A História do Inferno: de 1400 a 1500 d.C.
>> sexta-feira, 18 de novembro de 2011
O que os cristãos creram a respeito do inferno ao longo da história?
Após uma introdução das três principais visões sobre o inferno, apresentamos aqui grandes nomes da história e o que defendiam sobre o assunto. (acesse a introdução para ver o índice)
Desidério Erasmo (c. 1466-1536)
Erasmo foi um pioneiro da escolástica bíblica, patrística e clássica na virada do século XVI. Referia-se ao âmago da fé cristã como a philosophia christiana (filosofia cristã) e cria que essa mesma filosofia cristã tinha muito em comum com os ensinos éticos dos grandes filósofos pagãos. Em seu colóquio O banquete religioso, a personagem Eusébio elogia as declarações feitas no leito de morte por antigos pagãos, considerando-as sinais de que eles haviam vivido de maneira virtuosa e estavam assim preparados para morrer, em contraposição a muitos cristãos que se fiavam em cerimônias supersticiosas.
“Às vezes”, dizia Eusébio, “encontro declarações proferidas ou escritas pelos antigos, bem… mesmo por pagãos [...] tão divinas, que não posso senão me convencer de que, quando as escreveram, eles foram divinamente inspirados, que o espírito de Cristo se difunde para mais além do que imaginamos… e que existem muitos outros santos além daqueles que temos arrolados”. Aludindo especificamente à humildade do discurso de Sócrates pouco antes de sua morte, discurso esse que foi registrado em um dos diálogos de Platão, a saber, Críton, Eusébio faz o seguinte comentário: “Mal posso me conter ao ler os escritos desses homens, e preciso exclamar: ‘Santo Sócrates, rogai por nós!’”.
Ulrico Zuínglio (1484-1531)
Zuínglio seguiu Erasmo na esperança de que pagãos virtuosos tivessem sido salvos. Ele fundamentou sua posição inclusivista na doutrina da predestinação. A fé era a resposta inevitável do eleito diante da proclamação do evangelho, mas os recém-nascidos e aqueles que jamais haviam ouvido do evangelho poderiam ser salvos sem a fé, simplesmente por terem sido eleitos por Deus. Se crescessem, viveriam virtuosamente e, se ouvissem o evangelho, creriam, mas a salvação dependia de nada senão da escolha soberana de Deus.
Martinho Lutero (1483-1546)
Lutero entendeu o inferno principalmente em termos de alienação para com Deus, resultante do fútil esforço humano em justificar-se por suas próprias obras. Em seus primeiros escritos, como as palestras sobre Romanos, Lutero sugeriu que o purgatório é, de fato, indistinguível do inferno, e que uma pessoa que está verdadeiramente na graça de Deus aceitará essa condenação aparente como um justo castigo por seus pecados. Neste ponto, o purgatório teria feito seu trabalho e o pecador arrependido experimentaria a presença de Deus. O esforço para escapar da condenação (entendido como um tormento horrível depois da morte) ou mesmo do purgatório (muitas vezes entendido, na época de Lutero, como um estado igualmente horrível, mas temporário, de tormento) é espiritualmente nocivo e de fato resulta em condenação. Apenas rendendo-se a misericórdia de Deus e abandonando os esforços de autojustificação o ser humano pode escapar do juízo divino. Nas palestras sobre Romanos, Lutero também parece apoiar a visão de Erasmus de que pagãos virtuosos poderiam ser salvos.
Mais tarde, Lutero rejeitou totalmente o purgatório e insistiu na importância de realmente ouvir a Palavra proclamada (em contraste com Erasmus, Zuínglio ou Denck). No entanto, ele continuou a enfatizar a condenação como alienação de Deus resultante da autojustificação e não como um estado de tormento horrível.
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