10 profecias do fim do mundo que falharam
>> terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Profecia do fim
do mundo com data marcada é um fenômeno assim meio sazonal. Mal uma é
desmascarada como falsa, surge outra no seu lugar.
É um caso
cíclico de lendas e mitos divulgados por pessoas que se acham
iluminadas, mas não aprendem com os erros dos "profetas" que lhes
antecederam.
Na edição de 20
de maio de 2011, ainda sob o impacto do "fim do mundo" que o pastor
norteamericano Harold Camping havia previsto exatamente para aquele dia,
a revista Time publicou a sua lista das 10 mais famosas profecias apocalípticas que falharam.
Curiosamente, todas as profecias têm em comum o sentido de urgência. Aguarda-se o apocalipse para muito breve, e todos devem proceder com a rapidez desejada para tanto, e, cá entre nós, faz tempo que a sabedoria popular diz que a pressa é inimiga da perfeição.
Agora, diante
da perspectiva de mais um dia do fim do mundo fracassado, no caso hoje,
21/12/12, nada melhor do que relembrar aquela matéria da Time, com as
devidas adaptações:
1) Os milleritas
Eles tomaram
esse nome em função de terem seguido o pastor William Miller, a quem a
revista Time chama de "provavelmente o mais famoso falso profeta da
história".
Miller começou a
pregar o fim do mundo no começo da década de 1840, dizendo que Jesus
retornaria à Terra e o planeta arderia em fogo em algum ponto entre 21
de março de 1843 e 21 de março de 1844.
A mensagem de
Miller foi amplamente divulgada e cerca de 100.000 seguidores seus
venderam tudo o que tinham e foram para as montanhas esperar o fim
predito.
Entretanto,
quando o período anunciado passou em brancas nuvens, Miller disse que
havia cometido um "equívoco" nos cálculos, e marcou a nova data do fim
do mundo para 22 de outubro de 1844. Novo fiasco.
Esse dia passou
para a história americana como o "Dia da Grande Decepção", mas boa
parte dos seguidores de Miller se reagrupou alguns anos depois sob o
comando de Ellen G. White, vindo a formar a igreja adventista do sétimo
dia, que manteve o dia 22/10/1844 como a sua peculiar doutrina do "juízo
investigativo", em que Cristo teria retornado aos céus, ao Santo dos
Santos, para terminar sua obra de expiação dos pecados.
2) Harold Camping, 1994 e 2011
O pastor
americano é reincidente na triste função de falso profeta. Em 1992 ele
já havia previsto a segunda volta de Cristo e o fim do mundo para alguma
data em meados de setembro de 1994.
Depois que sua "profecia" fracassou, Harold Camping disse que estava triste mas isso não o incomodava nem um pouco.
O segundo fracasso de 2011, entretanto, parece que convenceu o frustrado pastor futurólogo a aposentar sua bola de cristal.
3) A profecia maia
Hoje, 21 de dezembro de 2012, é exatamente o dia em que o calendário maia termina, segundo algumas fontes.
Entretanto,
existe uma grande controvérsia sobre se o calendário maia foi
corretamente interpretado, o que não impediu que muita gente entrasse em
pânico com a simples possibilidade de que ele pudesse estar certo.
De qualquer
maneira, livros foram escritos, filmes foram produzidos e - como sempre -
muito dinheiro se ganhou com o pânico gerado pela previsão midiática.
Sinal de que,
diante do fracasso do apocalipse maia, novas profecias virão em seguida,
a fim de que alguns espertalhões continuem ganhando muita grana às
custas dos incautos.
4) William Branham
Também
conhecido como "Irmão Branham", o pastor pentecostal estava numa de suas
pregações públicas em 28/12/1963 no Estado do Arizona (EUA), quando uma
"linda e misteriosa nuvem" teria deslizado pelo deserto.
William Branham
então subiu à montanha Sunset, onde, segundo alegou posteriormente,
teria se encontrado com sete anjos que revelaram a ele o significado dos
sete selos do livro do Apocalipse.
Alguns dias
depois, já no Tabernáculo Branham de Jeffersonvile (Indiana), o pastor
pregou sete sermões por sete noites, explicando o significado dos selos e
das sete visões que ele teria recebido, concluindo que Jesus retornaria
à Terra em 1977.
Não houve
tempo, entretanto, para que Branham visse sua previsão dar com os burros
n'água, já que ele morreu na noite de Natal de 1965, seis dias após um
motorista bêbado ter colidido seu carro com o do pastor.
5) Os anabatistas de Munster
Nos conturbados
anos que se seguiram à Reforma Protestante, surgiram não só as igrejas
reformadas tradicionais que conhecemos hoje em dia, mas várias seitas
milenaristas e apocalípticas que incomodaram profundamente os próprios
reformadores.
Entre os
anabatistas não estavam somente "pessoas que batizam de novo", como a
raiz grega do nome evoca, mas anarquistas e revolucionários de todo tipo
que pregavam um mundo sem ordem e hierarquias enquanto aguardavam -
para muito breve - o retorno de Cristo.
Na década de
1530, milhares de camponeses alemães tomaram a cidade de Munster, e ali
ficaram entrincheirados numa espécie de sociedade protocomunista
medieval, dizendo que Munster era a Nova Jerusalém, na qual esperavam a
segunda vida de Jesus.
Entre eles
estava Jan Bockelson, um alfaiate de origem holandesa, que se declarou o
"messias dos últimos dias", virou polígamo, emitiu moedas que
profetizavam o apocalipse urgentemente vindouro e dominou cruelmente
toda a população de Munster.
O fim veio para
Bockelson em 1535, quando a cidade foi tomada e a população dizimada
pelas forças dos príncipes alemães. O detalhe tétrico é que há quem diga
que os testículos de Bockelson foram pregados no portão de entrada de
Munster.
6) Agonia do planeta de Hal Lindsey
Hal Lindsey é um pastor e escritor americano, nascido em 1929, que ficou muito conhecido nos anos 1970 por seu livro best seller
"The Late, Great Planet Earth", traduzido no Brasil por "A Agonia do
Grande Planeta Terra", publicado no Brasil pela Ed. Mundo Cristão.
Lindsey foi um
dos grandes expoentes do dispensacionalismo (corrente teológica que
divide a história do mundo em "eras" ou "dispensações" dos desígnios de
Deus), e no livro em questão, tomando como base sobretudo o retorno do
povo judeu a Israel algumas décadas antes, predisse que o mundo
terminaria em alguma data pouco antes de 31 de dezembro de 1988.
Na esteira das
previsões de Hal Lindsey, Edgar Whisenant publicou em 1988 o livro "88
Reasons Why the Rapture Will Be in 1988" ("88 Razões pelas quais o
Arrebatamento Acontecerá em 1988"), que (como todo bom "fim do mundo")
vendeu pra caramba, 4.500.000 de cópias, deixando seu autor envergonhado
pela falsa profecia, mas com uma gordíssima conta bancária para afogar
suas lágrimas de crocodilo.
Aliás, esse é outro detalhe curioso. Porque esses "profetas" gostam tanto de ganhar dinheiro com livros, vídeos, conferências e afins, se não vão ter tempo de gastá-lo?
Os ensinos de
Lindsey continuam populares até hoje, já que a famosa série "Left
Behind" ("Deixados para Trás"), de Tim LaHaye e Jerry Jenkins, continua
vendendo muito bem, obrigado, e não é nada mais nada menos do que a
oferta das mesmas ideias requentadas da agonia do planeta Terra da
década de 1970.
Não vai tardar muito, portanto, para reaparecer uma "profecia do fim do mundo" nesses mesmos moldes. Dá grana!
7) O "bug" do milênio
Os mais jovens
não se lembrarão disso, mas a maioria recordará o furor que tomou conta
do mundo por ocasião da virada do ano 1999 para o ano 2000.
O temor de uma
catástrofe mundial se baseava no fato de que a imensa maioria dos
computadores de então, por uma questão de economia de equipamento, havia
previsto apenas duas casas para designar o ano na data (o famoso campo
Y2K).
Desta maneira,
quando 1999 virasse para 2000, o risco era que, naquela meia-noite
específica, os computadores de bancos, empresas aéreas, fornecedoras de
serviços públicos, etc., entendessem que o mundo havia voltado a 1900 e
alastrassem o caos pelo planeta.
Associe a esse dado tecnológico ao ditado popular "até 2000 chegarás, de 2000 não passarás" (que de bíblico não tem nada), e - pronto! - a confusão está estabelecida.
Apesar de todo o pânico prévio gerado pelo bug do
milênio, nenhum incidente cibernético de monta foi registrado nos
primeiros dias do ano 2000. Outro grande logro que também vendeu pra
caramba...
8) O Ramo Davidiano
Depois de uma
infância pra lá de problemática e passagens pelas igrejas batista e
adventista, David Koresh (nascido oficialmente como Vernon Wayne Howell)
se juntou em 1981 à seita Ramo Davidiano, um grupo dissidente dos
adventistas que se formou na década de 1950.
A seita
davidiana era baseada em Waco, no Estado do Texas (EUA), num rancho que
eles denominaram de Monte Carmelo. Não demorou muito, entretanto, para
que Koresh decidisse alçar, digamos, voos próprios.
Em 1983, ele se
autoproclamou profeta, e após uma sucessão de intrigas dentro da seita,
que incluíram assassinatos de líderes concorrentes, Koresh convenceu
vários seguidores a se juntarem a ele no rancho em Waco para aguardar o
fim do mundo.
Só que o fim do
mundo, lamentavelmente, veio na forma de um cerco das autoridades
americanas, que durou 50 dias e exterminou da face da Terra dezenas de
seguidores de Koresh, além dele próprio e alguns policiais.
9) Testemunhas de Jeová
A seita faz de
tudo para que o mundo esqueça que seu fundador, Charles Taze Russell,
havia previsto o "retorno invisível" de Jesus em 1874, que "prepararia" a
sua Segunda Vinda em 1914.
O início da
Primeira Guerra Mundial neste ano, fez com que Russell decretasse o "fim
da era dos gentios", o que se confirmou, na verdade, como mais uma
previsão furada.
Ele morreria em 1918, deixando aos seus sucessores a difícil tarefa de explicar por que o fim não chegou no ano previsto.
A solução destes foi apontar 1914 como aquele retorno invisível de Jesus que fora previsto para 1874 (data que seria posteriormente varrida pra debaixo do tapete).
Afinal, a Primeira Guerra Mundial era um evento importante demais para não ser aproveitado como evidência, já que - bem ou mal - eles haviam previsto alguma coisa estranha para aquele ano.
Só que as previsões para o fim do mundo não parariam por aí. O segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia, Joseph Franklin Rutherford, faria ainda uma previsão para 1925, quando os profetas do Antigo Testamento seriam ressuscitados.
Para acomodá-los (fisicamente falando), ele construiu a casa conhecida como Beth Sarim ("Casa dos Príncipes"), e - já que felizmente ninguém viu Isaías e Jeremias andando por aí - depois de 1925 a "hospedaria profética" sem uso acabou se tornando sua própria residência, onde morreria em 1942.
Um novo fim do mundo seria ainda previsto para 1975. A Torre de Vigia alegava que a criação do homem completaria 6000 anos naquele ano específico. E como em uma semana cujos dias equivalem a 1000 anos (2ª Pedro 3:8), os próximos 1000 anos seriam uma espécie de "milênio sabático".
Mais uma vez a data passou em branco, e atualmente nenhuma testemunha de Jeová conhece tal previsão.
Ele morreria em 1918, deixando aos seus sucessores a difícil tarefa de explicar por que o fim não chegou no ano previsto.
A solução destes foi apontar 1914 como aquele retorno invisível de Jesus que fora previsto para 1874 (data que seria posteriormente varrida pra debaixo do tapete).
Afinal, a Primeira Guerra Mundial era um evento importante demais para não ser aproveitado como evidência, já que - bem ou mal - eles haviam previsto alguma coisa estranha para aquele ano.
Só que as previsões para o fim do mundo não parariam por aí. O segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia, Joseph Franklin Rutherford, faria ainda uma previsão para 1925, quando os profetas do Antigo Testamento seriam ressuscitados.
Para acomodá-los (fisicamente falando), ele construiu a casa conhecida como Beth Sarim ("Casa dos Príncipes"), e - já que felizmente ninguém viu Isaías e Jeremias andando por aí - depois de 1925 a "hospedaria profética" sem uso acabou se tornando sua própria residência, onde morreria em 1942.
Um novo fim do mundo seria ainda previsto para 1975. A Torre de Vigia alegava que a criação do homem completaria 6000 anos naquele ano específico. E como em uma semana cujos dias equivalem a 1000 anos (2ª Pedro 3:8), os próximos 1000 anos seriam uma espécie de "milênio sabático".
Mais uma vez a data passou em branco, e atualmente nenhuma testemunha de Jeová conhece tal previsão.
10) O incêndio londrino de 1666
O número 666,
como a maioria das pessoas desconfia, tem um significado
místico-cabalístico que transcende aquele registrado como "a marca da
besta" no livro de Apocalipse (cap. 13, v. 18).
As pessoas até
suspeitam que o número 666 tem alguma, digamos, "maldição embutida",
embora nem sempre saibam exatamente a sua origem.
Imagine agora
como se sentiam os europeus às vésperas do ano 1666, sobretudo no ano
1665, quando uma praga varreu 100.000 pessoas de Londres, matando 1/5 da
população local à época.
Se já havia
rumores de que o fim do mundo se aproximava, a praga só os reforçou, até
que no dia 2 de setembro de 1666 um incêndio aparentemente inofensivo
começou numa padaria da Pudding Lane e - rapidamente - se alastrou pela
cidade, queimando 13.000 edifícios e dezenas de milhares de casas
durante 3 dias do mais absoluto terror.
Apesar do
pânico gerado (por motivos urgentes e reais, registre-se), quando o fogo
baixou e as cinzas se assentaram, pouco menos de 10 pessoas morreram, e
o fim do mundo foi adiado mais uma vez, exatamente como ocorre hoje, 21
de dezembro de 2012.
Vamos ver qual é o próximo fim do mundo na fila... urgente!
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