O Evangelho é Jesus
>> quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Devido a
uma influência secularista, liberal e reducionista na missiologia das
últimas décadas, houve uma humanização de conceitos que necessitam de
revisão bíblica. Talvez o principal seja o próprio Evangelho. Não é
incomum lermos que “o Evangelho está sendo atacado no Egito” ou que “o
Evangelho está entrando nos lugares distantes da Amazônia”. O que se
quer dizer é que a Igreja está sendo atacada e entrando na Amazônia,
manifestando que, em nossos dias, passamos a crer que a Igreja é o
Evangelho. Essa equivocada compreensão cristã que iguala o Evangelho à
Igreja – a nós mesmos – é ampla e popular, mas tem suas raízes em
distorções bíblicas e teológicas que podem nos levar a caminhos
erráticos na vida e prática cristã.
Paulo
escreve aos Romanos no capítulo 1 sobre o “Evangelho de Deus” (v.1) que
Deus havia prometido “pelos seus profetas nas Sagradas Escrituras”
(v.2), o qual, quanto ao conteúdo, é “acerca do Seu Filho” (v.3), que é
“declarado Filho de Deus em poder… Jesus Cristo, nosso Senhor” (v.4).
Portanto fica claro: Jesus é o Evangelho.
Assim,
se nos envergonharmos do Evangelho, estamos nos envergonhando de Jesus.
Se deixarmos de pregar o Evangelho, deixamos de pregar Jesus. Se não
crermos no Evangelho, não cremos em Jesus. Se passarmos a questionar o
Evangelho, seus efeitos perante outras culturas e sua relevância hoje,
nós não estamos questionando uma doutrina, um movimento ou a Igreja,
estamos questionando Jesus.
O que
Paulo expressa nesse primeiro capítulo é que, apesar do pecado, do
diabo, da carne e do mundo, não estamos perdidos no universo. Há um
plano de redenção e Ele se chama Jesus. O poder de Deus se convergiu
nEle e Ele está entre nós.
Quando
compreendemos mal o Evangelho, e o igualamos à Igreja, corremos o risco
de proclamarmos denominações, igrejas locais, logomarcas e pregadores,
pensando que com isso estamos evangelizando. Não há verdadeira
evangelização sem a apresentação de Jesus Cristo, Sua vida, morte,
ressurreição e paixão por nos salvar.
Um dos
textos que mais sintética e profundamente expõe o Evangelho foi escrito
por Paulo quando afirmou: “Pois não me envergonho do Evangelho, porque é
o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego”. (Rm 1.16).
Em
primeiro lugar, esta afirmação deixa bem claro que o Evangelho jamais
será derrotado, pois o Evangelho é Cristo. Sofrerá oposição e seus
pregadores serão perseguidos. Será questionado e deixarão de crer nEle.
Porém, nunca será vencido, pois o Evangelho vivo, que é Cristo, é o
poder de Deus.
Em
segundo lugar, o Evangelho não é o plano da Igreja para a salvação do
mundo, mas o plano de Deus para a salvação da Igreja. O que valida a
Igreja é o Evangelho, não o contrário. Se a Igreja deixa de seguir o
Evangelho, de seguir a Cristo, deixa de ser Igreja, ou Igreja de Cristo.
Em
terceiro lugar, o Evangelho não deve ser apenas compreendido e vivido.
Ele se manifestou entre nós para ser pregado pelo povo de Deus. Paulo
usa essa expressão diversas vezes. Aos Romanos, ele diz que se esforça
para pregar o Evangelho (Rm 15.20). Aos Coríntios, ele diz que não foi
chamado para batizar, mas para pregar o Evangelho (1 Co 1.17). Diz
também que pregar o Evangelho é sua obrigação (1 Co 9.16).
Devemos
proclamar o Evangelho – lançar as sementes – a tempo e fora de tempo.
Provérbios 11 nos encoraja a lançar todas as nossas sementes, “… pela
manhã, e ainda à tarde não repouses a sua mão”. Essa expressão de
intensidade e constância nos ensina que devemos trabalhar logo cedinho –
quando animados e dispostos – e quando a noite se aproximar, o cansaço e
as limitações chegarem, ainda assim não deixar de semear. Fala-nos
sobre a perseverança na caminhada e no serviço. É preciso obedecer mesmo
quando o sol se põe.
Jim
Elliot, missionário entre os Auca do Equador na década de 50, afirmou
que “ao chegar o dia da nossa morte, nada mais devemos ter a fazer, a
não ser morrer”. Observemos nossa vida e lancemos a semente, cumprindo a
missão.
Não
importa mais o que façamos em nossas iniciativas missionárias, é preciso
pregar o Evangelho. A pregação abundante do Evangelho, portanto, não é
apenas o cumprimento de uma ordem ou uma estratégia missionária, mas o
reconhecimento do poder de Deus.
Somos
lembrados por Paulo a jamais nos envergonharmos do Evangelho que um dia
no abraçou, pois não é uma ideia ou um movimento, mas uma Pessoa, o
Evangelho é Jesus.
Fonte: Teologando
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