Entenda porque o filme sobre Maomé gerou revoltas entre os muçulmanos
>> domingo, 23 de setembro de 2012
Milhares
de pessoas têm protestado em países da Ásia, da África e do Oriente
Médio contra um filme feito nos Estados Unidos considerado anti-slâ, que
retrata o profeta Maomé. A BBC explica por que a obra tem causado tanta
indignação:
O que o filme mostra?
O
vídeo, que é o trailer de um filme mais longo chamado Innocence of
Muslims (“Inocência de Muçulmanos”, em tradução livre), parece retratar o
islã como uma religião de violência e ódio, e Maomé, como um homem tolo
e com sede de poder.
A
primeira cena do vídeo mostra uma família cristã copta vivendo em um
Egito em processo de radicalização e sofrendo ataques de muçulmanos. O
pai diz às filhas que os muçulmanos estão matando os cristãos e que o
Estado islâmico está escondendo seus crimes.
Em
seguida, o filme mostra o profeta Maomé com sua família e seus
seguidores no deserto. Maomé é mostrado em posições sexuais com a sua
mulher e com outras. Uma das sequências que mais insultaram os
muçulmanos inclui uma referência a Maomé sancionando o abuso de
crianças, e em determinado momento o profeta revela ser homossexual.
Muitos
dos personagens recitam versos supostamente tirados do Corão, mas
claramente inventados, falando de matar e extorquir pessoas.
Por que o conteúdo é tão ofensivo?
Qualquer
representação de Maomé já vai contra os ensinamentos islâmicos –
imagine então uma representação satírica e crítica. A descrição pouco
elogiosa da mulher de Maomé e de seus seguidores também é considerada
uma blasfêmia.
O
princípio fundador do islã é que o Corão é a palavra direta de Deus,
revelada a Maomé para ser divulgada à humanidade. Sendo assim, o fato de
o vídeo sugerir que o Corão é inspirado em versos do Antigo e do Novo
Testamento também é uma afronta aos muçulmanos.
Outras
referências aos casos de Maomé com mulheres, a sua ganância e sua
tendência à violência também são ofensivas em qualquer contexto.
O que se sabe sobre o vídeo?
Acredita-se
que o filme completo tenha cerca de uma hora, ainda que o vídeo mais
visto seja um trailer de 14 minutos, amplamente divulgado em inglês e
árabe.
O
filme tem características amadoras, no que diz respeito a atores,
cenário e produção. Foi filmado durante cinco dias em um estúdio da
Califórnia em agosto do ano passado, com cerca de 50 atores e outras
dezenas de produtores.
A maior parte do conteúdo ofensivo parece não estar presente no filme original, e sim ter sido dublada posteriormente.
Quem é Nakoula Basseley Nakoula?
O
trailer foi colocado no YouTube por uma conta ligada ao usuário
“sambacile” – inicialmente descrito como um judeu israelense que
levantou US$ 5 milhões com israelenses nos EUA para fazer o filme. Mas
essa pessoa não existe.
Autoridades
dos EUA agora dizem ter identificado Nakoula Basseley Nakoula, um
egípcio cristão copta que vive na Califórnia e pode ser o autor do
filme. Basseley, condenado por fraude em 2010 e forçado a pagar mais de
US$ 790 mil em restituições, é suspeito de ter usado o pseudônimo “Sam
Bacile” para esconder sua identidade. Ele nega as acusações.
O que dizem os atores?
Eles
alegam que foram enganados a respeito do filme, dizendo que o projeto
original não tinha nenhuma relação com o islã ou com o profeta. Segundo
eles, todas as referências a Maomé e os insultos religiosos foram
adicionados depois, na fase de pós-produção.
Cindy
Lee Garcia, que fez uma pequena participação no filme, disse ao site
Gawker.com que ela e seus colegas receberam um roteiro de um filme
chamado Desert Warriors (“Guerreiros do Deserto”, em tradução livre),
que seria um drama histórico ambientado no Oriente Mèdio.
A atriz confirmou ter visto Nakoula durante as gravações.
Tem algo mais acontecendo nessa polêmica sobre o filme?
Como
ficou evidente depois da publicação dos charges sobre Maomé em 2006,
líderes políticos e religiosos na região se utilizam desses supostos
insultos ao islã para provocar manifestações públicas.
Manifestações
começaram a se espalhar do Egito para outros países – inflamado talvez
pela mídia local – por causa da desconfiança em relação ao Ocidente,
algo que muitos grupos vêm capitalizando sobre a polêmica.
Desilusão, falta de oportunidades e ódio contra o establishment podem causar protestos em qualquer contexto.
Informações: BBC
Assista o Trailher..
Informações: BBC
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