros com figuras
angelicais, recordações de eventos passados e, em alguns casos, a
sensação de se observar a mesa de cirurgia da perspectiva de quem está
"fora do corpo".
O
médico está atualmente trabalhando com vários hospitais para investigar
relatos desse tipo de experiências "fora do corpo". Como parte do
estudo, os pesquisadores posicionaram objetos em prateleiras em salas de
operação, que só podem ser observados do alto.
Caroline
Watt é psicóloga na Universidade de Edimburgo especializada em examinar
relatos paranormais. De mente aberta, ela é também crítica. Ela foi
coautora de um artigo que sugere que a sensação da morte pode ser
baseada em atividades neurológicas.
Ela
afirma que um estudo indica que cerca de metade dos pacientes que
disseram ter visto a morte de perto tiveram essa experiência sem estar
perto de morrer. Essa sensação foi vivida em momentos de grande
expectativa de experiência traumática, como no caso de um nascimento,
quando se da à luz, por exemplo. Isso sugere que, qualquer que tenha
sido essa sensação, ela não chega a ser uma amostra do que pode ser
experimentado perto ou depois da morte.
Ruth Lambert diz ter tido a sensação da morte depois que uma queda interrompeu a circulação de sangue para seu cérebro.
"Foi
uma sensação de boas-vindas e de estar indo para um lugar melhor",
relembra. "Eu senti a presença forte de Deus, de que não era a minha
hora, e então eu acordei".
Desde
então, ela disse ter ouvido relatos de outras pessoas que quase
morreram. Ela se lembra especificamente de um homem que voltou do coma
horrorizado.
"Ele achava ter visto o diabo se aproximando e dizendo: você é meu agora, peguei você."
Se Carol Brothers viu Deus ou o Diabo, ela não se lembra.
"Nenhum dos dois me quis. Eles jogaram cara ou coroa e a moeda caiu em pé."
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