Que significa Humanismo?
>> quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Por M. Lloyd-Jones
Eu não poderia dar uma definição melhor do que a que está expressa nestas palavras de Isaías: "Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e inteligentes na sua própria opinião!" Humanismo é a crença na humanidade. E o interesse ape¬nas nos homens e mulheres, sem levar Deus em consideração. Ele exclui Deus porque crê que os seres humanos são suficientes em si mesmos. Esta é a verdadeira essência do Humanismo. O homem é o centro do universo, e não há nada maior nem mais grandioso.
Existem dois tipos principais de Humanismo: o que é chamado de "Humanismo clássico", o que significa que para sua direção na vida e entendimento da mesma você não vai à Bíblia, mas retorna à literatura, à filosofia, ao drama e à poesia gregos. Os humanistas clássicos são pessoas que estudam os grandes autores gregos e conduzem sua vida de acordo com seus ensinos.
Não é função do ensino cristão desacreditar os gregos. Eles foram realmente grandes homens. O Humanismo, porém, clássico ensina que não há nada além deles, e que se você desejar sabedoria deve retroceder ao pensamento e à meditação dessas mentes gigantes do passado. Você os estuda e raciocina com eles, e tenta entender o que pensavam e o que nos deixaram. Procura, então, pôr aquilo em prática. Este é, no mundo presente, o modo de viver uma vida boa e harmoniosa.
A outra forma que o Humanismo toma é a conhecida como "Humanismo científico". O clássico representa o poético, o filosófico, e assim por diante. Por outro lado existe a perspectiva científica, a abordagem que diz que a resposta para os problemas do mundo não virá da filosofia grega ou poética mas da percepção científica de todo o universo, incluindo os seres humanos.
Este é o mais moderno dos dois tipos de Humanismo. Ele reivindica ser novo porque as descobertas são, no mínimo, comparativamente recentes, retrocedendo pouco menos que uns 400 anos, no máximo. Ao investigar os mistérios do universo e sua constituição, você descobre a verdade científica sobre a vida, e, a partir daí, começa a trabalhar seu próprio esquema de vida.
Temos que examinar isso porque, aqui em Isaías, está dito que esta confiança na sabedoria humana leva ao "ai". Mas vamos ser claros sobre isso. Não é parte da argumentação pró-evangelho pregar a desvalorização do intelecto. Na verdade, isto é o oposto do ensino do Evangelho. O Evangelho dá muito valor ao intelecto. Que ninguém pense que o que Isaías quer dizer é que não há nenhum valor em se ter um cérebro, ou na habilidade em usá-lo, ou no entendimento, no poder da razão, e assim por diante. Não se trata disso. Não há nada errado com o intelecto ou com o saber em si. Na verdade, a Bíblia diz-nos que o mais alto dom que Deus deu a homens e mulheres no campo dos talentos - não estou falando da alma e do espírito, mas de dons, - é o da mente, da razão e do entendimento.
O que é verdadeiramente maravilhoso sobre os seres humanos é que eles podem contemplar-se a si mesmos, analisar-se, avaliar-se e criticar-se a si próprios.
Este é um tremendo dom, segundo a Bíblia, dado por Deus. Então, não devemos dizer nada que desvalorize o intelecto, a razão ou a mente. O pregador cristão não é apenas um sentimentalista ou um obscurantista. Não é apenas um homem que conta histórias e tenta divertir as pessoas. Ele está aqui para raciocinar com elas, porque Deus lhe deu uma mente para ser usada. Mas, como vou mostrar, a verdadeira explicação para o problema do mundo é o fato de que as mentes se corromperam, e o homem não sabe como usá-la adequadamente.
Qual é, então, a atitude da Bíblia com relação ao Humanismo? E que, conquanto esteja tudo certo com a mente, o entendimento e a razão, o erro das pessoas está em colocarem sua confiança na mente. Elas têm tanto orgulho dela que começam a adorá-la. Pensam que é suficiente em si mesma, e nada além é necessário. O problema tem início quando começam a se gabar da razão e a acreditar que, com sua mente, podem envolver o cosmos inteiro. Esta afirmativa de Isaías define perfeitamente essa questão - "Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos." Eles se colocaram num pedestal. "Olhe para mim" - dizem -, "não sou mesmo maravilhoso?" "Sábios a seus próprios olhos, e inteligentes na sua própria opinião." Não há nada errado em ser sábio, mas, se você for sábio a seus próprios olhos, estará em uma situação muito perigosa. É excelente ser inteligente, mas, se você for inteligente na sua própria opinião, estará sob a condenação proferida pelo profeta.
Eu creio que isto ficou claro. Longe de querer dizer que não há valor no intelecto, o que desejo é usar o pouco que tenho, e vou pedir-lhe que faça o mesmo!
Por que Deus pronuncia um "ai" sobre aqueles que são sábios a seus próprios olhos, e adoram seu cérebro e entendimento: os humanistas? A primeira resposta é a de que esta é a própria essência de seus problemas e males; esta é a causa principal de todos os males da raça humana. Leia a Bíblia e verá que ela diz que este foi seu pecado original, e assim tem sido desde então. A tentação que primeiro veio ao homem e à mulher, como já vimos, foi: "Será que Deus disse?" (Gênesis, 3:1). Em outras palavras: Será que Deus está tentando reprimi-lo? Estará tentando colocar-se entre você e o conhecimento do bem e do mal? Será que está buscando esconder algo de você?
"Está" - disse o diabo -, "porque ele sabe que, se vocês comerem do fruto, vocês serão deuses, terão entendimento, saberão tudo, serão iguais a ele."
Este foi o primeiro pecado do homem, e tem sido a causa de todos os males subseqüentes.
Fonte: Martyn Lloyd-Jones
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