Doutrina da Trinidade
>> quarta-feira, 19 de setembro de 2012
1. DOUTRINA DA TRINDADE
“Não posso
pensar em um e único, sem que me veja imediatamente envolvido pelo
fulgor dos três; nem posso distinguir os três, sem que me veja
imediatamente voltado para um e único.” (NAZIANZO, Gregório de. Sermão sobre o santo batismo).
“Eis que me
aparece, como num enigma, a Trindade. Sois vós, meu Deus, pois Vós, Pai,
criastes o céu e a terra no princípio de nossa Sabedoria, que é a vossa
Sabedoria, que de Vós nasceu, igual e co-eterna convosco, isto é, no
vosso Filho. (…) No vocábulo “Deus”, eu entendia já o Pai que
criou todas as coisas; e pela palavra “princípio” significava o Filho,
no qual tudo foi criado pelo Pai. E, como eu acreditasse que o meu Deus é
Trino, procurava a Trindade nas vossas Escrituras e via que o vosso
Espírito “pairava sobre as águas”. Eis a vossa Trindade, meu Deus: Pai,
Filho e Espírito Santo. Eis o Criador de toda criatura.” (AGOSTINHO, Aurélio. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 379-380).
1.1 INTRODUÇÃO
O presente estudo tratará de um dos
temas mais complexos e debatidos de toda a teologia e do pensamento
cristão: A Doutrina da Trindade. Tal assunto possui a capacidade de
gerar inúmeras dúvidas em nossa mente, tais como: como Deus é único e ao
mesmo tempo três? Serão três Deuses diferentes? Será apenas um Deus,
que se manifesta de três formas diferentes? Ou ainda: Um único Deus, com
três subsistências distintas?
O primeiro cuidado a se tomar, em um
estudo pormenorizado da Trindade, é que ela é possível de ser entendida,
contudo, não sem a devida reverência e fé. O tema aborda uma realidade
que é totalmente desconhecida a nós e, além disso, sem parâmetro em toda
a criação. Não há um só exemplo sequer nas existências que se compare a
subsistência perfeita de Pai, Filho e Espírito Santo.
O termo Trindade (lat. Trinitas),
foi cunhado pelo bispo Tertuliano (160-230), para ser o designativo da
doutrina de que Deus é a coabitação eterna e perfeita de três pessoas
que partilham da mesma Deidade.
Para se alcançar um entendimento sóbrio e
isento de heresias acerca da Trindade é necessário analisar os dados
bíblicos, dos quais naturalmente emerge essa doutrina, ao invés de se
criar modelos e tentar encaixar a Bíblia a eles. O melhor modelo que
podemos utilizar para a explicação da Trindade deve ser o reflexo direto
dos dados escriturísticos.
A Trindade é, portanto, uma doutrina que
emerge da Bíblia, e não algo que foi moldado para se encaixar com a
Bíblia; é uma doutrina que as próprias Escrituras ensinam, não apoiada
apenas em um texto, mas em toda a extensão e revelação da Palavra de
Deus.
1.2 EVIDÊNCIAS BÍBLICAS DA DOUTRINA DA TRINDADE
1.2.1 A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
O AT apresenta Deus como sendo um só
Deus, que se torna conhecido pelos Seus nomes, atos e atributos,
entretanto, é conveniente atentar que, apesar da postura centralizadora
da Deidade – com vistas a formar um povo que se mantivesse fiel ao
monoteísmo – há inúmeras passagens que denotam a pluralidade de pessoas
na Deidade vétero-testamentária.
Utilizando o texto bíblico de Gn. 1.1-2,
podemos concluir, como Agostinho, a existência, desde os primeiros
versículos da Bíblia, de um Deus Trino, conforme abaixo:
“No princípio criou Deus os céus e a
terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”
Analisando o texto em hebraico temos:
“Deus (hb. elohiym, plural de ‘elowahh, designação do supremo Deus), no princípio (hb. re’shiyth, o primeiro em lugar, tempo, ordem ou ranking) criou (hb. bara’, criar, fazer e ‘eth, propriamente, por si só, ou seja ‘criou sem qualquer auxílio) os céus e a terra. E a terra era (hb. hayah, vir a ser, tornar-se) sem forma e vazia (hb. tohuw, desolação, deserta, sem coisa alguma, bohuw, estar vazia, vacuidade, ruína indistinguível); e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus (hb. ruwach elohiym, semelhante ao fôlego, exalação violenta, aplicável apenas a um Ser racional) se movia sobre a face das águas.
Do exame acima, pode-se concluir que:
Deus foi o responsável pela criação de todas as coisas, através do Seu
princípio (Jesus, cf. Ap. 3.14) e Seu Espírito Santo já encontrava-se em
operação no mundo.
A criação do homem reflete o consenso da Deidade, ao utilizar “façamos (hb. ‘asah, fazer no sentindo mais amplo e extensivo possível)… à nossa imagem e semelhança (hb. tselem, uma sombra, figura representativa, dmuwth, similitude, forma, modelo)” em Gn.1.26-27.
O episódio da confusão das línguas em
Babel aponta para um plural e concordância volitiva da Deidade, cf. Gn.
11.7, o mesmo ocorre em Is. 6.8, sendo que em ambos Deus usa para si
mesmo pronomes plurais.
Em Gn. 20.13 e 35.7 há o emprego do verbo hebraico no plural, isto é, “Deus fizeram” e “Deus se lhe revelaram”.
Sl. 45.6-7 (confrontar com Hb.1.8-9)
revela Deus (Pai), falando de ‘outro’ Deus (Jesus), que ungiu um de
forma diferente aos seus companheiros (distinção da essência de Jesus e
dos ‘companheiros’, i.e. anjos Hb.1.1-4).
O Sl. 2.7 apresenta o Filho (hb. ben, filho, procedente de um antecessor genealógico, no caso, esse Filho, é gerado, mas não criado, Ele é co-eterno) do Senhor (hb. Yaweh ou Yehova, o auto-existente, eterno, ‘eu sou’) como sendo gerado.
Pv. 30.4 apresenta perguntas de
sabedoria sobre questões variadas, finalizando com a inquirição de qual é
o nome (pelo nome, no hebraico, sabia-se a natureza e derivação da
pessoa) de Deus e de seu Filho.
Em Nm. 6.24-26, Is. 6.3 e Ap. 4.8, é utilizado o Triságio (gr. tris-agion,
três vezes Santo), que é o nome utilizado para referir-se à aclamação
da Deidade como Santo, Santo, Santo, referência à Trindade.
O Verbo de Deus como a Sabedoria, em Pv. 8.1, 22, 30-31, comparado com Hb. 1.1-2. Pv. 3.19 é digno de nota em “O Senhor (hb. Yaweh ou Yehova), com sabedoria (hb. chokmaw, sabedoria, capacidade, inteligentemente, provém da raiz chakam, sobre excedente sabedoria, sabedoria primeira) …”
O Anjo do Senhor (hb. mal’ak,
embaixador, rei, enviado, sempre de Deus, Yaweh ou Yehova) como o
próprio Deus (Teofania), nas passagens de Gn. 22.11, 16 e 31.11,13. Deus
aparecendo em forma corpórea a Abraão (Cristofania) em Gn. 18.1, 13-14.
Deus se manifestando a Moisés no monte Sinai, em Ex. 3.2-5. Deus se
revelando aos pais de Sansão, Jz. 13.18-22. O quarto homem na fornalha
ardente com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, Dn. 3.25, 28, chamado por
Nabucodonosor de “Filho de Deus” (ara. bar, filho e ‘elahh de ‘elowahh, designação do supremo Deus).
Por fim, a passagem de Zc. 12.10 ensina,
ainda que para um completo entendimento é necessário o NT – sobre as
três pessoas da Divindade: o Pai (a quem olhariam), O Filho
(traspassado) e o Espírito Santo (que daria a entender a obra do Filho).
1.2.2 A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
O NT principia seus escritos, através
dos Evangelhos, apresentando uma radical mudança de foco do Deus do AT –
até então centralizador – para a “nova” (apesar de não ser “nova” no
sentido de algo recentemente criado, mas “nova” no sentido de só àquela
época revelada) manifestação da Deidade, que abre a porta para o
conhecimento claro de Jesus Cristo e do Espírito Santo.
1.2.2.1 A PESSOA DO PAI É DEUS
Há um tão grande número de passagens
bíblicas que revelam o Pai como Deus, que seria desnecessário prolongar
muitas explicações acerca de Sua Deidade. A título de exemplo observe-se
Jo. 6.27 e 1Pe. 1.2.
1.2.2.2 A PESSOA DE JESUS CRISTO É DEUS
Jesus Cristo é expressamente chamado de Deus, e isto se prova através da passagem de João 1.1-2:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.”
Nesses versículos o apóstolo João
apresenta uma maneira de escrita que relembra a introdução do Gênesis,
intencionando com isso revelar que Aquele do qual ele tratava (Jesus) é
um ser co-eterno com o Deus da criação do AT.
A palavra “no princípio”, em grego (en archei) é semelhante ao hebraico (berêshith),
presente em Gn. 1.1, logo, vemos João apontando que Jesus e Deus não
tiveram início, mas que relacionam-se desde a eternidade, ainda antes da
Criação.
João se refere a Jesus como o “Verbo” (gr. Logos). A utilização dessa palavra foi extremamente criteriosa, pois:
“É relevante que João opta por identificar Cristo no seu estado pré-encarnado com o Logos e não como Sophia
(sabedoria). João evita as contaminações dos ensinos pré-gnósticos que
negavam a humanidade do Cristo ou separavam o Cristo do homem Jesus. O
Logos, que é eterno, “tornou-se carne.”
O apóstolo prossegue dizendo que o “Verbo estava com Deus” (gr. Logos pros ton theon),
o que significa dizer que Eles tinham um relacionamento “face a face”,
ou seja, desde a eternidade já estavam juntos. Na continuação do
versículo João fecha o raciocínio ao dizer claramente que o Verbo, desde
a eternidade, já era Deus.
O último versículo (v. 2) serve como uma
ênfase que essa pessoa (Jesus Cristo), realmente estava em interação
contínua com Deus desde antes da Criação.
Em João 1.14, o Verbo entra na História
(se fazendo carne), como Jesus de Nazaré, sendo Ele o único capaz de
revelar quem o Pai é, conforme João 1.17-18.
Pelo fato de Jesus ter compartilhado a
glória de Deus desde toda eternidade (Jo. 17.15), Ele é objeto da
adoração reservada somente a Deus, pois Ele é Deus (Jo. 5.23 e Fp.
2.10-11).
Jesus possui os mesmos atributos de Deus
Vida, Jo. 1.4, 14.6 – Existência
própria, Jo. 5.26, Hb. 7.16 – Imutabilidade, Hb. 13.8 – Verdade, Jo.
14.6, Ap. 3.7 – Amor, I Jo. 3.16 – Santidade, Lc. 1.35, Jo. 6.69, Hb.
7.26 – Onipresença, Mt. 28.20 – Onisciência, Mt. 9:4, Jo. 2.24-25, 1Co.
4.5, Cl. 2:3 – Onipotência, Mt. 28.18, Ap. 1.8.
Finalmente, tudo que se pode dizer com
relação ao Pai, pode-se dizer com referência ao Filho, conforme Cl. 2:9,
Rm. 9:5 e Jo. 14:9-11. Assim, Jesus é Deus, da mesma forma que o Pai o
é.
1.2.2.2 A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO É DEUS
O Espírito Santo, além de ser uma
pessoa, é Deus, e habita desde a eternidade com o Pai e o Filho, de
acordo com Hb. 9.14, mas que fora “dado” com a vinda de Jesus Cristo
(Jo. 7.39).
O Espírito Santo é referido na Bíblia como sendo o próprio Deus, segundo At. 5.2-4, 1Co. 3.16, 12.4-6.
O Espírito Santo possui os mesmos atributos de Deus
Vida, Rm. 8.2 – Verdade, Jo. 16.13 – Amor, Rm. 15.30 – Onipresença, Sl. 139.7 – Onisciência e Onipotência, 1Co. 12.11.
Por fim, o Espírito Santo é digno da
mesma honra e adoração do Pai, conforme 1Co. 3.16. Logo, o Espírito
Santo é Deus, da mesma forma que o Pai e o Filho são.
1.3 ALGUNS ESCLARECIMENTOS
Deus é Trino, ou seja, de uma mesma essência ou substância (gr. homoousios, lat. substantia), entretanto possui três subsistências distintas (gr. prosopa, lat. persona),
isto é, são realidades pessoais individuais, de tal forma que o Pai é o
Pai, o Filho é o Filho e o Espírito é o Espírito, sem se misturarem,
mas com perfeita concordância entre si.
Enfim: de uma mesma natureza em três pessoas distinguíveis.
Quanto a Jesus ter sido “gerado” pelo Pai (Hb. 1.5), ou ser o “unigênito” do Pai (Jo. 1.14) não significa que Ele foi, em algum momento “criado”, pois a palavra original é (gr. monogenês),
que significa “incomparável”, “especial”, “único do seu tipo”, e “é
aplicada a Jesus para enfatizar que Ele é, pela sua natureza, o Filho de
Deus num sentido incomparável e especial, como nenhum outro pode ser.”
1.4 A ATUAÇÃO CONJUNTA DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO
Claramente se percebe o ensino da
Trindade e da igualdade de Divindade entre as três pessoas: Pai, Filho e
Espírito Santo, nas passagens de Mt. 28.19 e 2Co 13:13.
1.5 RESUMO DA TRINDADE PARA JOÃO CALVINO
A distinção das pessoas na Trindade:
“Por isso,
também, não devemos deixar-nos levar a imaginá-la como uma trindade de
pessoas que detenha o pensamento cindido em relação às partes e não o
reconduza, imediatamente, a essa unidade. Por certo que os termos Pai,
Filho e Espírito assinalam distinção real, de sorte que não pense alguém
serem meros epítetos [vocativos, nomes], com quê, em função de suas
obras, Deus seja diversificadamente designado; entretanto se fala de
distinção, não divisão. Que o Filho tem sua propriedade distinta do Pai
no-lo mostram as referências que já citamos, pois a Palavra não haveria
estado com o Pai se não fosse outra distinta do Pai; nem haveria tido
sua glória junto ao Pai, a não ser que dele se distinguisse. De igual
modo, ele distingue de si o Pai, quando diz que há outro que dá
testemunho a seu respeito [Jo 5.32; 8.16, 18]. E a isto importa o que se
diz em outro lugar: que o Pai a tudo criou mediante o Verbo [Jo 1.3; Hb
11.3], o que não seria possível, a não ser que, de alguma forma, seja
distinto dele. Além disso, o Pai não desceu à terra, contudo desceu
aquele que procedeu do Pai; o Pai não morreu, nem ressuscitou, e, sim,
aquele que fora por ele enviado. Tampouco esta distinção teve início a
partir de quando a carne foi assumida; ao contrário, é manifesto que
também antes disso ele foi o Unigênito no seio do Pai [Jo 1.18]. Pois,
quem ousa afirmar que o Filho ingressou no seio do Pai quando,
finalmente, então desceu do céu para assumir a natureza humana?
Portanto, ele estava no seio do Pai e mantinha sua glória junto ao Pai
antes disso [Jo 17.5].
Cristo assinala a
distinção do Espírito Santo em relação ao Pai quando diz que ele, o
Espírito, procede do Pai; além disso, a distinção do Espírito em relação
a si mesmo a evidencia sempre que o chama outro, como quando anuncia
que outro Consolador haveria de ser por ele enviado; e freqüentemente em
outras passagens [Jo 14.16; 15.26]”.
Funções diferentes na Trindade:
“(…) a distinção
que observamos expressa nas Escrituras, consiste em que ao Pai se
atribui o princípio de ação, a fonte e manancial de todas as coisas; ao
Filho, a sabedoria, o conselho e a própria dispensação na operação das
coisas; mas ao Espírito se assinala o poder e a eficácia da ação.
Com efeito, ainda que a eternidade do Pai seja também a eternidade do
Filho e do Espírito, posto que Deus jamais pôde existir sem sua
sabedoria e poder, nem se deve buscar na eternidade antes ou depois,
todavia não é vã ou supérflua a observância de uma ordem, a saber:
enquanto o Pai é tido como sendo o primeiro, então se diz que o Filho
procede dele; finalmente, o Espírito procede de ambos. Ora, até mesmo o
mero entendimento de cada um, de seu próprio arbítrio, o inclina a
considerar a Deus em primeiro plano; em seguida, emergindo dele, a
Sabedoria; então, por fim, o Poder pelo qual executa os decretos. Diz-se
que o Espírito procede, ao mesmo tempo, do Pai e do Filho. Isto, na
realidade, em muitas passagens, contudo em parte alguma está mais
explícito do que no capítulo 8 da Epístola aos Romanos [v. 9], onde, na
verdade, o mesmo Espírito é indiferentemente designado ora Espírito de
Cristo, ora Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Cristo [v.
11], e não sem razão plausível.”
1.6 O CREDO DE ATANÁSIO
1. Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal.
2. A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.
3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.
4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.
5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.
6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade.
7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.
9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.
10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno.
12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.
13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.
15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.
17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.
18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.
20. O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.
21. O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.
22. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.
23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor.
25. Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada.
26. Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.
27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.
28. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
29. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.
30. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.
31. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade.
32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois mas um só Cristo.
33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade.
34. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.
35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.
36. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de sua obras.
39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.
2. A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.
3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.
4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.
5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.
6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade.
7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.
9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.
10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno.
12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.
13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.
15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.
17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.
18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.
20. O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.
21. O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.
22. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.
23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor.
25. Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada.
26. Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.
27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.
28. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
29. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.
30. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.
31. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade.
32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois mas um só Cristo.
33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade.
34. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.
35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.
36. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de sua obras.
39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.
1.7 CONCLUSÃO
O assunto da Trindade, apesar de todas
as explicações acima e das outras existentes, poderá ser compreendido
até certo ponto, após o qual torna-se o “mistério tremendo” (lat. misterium tremendum), nome pelo qual Agostinho lhe chama.
Assim cumpre a nós, juntamente com todos
os cristãos fiéis de todas as épocas, honrar, servir, adorar e anunciar
a graça de Deus, revelada por Cristo, debaixo do poder do Espírito
Santo.
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