Ide e Pregai

O Documentário é um resumo da história das Assembléias de Deus no Brasil a começar pela chegada dos missionários e pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren, em Belém do Pará.

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O Espelho dos Mártires

O Documentário relata em detalhe o modo de vida e as persiguições que sofreram os cristão primitivos e como foram martirizados os Apóstolos de Cristo.

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Filme ´180`: 33 minutos que mudarão sua opinião sobre o aborto

O Ministério Living Waters, dos Estados Unidos, produziu recentemente um documentário impactante e fantástico sobre o aborto. O filme traz como título ‘180’ e instiga as pessoas a mudarem de opinião sobre o aborto e outras questões bíblicas.

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O Polêmico Tanque de Betesda

>> terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Jerusalém do século I a.C. reunia vários elementos das culturas anteriores, como babilônicos, persas e helênicos, que as tinha conquistado. O helenismo[1] profundamente difundido pela alta sociedade encontrava forças nas suas bases culturais principalmente quando estava relacionado à cura de doenças, estas eram entendidas pelos povos semíticos[2] como provenientes de demônios crença essa difundida desde períodos remotos.
O culto desenvolvido no Tanque de Betesda possuiu uma referência no texto bíblico atribuído a João em um período posterior a destruição de Jerusalém mais precisamente na década de 90 d.C. fato esse discutido por historiadores atuais que buscam a comprovação de um Jesus Histórico e que utilizam de textos joaninos para buscar tal referência.  Segundo o professor doutor André Chevitarese[3]:
“Há uma passagem em João 5:1-9 bastante conhecida porque ela diz respeito a um individuo com problemas de saúde, de movimento, que está há anos com esse problema, tentando entrar na piscina de Betesda. Jesus se aproximar dele e o cura, sem que ele precise entrar nessa piscina. Isso é a leitura (teológica) do texto. Mas, essa piscina, descoberta quando da ampliação de uma casa no contexto de Jerusalém no final do século XIX, foi escavada em meados do século XX. Para surpresa dos arqueólogos, alguns dados vieram à tona: o primeiro deles é que essa piscina faz parte de um complexo ligado ao santuário de Serápis (Asclépio) que era o deus associado à cura. Ela tem muito pouco (pelo menos o que foi escavado) haver com o ambiente estritamente judaico. Talvez, por isso, Jesus não mandou o homem mergulhar na piscina; ele o curou ali mesmo na borda. Este era um santuário do deus da cura, Asclépio, e parece ter muito mais relação com as guarnições multiétnicas romanas estacionadas em Jerusalém, o que não quer dizer que ele também não possa ter atendido a judeus helenizados[4]”.
O helenismo provocou uma intensa troca cultural, que veio a provocar grandes modificações na estrutura religiosa do povo judeu, entre esses elementos podemos assim observar a presença de cultos de deuses estrangeiros, enraizados no imaginário do povo que, como exemplo pode observar o aglomerado de pessoas que utilizavam o Tanque de Betesda fato esse comprovado pelos achados arqueológicos, o sitio arqueológico encontrado possuía mais de 5.000 m2 a importância das construções indica que se tratava de lugar público.
 O local foi encontrado durante as reparações e escavações da Basílica Santa Ana em 1888 pelo professor arqueólogo, Dr. Conrad Shick, localizado atualmente no bairro Mulçumano em Jerusalém, no século I, segundo o historiador Flávio Josefo[5] esse bairro era chamado de Beseta[6] o Tanque ficava próximo da Porta das Ovelhas e da Fortaleza Antônia englobado pela terceira muralha construída inicialmente pelas ordens do rei Agripa I[7] (41-44 d.C.), muralha essa que teve sua construção embargada pelo Imperador Claudio no ano de 44 d.C. e finalmente completada no ano de 66 d.C. pelos judeus revoltosos.
Tanque de Betesda - Centro Cultural Jerusalém
Foram encontradas no local colunatas do estilo romano e uma pintura de um anjo agitando as águas que segundo os especialistas responsáveis pelo achado comprovam que essa pintura é do período dos imperadores romanos cristãos, fato esse comprovado pelos profissionais químicos atuais, responsáveis por estudos mais profundos utilizando a técnica do carbono 14.
Os romanos reutilizaram a estrutura e a aumentaram consideravelmente. Acrescentaram cisternas, bancos nas salas cobertas e, possivelmente, um altar para sacrifícios. O lugar era claramente um santuário onde se tomavam banhos de cura, sob a proteção de Serápis, como mostra as peças arqueológicas descobertas. Afrescos murais representando a cura; ex-voto comemorando as duas funções de Serápis (curas e salvamentos no mar); moedas reproduzindo a efígie de Serápis e da deusa Hígia, filha de Esculápio; uma representação mostrando Serápis como serpente com a cabeça de homem barbado. (CHRISTINE, p.18)
 O Tanque de Betesda ficava localizado próximo a uma fonte que segundo registros,  já tinha a função de abastecimento desde o período de Salomão como os mapas utilizados pela autora Karen Armstrong[8]. A primeira menção de ocupação da atual área de Jerusalém, remonta do século X a.C. pelo povo Jebuseu nesse período não tinha referências de águas subterrâneas a parte ocupada pelos Jebuseu se resumia a um elevado bem protegido e com a fonte de Gion.
No tempo de Davi e posteriormente no período de Salomão, a área foi estendida para a Eira de Araruna[9] mais ao norte o local onde seria erguido o 1º Templo e as fontes trazem a informação da construção da piscina de Siloé, um tanque que teria a sua história contada através dos milênios tendo nesse lugar também relatos de curas milagrosas.
O período do Asmoneus[10] sucedeu a um longo periodo de  intervenção estrangeira a exemplo do cativeiro na Babilônia em 587 a.C. e depois com a dominação dos persas. Esse periodo foi marcado por um sincretismo da religião judaica, com os deuses da fertilidade e da cura que eram  cultuados em fontes de águas que eram na realidade centros de cura, que reuniam assim enfermos que buscavam a libertação física e espiritual das enfermidades. O tanque nesse período (147 a.C. a 63 a.C.) recebeu o nome de um guerreiro asmoneu que lutou contra o domínio selêucida “Simão o Justo” filho de Judas Matatias[11] que prosseguiu contra os batalhões dos selêucidas que continuamente avançavando sobre a Judéia e que por diversas vezes foram derrotados pelos exércitos mercenários dos reis judeus.
Há dois períodos distintos na vida do sitio: o período judaico e o período romano. O período judaico começou quando o sumo sacerdote Simão, filho de Onias (220-195 a.C.), construiu dois grandes reservatórios para o fornecimento de água ao Templo (cf. Eclo 50,3 e Carta de Aristéias). “Tais reservatórios não podiam, é claro, ser utilizados por doentes”. (PRIETO, p.18)
Herodes o grande (37 a.C.-4 d.C.) foi o grande construtor da Judéia assumiu o reinado sobre a região com o apoio do Senado romano em 37 a.C. e após a tomada da cidade de Jerusalém empreendeu seu mega projeto de transformar Jerusalém de uma simples área de dominação romana em uma das jóias do Oriente dando a cidade contornos de uma polis greco-romana. Nesse período segundo  Pietro, Herodes o Grande mandou construir um terceiro reservatório separando assim a ala dos doentes. No período de Herodes o Tanque de Betesda também era chamado de Tanque das Ovelhas devido à proximidade com a Porta das Ovelhas utilizadas nos sacrifícios.
Após a destruição do ano de 70 d.C. a cidade de Jerusalém foi ocupada pela X Legião romana a parte ocupada correspondia ao bairro da elite de Jerusalém o bairro da Cidade Alta que tinha como proteção o conjunto de torres (Fazael, Mariane e Hipicus) construídas também por Herodes o Grande. A X Legião ficou responsável pela ocupação da cidade destruída para impedir a sua ocupação o culto a Asclépio fora mantido por esses soldados que utilizavam as águas do Tanque para os banhos ritualísticos dedicados ao deus da medicina.
Transformada em uma cidade de porte reduzido Jerusalém passou a ser conhecida como Aelia Capitolina projeto de reconstrução empreendido pelo imperador Adriano e dedicada a Júpiter em 135 d.C. após a terceira revolta Judaica liderada por Simão Bar Kokhba[12] Jerusalém tem seu tamanho reduzido e assim o Tanque de Betesda que outrora fora consagrado a deuses semíticos como Eshmun, Sadrafa agora mais uma vez dava lugar ao deus sincretizado greco-romano Serapís-Asclépio.
Jerusalém destruída
Os semitas acreditavam na habitação de deuses ou de espíritos na águas e fontes. A fonte é manifestação da vida divina e, na literatura hebraica, vamos encontrar “anjos das águas” e “anjos dos rios”. A helenização da Palestina, apesar da resistência nacionalista e religiosa ortodoxa, abriu as mentalidades para o exterior e permitiu a implantação de tradições terapêuticas estrangeiras como, por exemplo, aquelas praticadas na Síria cuja influência foi muito forte. Os romanos retomaram e desenvolveram as atividades medicinais religiosas ao redor dos pontos de água. Temos sinais disso: banhos de Bethzatha foram aumentados; banhos de Tiberíades tinham grande reputação; em Gadara, na Decápole cerimônias religiosas, com grande concorrência de público, eram realizadas até o século VI d.C. (PRIETO, p. 20)
A narrativa bíblica em relação a cura de um homem coxo fora das águas da piscina, demonstra que Jesus interrompe uma crença pagã, crença essa que cultuava o semideus Asclépio filho de Apolo, cultuado pelas legiões romanas devido ao estado bélico desse império, os soldados moribundos apelavam para a clemência desse deus-médico para sobreviver às ferocidades das batalhas fato esse comprovado posteriormente pela sobrevivência do culto mesmo após a destruição da cidade após 70 d.C.onde a população de Jerusalém teve cinqüenta por cento da população assassinada pelas legiões e a parte restante entregue aos jogos de gladiatura e a escravidão.
Podemos assim concluir através dos séculos que a construção envolvendo o abastecimento de água com fontes também estava relacionados aos cultos pagãos ligados à cura. O sincretismo religioso iniciado nos primórdios da civilização hebréia em contato com as civilizações da Mesopotâmia foi ganhando força com a dominação dos babilônicos, dos persas e posteriormente dos helênicos assim no século I d.C. a naturalidade dos cultos pagãos de cura milagrosa coexistia com as atividades ligadas ao templo tendo uma forte oposição liderada pelos saduceus[13] que formavam a elite do Templo.
[1] Helenismo expansão da cultura grega pelo oriente difundida no período das conquistas de Alexandre o Grande
[2] Semítico eram povos que vivam no Oriente Médio formado por judeus, caldeus babilônicos etc.
[3] André Leonardo Chevitarese atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Professor Visitante do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Antiga Grega, Romana, Judaísmo Helenístico e Paleocristianismo.
 [4] Trecho da entrevista concedida aos pesquisadores do Centro de Pesquisas da Antiguidade Maurício Santos e Elaine Herrera pelo Professor André Chevitarese postada no Blog CPA em 05 de março de 2010.
[5]Flávio Josefo historiador judeu que viveu no período de 37 d.C. até 100 d.C. general rebelde judeu que se entrega ao general Vespasiano futuro imperador Romano (69 d.C. a 79 d.C.)
[6] Beseta bairro mais setentrional de Jerusalém relação ao monte Beseta.
[7] Agripa I rei da Judéia no período de 41 a 44 d.C. reino de Herodes o Grande reconstituído ao seu neto denominado Herodes  Agripa I por ordem do imperador Calígula e posteriormente por Cláudio.
 
[8] Karen Armstrong historiadora especialista na história do povo judeu Bacharel em Literatura pela faculdade de Oxford na Inglaterra atualmente é comentarista de assuntos religiosos envolvendo as três maiores religiões monoteístas do mundo.
 
[9] Eira de Araruna localizado no Monte Moriá propriedade adquirida através de compra pelo rei Davi pelo jebuseu Araruna.
 
[10] Asmoneus dinastia que governou a Judéia do periodo de 167 a.C. a 63 a.C..
[11] Judas Matatias sacerdote judeu que não inclinou ao intervencionismo selêucida refugiado no deserto e iniciando uma guerrilha contra os batalhões selêucidas que investiam contra os opositores judeus contrários ao helenismo.
[12] Simão Bar Kokhba “filho da estrela” líder rebelde judeu que liderou o povo judeu contra o sincretismo do Imperador Adriano que buscou centralizar o seu domínio tendo como base cultural religioso o helenismo.
[13] Saduceu parcela da população que formava a elite de Jerusalém os membros dessa classe social formava a elite sacerdotal que detinha o poder econômico da Judéia.



Fonte:cpantiguidade

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