Qualificações dos Presbíteros: Apto para Ensinar 9
>> domingo, 13 de novembro de 2011
É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar 1 Tm 3:2
Introdução
Este atributo só aparece, nesta forma, em 1 Timóteo. Em Tito a ênfase é mais expressamente doutrinária, como Calvino nos lembra abaixo. Aqui ocorre uma ênfase maior na capacidade de transmitir a verdade a outros, conforme os comentaristas apontam.
Grego
• Em 1 Timóteo διδακτικοζ - didaktikos
Strongs - apto e hábil no ensino
Rienecker e Rogers - capaz de ensinar, hábil para ensinar.
Strongs - apto e hábil no ensino
Rienecker e Rogers - capaz de ensinar, hábil para ensinar.
Outras versões
Outras traduções do mesmo termo em português:
Almeida Revista e Atualizada (ARA) | apto para ensinar |
Nova Versão Internacional(NVI) | apto para ensinar |
Almeida Revista e Corrigida(ARC) | apto para ensinar |
Nova Tradução na Linguagem de Hoje(NTLH) | ter capacidade para ensinar |
Tradução Brasileira(TB) | capaz de ensinar |
Comentários
• Broadman – (-)
• D. A. Carson O item "capaz de ensinar" nós voltaremos a considerar mais à frente, mas por enquanto nós podemos dizer que, pelo menos, o critério pressupõe conhecimento da verdade e de Deus, e a habilidade para comunicar tal verdade. Ocasionalmente você encontrará pessoas que são comunicadores maravilhosos, mas que não têm muito para dizer. Por outro lado, você encontra algumas pessoas que têm sólido conhecimento, mas não conseguem transmiti-lo a ninguém. Em ambos os casos, eles estão desqualificados para esse ofício. Habilidade para ensinar pressupõe conhecimento da Bíblia e do Deus da Bíblia, e a habilidade para comunicar tal conhecimento. (...)
Passo agora a uma característica excepcional: "capaz de ensinar". É excepcional dentro da lista porque não pode ser exigido de todos os crentes (a não ser no sentido mais geral de que todos os cristãos "ensinam" a outros de alguma forma genérica - mas certamente não no sentido de Tiago 3:1 que especifica que não deveria haver muitos mestres na igreja, pois sabemos que eles serão julgados mais severamente). Essa é uma característica que nunca é exigida dos diáconos. Em outras palavras, um diácono pode ensinar, mas isso não é uma parte necessária do papel dele como diácono.
(...) Há algumas pessoas que discutem que há duas ordens de presbíteros no Novo Testamento, aqueles cuja tarefa é principalmente a administração, e aqueles cuja tarefa é principalmente ensinar. Essa distinção é inteiramente baseada em um versículo, 1 Timóteo 5:17 que diz "Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino". Assim alguns discutiram que há duas ordens de presbíteros: aqueles que dirigem os negócios da igreja, e um outro grupo, os "com especialidade" que acrescentam a isso o dom de ensinar. Minhas hesitações quanto a isso são duas.
Número um: este é o único texto no Novo Testamento que poderia ser usado para apoiar essa visão, e eu reluto em impor à consciência da igreja algo que aparentemente só é dito uma vez - não porque algo tem que ser dito muitas vezes para que seja verdade, mas porque algo tem que ser dito mais de uma vez para eu poder estar seguro de que entendi corretamente. (...) o fato de que a expressão relevante só aparece uma única vez me faz relutar em deduzir uma estrutura eclesiástica inteira apenas desse texto. Número dois: a palavra "especialmente" dita nesse verso não se refere a uma categoria separada de presbíteros mas acentua o que todos os presbíteros têm que fazer: "esses que dirigem o trabalho da igreja, efetivamente esses que ensinam ou pregam a Palavra de Deus" - algo assim. Veja bem, no Novo Testamento, a autoridade que rege a igreja não é principalmente uma autoridade de um ofício independente; é uma autoridade que é ministrada pela Palavra. Não tenho como dar ênfase demasiada a isso. Nós não obedecemos os pastores / presbíteros / bispos porque eles são os pastores / presbíteros / bispos, porque eles têm o cargo e então eles estão "por cima", e nós estamos "por baixo" - porque eles são os administradores e portanto nós os obedecemos; e aí também há alguns deles que nos ensinam. Não é essa a idéia.
A idéia é que a autoridade que eles exercem no ministério é precisamente a autoridade de ministrar a Palavra de Deus. É por isso que, se eles reivindicam estar ensinando a Palavra de Deus, contudo estão transparentemente emprestando o apoio deles a ensinamento falso, você tem todo direito de desafiá-los, porque eles não podem se colocar acima da Palavra de Deus: eles estão sempre sob a Palavra. Mas se eles estiverem ensinando a Palavra genuinamente, então é claro que cristãos devotos perceberão que a verdadeira autoridade está na Palavra, e no Senhor da Palavra, mesmo se depois de algum tempo tais presbíteros adquirirem uma enorme quantia de credibilidade e autoridade funcional, porque eles sempre serão vistos como mestres fiéis da Palavra de Deus. Assim, a administração da autoridade na igreja não é tão amarrada ao ofício, ou meramente à manipulação de líderes administrativos, embora em qualquer organização há grande necessidade de administração e de tipos de administração. Na verdade, a fonte de autoridade é sempre a Palavra. E dessa estrutura vêm mestres que explicam e aplicam bem aquela Palavra, de forma que os crentes digam, "Sim, essa é a mente de Deus".
Passo agora a uma característica excepcional: "capaz de ensinar". É excepcional dentro da lista porque não pode ser exigido de todos os crentes (a não ser no sentido mais geral de que todos os cristãos "ensinam" a outros de alguma forma genérica - mas certamente não no sentido de Tiago 3:1 que especifica que não deveria haver muitos mestres na igreja, pois sabemos que eles serão julgados mais severamente). Essa é uma característica que nunca é exigida dos diáconos. Em outras palavras, um diácono pode ensinar, mas isso não é uma parte necessária do papel dele como diácono.
(...) Há algumas pessoas que discutem que há duas ordens de presbíteros no Novo Testamento, aqueles cuja tarefa é principalmente a administração, e aqueles cuja tarefa é principalmente ensinar. Essa distinção é inteiramente baseada em um versículo, 1 Timóteo 5:17 que diz "Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino". Assim alguns discutiram que há duas ordens de presbíteros: aqueles que dirigem os negócios da igreja, e um outro grupo, os "com especialidade" que acrescentam a isso o dom de ensinar. Minhas hesitações quanto a isso são duas.
Número um: este é o único texto no Novo Testamento que poderia ser usado para apoiar essa visão, e eu reluto em impor à consciência da igreja algo que aparentemente só é dito uma vez - não porque algo tem que ser dito muitas vezes para que seja verdade, mas porque algo tem que ser dito mais de uma vez para eu poder estar seguro de que entendi corretamente. (...) o fato de que a expressão relevante só aparece uma única vez me faz relutar em deduzir uma estrutura eclesiástica inteira apenas desse texto. Número dois: a palavra "especialmente" dita nesse verso não se refere a uma categoria separada de presbíteros mas acentua o que todos os presbíteros têm que fazer: "esses que dirigem o trabalho da igreja, efetivamente esses que ensinam ou pregam a Palavra de Deus" - algo assim. Veja bem, no Novo Testamento, a autoridade que rege a igreja não é principalmente uma autoridade de um ofício independente; é uma autoridade que é ministrada pela Palavra. Não tenho como dar ênfase demasiada a isso. Nós não obedecemos os pastores / presbíteros / bispos porque eles são os pastores / presbíteros / bispos, porque eles têm o cargo e então eles estão "por cima", e nós estamos "por baixo" - porque eles são os administradores e portanto nós os obedecemos; e aí também há alguns deles que nos ensinam. Não é essa a idéia.
A idéia é que a autoridade que eles exercem no ministério é precisamente a autoridade de ministrar a Palavra de Deus. É por isso que, se eles reivindicam estar ensinando a Palavra de Deus, contudo estão transparentemente emprestando o apoio deles a ensinamento falso, você tem todo direito de desafiá-los, porque eles não podem se colocar acima da Palavra de Deus: eles estão sempre sob a Palavra. Mas se eles estiverem ensinando a Palavra genuinamente, então é claro que cristãos devotos perceberão que a verdadeira autoridade está na Palavra, e no Senhor da Palavra, mesmo se depois de algum tempo tais presbíteros adquirirem uma enorme quantia de credibilidade e autoridade funcional, porque eles sempre serão vistos como mestres fiéis da Palavra de Deus. Assim, a administração da autoridade na igreja não é tão amarrada ao ofício, ou meramente à manipulação de líderes administrativos, embora em qualquer organização há grande necessidade de administração e de tipos de administração. Na verdade, a fonte de autoridade é sempre a Palavra. E dessa estrutura vêm mestres que explicam e aplicam bem aquela Palavra, de forma que os crentes digam, "Sim, essa é a mente de Deus".
• Jamieson, Fausset e Brown implicando não só ensino sólido e facilidade em ensinar, mas paciência e diligência no ensino.
• João Calvino – Na epístola a Tito, é mencionada a doutrina expressamente; aqui ele só fala brevemente sobre a habilidade em comunicar instrução. Não é suficiente ter conhecimento profundo, se não for acompanhado de talento para ensinar. Há muitos que, seja porque a expressão vocal deles é defeituosa, ou porque não têm boas habilidades mentais, ou porque não empregam aquele idioma familiar que é adaptado às pessoas comuns, mantém dentro das suas próprias mentes o conhecimento que eles possuem. Tais pessoas, como diz a frase, deveriam cantar para si mesmos e para as musas. Aqueles que têm o encargo de governar as pessoas, devem ser qualificados para ensinar. E aqui ele não exige loquacidade da língua, porque nós vemos muitas pessoas cuja conversa fluente não é adequada para a edificação; mas ele recomenda sabedoria em aplicar a palavra de Deus judiciosamente para benefício das pessoas.
• John Gill que tem uma considerável quantidade de conhecimento; é capaz de interpretar a Bíblia para edificação de outros; é capaz de explicar, expor e ilustrar as verdades do Evangelho e defendê-las e refutar o erro; e que não é somente capaz, mas pronto e disposto a comunicar a outros o que ele sabe; e que tem também expressão vocal, o dom da elocução e consegue transmitir suas idéias de forma simples e com linguagem fácil, em palavras hábeis e aceitáveis; porque não fará sentido o que um homem sabe, a menos que ele tenha uma capacidade de comunicar isso a outros, para a compreensão e benefício deles.
• John MacArthur –Esta palavra é usada somente aqui e em 2 Tm 2:24. É a única qualificação relacionada ao talento e habilidade espiritual do presbítero, e a única que distingue presbíteros de diáconos. A pregação e o ensino da Palavra de Deus são os deveres principais do bispo/pastor/presbítero (1 Tm 4:6,11,13; 5:17; 2 Tm 2:15,24; Tt 2:1).
• Matthew Henry Portanto é um bispo pregador que Paulo descreve, um que é ao mesmo tempo capaz e disposto a comunicar a outros o conhecimento que Deus lhe deu, um que é talhado para ensinar e pronto a aproveitar todas as oportunidades de dar instruções, e que é, ele mesmo, bem instruido nas coisas do reino do céu, e é comunicativo do que sabe a outros.
• New American Commentary – O apelo a ser "apto a ensinar" exige competência e habilidade em comunicar a verdade cristã. A característica requer habilidade intelectual e didática. Alguém que pode ensinar a outros precisa também ter vontade de aceitar ensino. A presença desta exigência indica que um bispo precisaria ter habilidade tanto para explicar a doutrina cristã quanto para refutar ou opor-se ao erro. Ele utilizaria esta habilidade dando instrução a convertidos, edificando a igreja, e corrigindo o erro.
• William MacDonald Quando visita pessoas com problemas espirituais, ele deve ser capaz de citar as Escrituras e explicar o desejo de Deus em tais questões. Ele deve estar apto para alimentar o rebanho de Deus (1 Pe 5:2) e usar a Bíblia para refutar os que apresentam falsas doutrinas (At 20:29-31). Não significa necessariamente que um bispo deve ter o dom do ensino, mas que em seu ministério de casa em casa, assim como na assembléia, ele pode apresentar as doutrinas da fé, compartilhar corretamente a palavra de verdade e estar pronto e motivado para fazer isso.
Conclusão
Portanto, o presbítero deve ser alguém que conhece consideravelmente a Palavra e é capaz de manejá-la bem para o ensino e correção da igreja. A igreja é governada por Jesus Cristo mediante a Sua Palavra. Se os líderes não sabem manejá-la bem, não serão capazes de dirigir o povo de Deus da forma que o Supremo Pastor deseja. Como vários apontam (Calvino e MacArthur, por exemplo) este atributo implica em um talento especial e, portanto, reduz bastante o número de homens realmente aptos a assumirem o ofício (Tg 3:1). Como Carson indica, não parece haver espaço para a figura do presbítero que não é capaz de ensinar, comum em algumas igrejas. A autoridade de um presbítero reside, em grande parte, na Palavra que Ele maneja (2 Tm 2:15).
Próximo Artigo: Amigo do Bem
Tradução (onde necessário): Juliano Heyse
Fonte: O Bom Caminho
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