Ide e Pregai

O Documentário é um resumo da história das Assembléias de Deus no Brasil a começar pela chegada dos missionários e pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren, em Belém do Pará.

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O Espelho dos Mártires

O Documentário relata em detalhe o modo de vida e as persiguições que sofreram os cristão primitivos e como foram martirizados os Apóstolos de Cristo.

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Filme ´180`: 33 minutos que mudarão sua opinião sobre o aborto

O Ministério Living Waters, dos Estados Unidos, produziu recentemente um documentário impactante e fantástico sobre o aborto. O filme traz como título ‘180’ e instiga as pessoas a mudarem de opinião sobre o aborto e outras questões bíblicas.

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O chamado do profeta Isaías

>> sábado, 26 de novembro de 2011

No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo. Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo. Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco.

Isaías 6.1-13

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O texto de Isaías 6.1-13 nos informa, de modo espetacular, o chamado extático do profeta Isaías. Mas antes de nos aprofundarmos no texto, cabe perguntar: O que é um profeta? Profeta é alguém que fala no lugar de outra pessoa, uma espécie de porta-voz de Deus. Cabe ao profeta, a tarefa de transmitir ao povo as palavras que Deus lhe transmitiu. Neste caso em questão, Isaías recebeu as palavras de Deus mediante experiência extática, uma espécie de transe e de visões espirituais. Ao receber as palavras Deus em Isaías 6.1-13, Isaías é comissionado como um porta-voz de Deus e crítico socioespiritual do povo. No entanto, o que exatamente Deus queria falar ao povo de Judá através do profeta Isaías? Os cinco primeiros capítulos nos dizem muita coisa sobre o contexto.

Contexto histórico

De modo geral, o livro de Isaías está situado na turbulenta segunda metade do século VIII a.C. (740-700). Era um tempo de medo e incerteza política, pois o Império Assírio tinha assumido seu lugar na história com uma potência mundial - cerca de um século antes - e sua política externa aterrorizava a população do Antigo Oriente Médio com um programa de dominação. O povo da aliança, mais especificamente, temia a política assíria, pois esta envolvia um programa de deportação e enfraquecimento de nacionalismos locais. A perda da identidade israelita trazia em si graves tragédias do ponto de vista teológico, uma vez que eles eram o povo escolhido por Deus. Assim, a invasão de Israel ao norte (721 a.C.) era um alerta vermelho ao povo de Judá (sul de Israel).

Isaías, filho de um certo Amós de origem nobre (7.3 e 8.2), criado em Jerusalém (7.3 e 22.15s) foi chamado a profetizar nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Is 1.1) ao povo de Israel. O teor de sua mensagem profética em todo os 66 capítulos envolve dois grandes temas: denúncia (caps. 1-39) e consolação (caps. 40-66). A mudança de tom do capítulo 40 em diante, fez com que muitos estudiosos falassem em dois autores diferentes, mas isso não vem ao caso neste momento. No período em que estamos estudando (Isaías 6.1-13), Isaías estava iniciando sua jornada profética condenatória. O que preocupava o profeta?

Israel estava em profunda rebelião a Deus (1:2-9) ao ponto de Deus compará-los a Sodoma e Gomorra (1:9-10). Toda a nação estava envolvida pelos pecados da ganância, das alianças pagãs e da idolatria (2:6-9). E o que mais trazia desprezo ao coração de Deus, era que o povo mesmo assim, continuava praticando todos os ritos cultuais com religiosidade e fervor (1:11-17). Todo o contexto do capítulo 1 ao 5 nos revela que o povo estava perdido e somente o arrependimento (1:18-20) mudaria o julgamento divino (caps. 3 a 5). É como se os cinco primeiros capítulos contivessem uma coletânea de oráculos de diversos períodos da vida ministerial de Isaías e servissem de introdução ao ministério do profeta. Uma explicação interesse foi dada pelo teólogo Paul R. House. Ele diz que “o fato de que o chamado de Isaías ao ministério é descrito só no capítulo 6 reflete o padrão histórico de o Senhor enviar profetas como resposta ao pecado de Israel”. O que House não explica é quem foi o autor das profecias contidos nos cinco primeiros capítulos, caso os capítulos de 1 a 6 sigam um ordem cronológica, como ele parece defender.

O conteúdo da mensagem em Isaías 6:9-13 nos revela o quanto o povo tornou-se obstinado em sua rebelião e em virtude deste endurecimento, a mensagem do profeta não seria ouvida.

Forma literária e palavras chaves da passagem

O livro de Isaías chama a atenção em virtude de sua especificidade estilística, apesar de fazer parte de um conjunto de textos conhecidos como “literatura profética”. Luis A. Shökel afirma que Isaías contêm uma enorme variedade de estilos, “obtidas por numerosos recursos que ele domina magistralmente” e também caracterizado por uma “poesia intensamente retórica”. No entanto, nossa tarefa é analisar o texto de Isaías 6:1-13 e não todas as formas literárias contidas nos 66 capítulos.

A perícope que vai do versículo 1 ao 13 é também muito rica em termos de estilo literário. Uma análise superficial sugere que estamos diante de uma narrativa contada em primeira pessoa. O profeta Isaías informa seu leitor que no ano da morte do Rei Uzias ele viu o Senhor e suas vestes enchiam o templo (v.1). Será que o profeta estava fisicamente no templo de Jerusalém e teve uma visão? Ou apenas fez uso genérico da palavra “templo” para se referir a moradia celestial do Deus Altíssimo? Não temos informações adicionais. Contudo, está claro que a narrativa do profeta a respeito de sua visão espiritual de Deus é rica em detalhes, e por isso devemos ter o cuidado na interpretação.

Roy Zuck diz que era muito comum a presença de anos nas visões que os profetas tiveram, e isso era uma marca especifica da “literatura apocalíptica”. Porém, sabemos que a literatura apocalíptica foi marcante no período do exílio e Isaías é anterior a esse período. Em todo caso, nada no texto nos indica que a visão do profeta é uma parábola ou poesia. Devemos considerar o sentido normal e gramatical das palavras. Por isso reforço a tese de que é uma breve narrativa dentro de um livro profético. Porém, não uma narrativa qualquer, mas a narração de um acontecimento sobrenatural. Por isso devemos prestar atenção nos detalhes da visão, uma vez que há nela referências metafóricas como personificações (abas da vestes do Senhor – v.1) e hipérboles (as bases do limiar do templo se moveram – v.4). Aqui mais uma vez não devemos procurar um sentido mais profundo ou místico.

Na verdade estamos diante de uma declaração condenatória muito típica da literatura profética, palavras que encontram seu cumprimento na história, e que se cumpriram segundo alguns intérpretes, ainda no tempo de vida de Isaías, com o crescente endurecimento do coração do povo e subseqüente exílio do povo do Norte. Outra ressalva que faço está nas palavras de ordem ao profeta em relação a sua missão no meio do povo “endurece-lhes o ouvido e fecha-lhes os olhos” (v. 10). Obviamente trata-se de uma figura de linguagem. Para finalizar esta parte, também devemos prestar atenção no verso 13, pois quando Deus anuncia a preservação do “toco” não diz respeito a uma preocupação ecológica do Senhor, mas sim, faz menção em forma simbólica, dos remanescentes fiéis que seriam preservados do juízo.

No restante do texto o profeta entra em crise, pois vê a gloria do Senhor. Mas um anjo declara que os pecados de Isaías foram perdoados. Segue então o chamamento da parte de Deus que anuncia profeticamente a futura rejeição da mensagem do profeta (v. 9 e 10), a destruição e exílio de Israel (v.11 e 12), e a permanência de um remanescente fiel (v. 13).

Palavras Chaves

As palavras chaves são bem nítidas. A primeira é a repetição da palavra santo. Por três vezes seguidas, no mesmo versículo (v.3) os anjos disseram “santo”. Isso porque na gramática hebraica não há superlativos e a repetição da mesma palavra seguidamente visava reforçar a qualidade expressada pela palavra repetida. Em português, algumas versões traduzem o termo hebraico “kadosh, kadosh, kadosh” por “santíssimo”, ao invés de “santo, santo, santo”. Uma outra particularidade está no verso 4 quando os termos “lábios impuros” e “impuros lábios” são usados numa espécie de paralelismo pelo profeta para indicar sua própria condição e a condição do povo. O verso 10, que contem uma ordem de Deus ao profeta, também se parece com um paralelismo, pois “tornar insensível o coração”, “endurecer o ouvido”, “fechar os olhos”, são metáforas diferentes que tem o mesmo significado – denunciar o pecado do povo de Deus.

A teologia de Isaías 6:1-13

Gerard Von Rad afirma que “a pregação de Isaías é o mais grandioso fenômeno teológico de todo o Antigo Testamento e nenhum profeta iguala Isaías na vivacidade espiritual”. Realmente, temos que concordar com essa afirmação. É incrível como um pequeno texto pode revelar tanta coisa sobre a natureza de nosso Deus, e isso se deve muito mais ao discernimento espiritual do profeta, do que sua capacidade literária. Tão importante é a passagem do ponto de vista teológico, que Paul House diz que “o chamado de Isaías possui uma tremenda importância teológica para o livro como um todo”.

A maioria dos estudiosos observa que o foco central desta pericope é a santidade de Deus e isso fica claro no clamor celestial dos serafins (v. 3) – santíssimo é o Senhor! Mas antes mesmo da declaração da santidade do Senhor dos exércitos, há uma outra verdade teológica muito importante – de que Deus é o Rei Eterno e seu trono é o mais alto de todos os outros tronos das potestades governamentais. Não importa se o rei da Assíria se considere como o maior da terra, ou se o rei Uzias morreu, Deus é Rei soberano sobre todos.

Na teologia de Isaías também há espaço para a antropologia teológica. No verso 5 há a confissão de que os homens diante da santidade de Deus estão perdidos (Ai de mim! Estou perdido! - disse o profeta), pois somos pecadores. A solução teológica para este mal está na graça de Deus, que purificou o profeta sem exigir dele sacrifício ou obediência ao chamado (v. 6).

Também aprendemos na passagem que Javé é o Deus que chama. Sim, Deus chamou o profeta para ser sua testemunha diante do povo empedernido. E não apenas chamou, mas como capacitou o profeta a exercer um chamado de fracassos, aos olhos do próprio profeta, pois Deus anunciou que o povo não daria ouvido a mensagem (v.9 e 10). E é justamente a recusa do povo em ouvir, que confirmaria a vocação divina de Isaías.

Isaias é chamado por muitos estudiosos de “profeta evangélico” e isso porque em todo o livro de Isaias ele faz menção ao Messias prometido. No verso 13, há um anuncio da parte de Deus, de que o povo seria arrancado da terra como uma arvore, mas que restaria um “toco” ou uma “santa semente”. Parece que a santa semente é tanto o Messias quanto o remanescente fiel do povo de Deus.

Aplicação para a igreja

A igreja tem muito a aprender com o texto de Isaias 6:1-13. Tenho a convicção de que podemos extrair muitos princípios teológicos para nossos dias como, por exemplo, soberania, santidade, graça, vocação e esperança. Temas que se corretamente compreendidos, poderão transformar a realidade de muitos crentes e igrejas.

Soberania

Infelizmente hoje a soberania de Deus está sendo banida dos púlpitos. Estamos diante de um renascimento humanista que enfatiza a liberdade do homem, mas não glorifica a Deus como soberano. Um projeto patrocinado em larga escala pelos defensores do teísmo aberto, novidade teológica da moda que agora chegou no Brasil e tem sido propagada por aqui através de pregadores muito influentes. No trecho que analisamos, Deus é apresentado como Rei soberano. E se quisermos ser responsáveis diante da revelação da palavra do Senhor, devemos então continuar pregando a soberania de Deus. Interessante que esses dias de eleição presidencial no Brasil, surgiu na internet uma campanha contra a Dilma Roussef, alegando que seu vice, Michel Temer, era satanista. Observei que o e-mail gerou muito medo nos crentes débeis na fé, pois não conseguem reconhecer que não importa quem esteja no governo, Deus estará sempre em seu sublime trono, como diz Isaías.

Santidade

Deus é santo e não pode ser colocado a venda como mais um produto de consumo como os teólogos da prosperidade andam fazendo. Uma correta meditação em Isaias nos levará a nos prostramos humildemente diante do Senhor e nada “reivindicar”, tão somente adorar. Ver o mundo através da santidade de Deus é também compreender que toda a terra esta cheia da gloria do Senhor (v.3).

Graça

Outra particularidade do evangelho pregado hoje é o legalismo. O verso 5 a 7 revela que somente Deus pode justificar o homem de seus pecados. Não precisamos mais fazer correntes de prosperidade, seminários de cura interior e libertação, participar das sete semanas de libertação, dar dinheiro ao pastor e mais um monte de invenções humanas que prometem resolver nossos problemas. Temos que ensinar as igrejas, que se reconhecermos nosso pecado diante do Senhor, como fez Isaías, então seremos perdoados por Deus. Ele é o nosso justificador e santificador que nos justifica e santifica pela fé em Jesus.

Vocação

Todos nós fomos chamados por Deus para fazer parte do corpo de Cristo. O chamamento de Isaías nos revela que Deus nos chama a sermos seus cooperadores em sua obra de salvação. E por mais difícil que essa tarefa a seja, como foi para Isaías, devemos descansar no Deus que chama, pois Ele mesmo nos capacita. Entendo que o chamado de Isaías ensina para a igreja, que nenhum pastor, sacerdote, igreja, instituição pode se banir a vontade de Deus e sua vocação oferecida gratuitamente aos eleitos.

Esperança

Vivemos um tempo marcado pelo fim das utopias. O século XX foi tão tenebroso que hoje, os pós-modernos querem apenas celebrar o consumismo. A revelação profética de Deus ao profeta Isaías, nos ensina que sempre haverá esperança por mais complicado que seja o cenário. Mesmo que os carvalhos sejam arrancados da terra, sempre restará uma “santa semente” de esperança. E podemos ensinar isso corajosamente a igreja de hoje, pois o texto revela que Deus tem em suas mãos o desenrolar da história.

Conclusão

A complexidade do contexto histórico, a beleza literária, a profundidade teológica e aplicabilidade para a igreja faz da passagem de Isaías 6:1-13 uma das mais impressionantes de todo o Antigo Testamento. Foi um texto que certamente falou aos corações dos leitores originais e continua a falar ainda hoje. Por isso não nos resta dúvida de que este trecho merece nossa atenção e ainda mais reflexão.
 
 
 
 

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